Vencendo Preconceitos

Capítulo VI

Uma semana depois...

Toda vez que eu fecho os meus olhos ou tento me concentrar em algo a única coisa que consigo ver é o último segundo de vida da minha mãe, o exato momento que em seu corpo já não mais possuía vida, tem sido assim desde aquele fatídico dia.

Nós a enterramos dois dias depois de sua morte e foi o velório mais triste que eu já vi. Não havia ninguém de sua família, além de Alexa e eu. Ligamos para os meus avós e eles nem sequer demonstraram tristeza ao ouvir sobre o falecimento da filha, simplesmente ignoraram como se fosse algo sem a mínima importância. Nunca imaginei que diria isso, mas felizmente minha mãe não estava aqui para ver o desprezo de seus pais.

De qualquer forma, mesmo tendo passado apenas uma semana e a dor da saudade ainda queimar dentro do meu peito, eu necessito me reerguer e voltar a normalidade. A primeira coisa que preciso fazer é procurar um emprego, pois já não posso mais continuar dependendo da ajuda de Alexa. Hoje pela manhã tratei de comprar alguns jornais e sublinhei os anúncios de empresas que mais me interessaram, mas confesso que não estou muito otimista que irei conseguir alguma vaga porque, afinal, quem daria emprego para uma pessoa sem nenhuma experiência?

Tento me arrumar da melhor maneira possível e saio cedo de casa, indo de endereço em endereço de acordo com os anúncios, levando várias cópias do meu currículo. O primeiro lugar em que paro é uma loja de roupas de marca, cuja a vaga é de vendedora.

-Olá, meu nome é Carla, no que posso ajudar?

Pergunta uma moça muito simpática e incrivelmente bonita, de olhos azuis, pele clara e cabelos avermelhados, com o uniforme da loja.

-Olá, o meu é Esther. Eu vim porque vi o anúncio no jornal que vocês colocaram sobre o cargo de vendedora. Tem alguém com quem posso falar?

-Tem sim, irei te levar até ela.

No caminho também vejo algumas outras possíveis atendentes, com as características parecidas com as de Carla.

Paramos em frente à porta que contém uma identificação escrito "Diretoria".

-Aqui é o lugar onde são feitas as entrevistas. Você irá falar com a Sara, espero que se saia bem. Boa sorte!

-Obrigada.

Sorrio e ela volta pelo mesmo lugar que viemos, até que a perco de vista. Bato na porta e escuto um "entre" vindo do interior da sala e assim o faço.

-Olá, bom dia. Eu me chamo Esther e estou aqui pela vaga de atendente.

Digo e me sento na cadeira que fica de frente à mesa de Sara, uma bela mulher de pele clara, cabelos escuros e expressão séria.

-Meu nome é Sara e sou eu quem controla tudo na loja. Eu não quero ser rude, mas não acho que tenhamos lugar para você aqui.

-Mas... Eu nem falei nada ainda...

-É, eu sei, mas a vaga já foi preenchida e não temos outro cargo para oferecer por enquanto.

-Ok, desculpe incomodar a senhora.

-Sem problemas.

Me retiro da sala e com certeza meu rosto está evidenciando meu desânimo, pois assim que me encontro com Carla ela já percebe meu recente fracasso.

-Não conseguiu, não é?

-Ela disse que a vaga já havia sido preenchida. - Respondo em um tom calmo, porém triste.

Carla me olha com um olhar completamente confuso.

-A vaga ainda não foi preenchida, pelo menos não que eu saiba.