Que dia! Tudo parece estar lindo lá fora. Quando abri os olhos às oito da manhã - sério! Eu preciso parar de acordar tão cedo nos finais de semana! - olhei pela janela do meu quarto o jardim do meu condomínio totalmente florido, com o sol refletido no pequeno lago. Eu realmente amo meu condomínio. A forma como eu consegui encontrar esse local também é mais incrível. Os donos do lugar são extremamente rigorosos. Em geral, eles fazem uma entrevista para saber se você é uma pessoa confiável, ou melhor, se é rico o suficiente para manter uma casa bem arrumada, pintada regularmente, que não receba amigos para festinhas até altas horas e que sejam casados ou com relacionamentos permanentes, pois, de acordo com a senhora Margareth, "mulheres que não são casadas ou não tem relacionamentos estáveis são uma tentação para as demais famílias, já que podem representar riscos para os esposos." Eu juro que não sei como em pleno século XXI existem pessoas que pensem dessa forma. Bom, após ela dizer isso, tive que admitir que era solteira (GRAÇAS A DEUS) e que não me encaixava nos padrões daquele condomínio. Ela sorriu e nos despedimos. Fui para o meu apartamento, que era sustentado pelo meu pai e o pai da minha amiga, e lá bebi todas para me distrair. Após umas cinco stelinhas (não sou de ferro, OK?!), recebi uma ligação. Era a senhora Margareth dizendo que naquela semana havia lido uma publicação no jornal que falava sobre jovens com futuros promissores. Eu fui intrevistada e meu rosto estava estampado na página. Ela disse que repensou e viu que seria ótimo receber uma jovem tão inteligente e com tanto ânimo para o trabalho no seu condomínio. Se fiquei irritada? Claro! Se me senti usada como propaganda do condomínio? Claro! Aceitei a oferta? Claro! Por favor, é uma baita casa em um baita condomínio! Não me importo com esses comentários. Aquele era minha primeira casa, comprada com o meu dinheiro, do meu trabalho. Ninguém iria tirar aquela felicidade de mim.
Às onze recebi uma ligação dos seguranças. Um homem estava pedindo para entrar no condomínio. Permiti e fui terminar de passar meu batom. Quando Paul entrou eu estava linda e bela em meu vestido azul bebê que tinha um leve decote, marcava minha cintura fina e se abria em uma saia solta que deixava meu corpo com curvas, mas sem marcar demais. Meu cabelo estava solto com alguns cachos - que tive o trabalho de fazer com a prancha. Sim. Eu me queimei. - enquanto minha maquiagem era leve, basicamente rímel e gloss. Estava me sentindo realmente bonita e quando o vi, agradeci a mim mesma mentalmente por ter colocado aquele vestido. Paul não era um homem qualquer. Ele estava lindo com sua calça jeans azul, uma blusa social/casual bege um pouco justa nos braços (seria um truque para aumentar seus bíceps oi ele realmente era forte?!). Ele era lindo. Aquele rosto perfeitamente desenhado, com aquele sorriso branco, cabelos castanhos brilhantes, com aquela abertura da blusa... Por um minuto fiquei admirando-o. Foi quando ele chamou meu nome, e perguntou se eu estava bem, que eu percebi que já haviam passado dois minutos e eu estava com a mão no queixo olhando pra ele. Como puder ser tão patética. Que vergonha! Respondi que sim, peguei minha bolsa e tratei de sair correndo de casa.
- Foi difícil encontrar o condomínio?
- Não. Na verdade eu já vim aqui outras vezes. Tenho um amigo que mora lá. Ele é casado, têm dois filhos.
- Umm. Que legal! Esse realmente é um bom condomínio para criar uma família.
- E você comprou sua casa com essa intenção?
Quando Paul me fez essa pergunta eu me revirei na cadeira. Como assim? Era essa a ideia que ele tinha de mim: mulher solteira, emprego estável, casa grande e com bela mobília procura homem para relacionamento sério e com possibilidade para gerar pequenos pedaços do céu (só que não!)?! Será que ele pensava que eu havia comprado aquela casa para chamar possíveis candidatos à casamento? Será ainda que ele me achava uma mulher triste por viver sozinha em uma casa tão grande e bela rodeada por famílias felizes e completas? Ou será que eu estava exagerando? Porque não. Aquela definitivamente não era eu. Aquela casa mostrava como eu era capaz de conseguir tudo o que eu quisesse com meus próprios méritos.
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Como não ser aquela garota
RomanceManu é uma mulher bem sucedida, mas que decidiu que para ser feliz precisava ser o total oposto daquele tipo de garota que procura, se apega e se apaixona. Tudo começa mudar quando Paul surge em sua vida. Será que Manu continuará sendo fiel aos seu...