Dias Que Devem Ser Relevados

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Qual o preço a se pagar por um sorriso?

Recebo minha primeira convidada com um sorriso escancarado. Não me sinto totalmente quebrada, mas me esforço muito para ao menos, dentro do possível, parecer bem.

Mosés insistiu que eu desistisse do jantar em comemoração ao meu aniversário, afinal de contas, tudo o que aconteceu hoje foi o suficiente para nós dois estarmos, no mínimo, arrasados. Mas além de Sêmora ter telefonado avisando que estava vindo, me dei conta de que o sócio de Mosés também se encontrava a caminho, e pareceu muita indelicadeza pedir que eles não viessem. Não apenas isso. O que Antônio Carsson pensaria se soubesse tudo o que aconteceu conosco?

Acima de tudo, tínhamos a reputação de nossa família a ser zelada. Eu nem queria imaginar a cara de Phill ao saber o que havia acontecido em nossa casa. Tivemos não só a nossa vida em risco, mas também a de um inocente e de nossas filhas, bem como Safira e Polônia... Não queria nem pensar nisso.

Levantei e coloquei o vestido que havia separado mais cedo para usar. Mosés pôs uma calça jeans e uma camisa social com um suéter azul por cima. Ele foi ajudar Lupe a cuidar das meninas, enquanto eu me arrumava. Não fiz tanta questão de me maquiar. Estava muito abalada emocionalmente.

Ainda chorava um pouco enquanto secava meus cabelos, mas disse a mim mesma que precisava melhorar, principalmente por minha família, que desejava me ver bem naquele dia.

Quando fiquei pronta, fui até o quarto das minhas meninas e, com mais calma, as arrumei para o jantar que teríamos à noite. Coloquei nelas vestidinhos coloridos e sapatinhos que combinavam, mas antes Mosés me ajudou com o banho de cada uma. Não conversamos como era costume fazermos, mas percebia em seu olhar o receio por toda a situação. Eu sabia que tudo aquilo havia mexido muito com ele.

Não gostava de lembrar do pequeno Cory nas garras de sua mãe drogada, da arma, das ameaças de Viviane. Nós dois passamos por um momento de forte estresse, tensão e medo. Principalmente medo.

Mas me fortalecia mais a cada instante, vendo minhas filhas ali, em meus braços, seguras e bem.

Pedi que Mosés descesse com as meninas para a sala, porém, antes de ir, ele me deu um abraço forte seguido de um beijo, dizendo que me amava e que eu era tudo para ele. Meu marido se desculpou, mas eu me esforcei em deixá-lo saber que a culpa não era dele, e que tudo ficaria bem.

Então fui ao quarto de Safi, onde Cory dormia na cama de Polônia. Ela o medicou depois que eu disse que a criança estava sedada, o colocou na intravenosa e tomou todas as precauções. Segunda ela, Cory ficaria bem. Assim, a enfermeira que já considerávamos da família, recomendou que eu descesse com Safi, pois ela cuidaria de Cory. Eu sabia que o pequenino estaria em boas mãos.

Pedi que Mosés me ajudasse com Safi, já que Ali, que costumava nos ajudar com ela sempre que pedíamos, havia se ocupado em acompanhar a polícia e Viviane. Mosés me disse que sugeriu que ele os acompanhasse. A polícia se encarregaria de providenciar a internação dela em um hospital de reabilitação. Haviam todos os trâmites judiciais, mas não sabíamos, ainda, o que aconteceria dali por diante.

Mosés entregou a arma e a bolsa de Viviane para a polícia, pedindo total discrição sobre o corrido. Ele me disse que havia conversado com Ali sobre tudo, mas não entrou em detalhes, e eu preferia mesmo não saber. Apenas queria aquela louca longe de mim e da minha família.

— Feliz Aniversário, Rainha B.

Volto à realidade com as felicitações, encarando Sêmora, que não veio sozinha. Jammie e Antônio Carsson também chegaram. Antônio vem logo atrás de Jammie e os meninos, subindo os degraus da varanda rapidamente. Recordo-me de Antônio de uma outra ocasião, mas eu o conheço apenas de vista. Nunca tivemos um contato mais próximo.

Garota G.G V - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora