Garota G.G V - DEGUSTAÇÃO

Felicidade

Lupe preparou um banquete.

Safi nos acompanhou no jantar e acabei me distraindo com as piadinhas de Jammie sobre Mosés na época da faculdade, algo tão distante de um homem que nem cheguei perto de conhecer. Segundo Jammie, meu marido era o cara mais cobiçado do campus. Ri muito dele, imitando alguns outros colegas da faculdade. Acho que nesse sentido, ele e Sêmora combinam muito. Os dois são muito divertidos.

Eu adoro nossos amigos.

Também gostei muito do fato de Antônio Carsson ser um rapaz discreto e simpático. Ele sabe como e quando conversar, bem como entrar em um assunto sem ser inconveniente. Ayla sentou-se ao lado dele no jantar e eu o ouvi falar sobre suas origens indianas. Antônio contou que é adotivo e não parece ter problema algum com isso.

Mamãe estava a todo momento me olhando e quando eu a encarava, desviava o olhar, toda envergonhada. Notei que ela e Phill já usam alianças de casamento, então acho que o casamento de verdade será uma mera formalização. A verdade é que espero que ambos sejam muito felizes.

Sei que apesar de todos os erros e falhas, ela faz Phill muito feliz e vice e versa. O passado, para Phill, não importa. Mesmo que de alguma forma isso abale mamãe, acredito que ela esteja definitivamente disposta a reparar tudo. Consequência disso, talvez seja o fato de ela estar reestabelecendo laços com Ayla, coisa que eu também espero que dê certo, pois sei que de todas as envolvidas nisso, Ayla foi a que pagou o preço mais alto. Fora abandonada num lar e adotada por um casal que mentiu para ela a vida toda sobre suas origens. Ela descobriu que era adotada graças a Daamon... outra pessoa que eu ainda não sei bem como abordar.

Não sei como farei para me aproximar do meu pai biológico.

Safi estava sorrindo a todo instante, divertindo-se muito das piadas de Jammie e de Sêmora. O mais incrível de tudo é que agora enxergo em minha cunhada uma beleza que não havia visto antes. Sorrisos espontâneos, olhos brilhantes... Deus sabe que eu não queria esse acidente para Safi, nem vê-la nesse estado. Mas depois de tudo o que houve, ela parece bem mais feliz do que era antes.

Não pelo acidente em si, mas porque vejo que hoje ela tem mais motivos para se alegrar. Safi aprende todos os dias a lidar com suas limitações e isso é incrível. Ela se tornou uma mulher muito bonita aos meus olhos e aos olhos de todos, desse jeito. Sua forma de ser, cativante e doce, algo que a antiga Safira não demonstrava. Mesmo que Mosés tenha me dito diversas vezes que ela sempre foi um amor, antes eu não acreditaria.

Prefiro não pensar que foi por causa daquele demônio que ela ficou assim...

—Vocês estão dando conta do recado, então!

Olho para mamãe, ao ouvir sua voz. Ela ajuda Lupe a tirar a mesa, onde acabamos de comer. Acho que agora Lupe vai pegar o bolo para cantar parabéns e comermos de sobremesa.

— Sim.

— Elas engordaram bastante! —Ayla segura Sahara. — Essa aqui, então...

— Sahara gosta de mamadas longas — explico, vendo minha pequena sentadinha no colo de Ayla.

As meninas estão em seus carrinhos, perto de Phill, mamãe e Ayla. Estamos eu, Antônio, Sêmora e Jammie de frente para eles. Mosés no lugar do chefe e Safi na outra ponta da mesa, em sua cadeira, Faith próxima a ela.

— Ela também gosta de banhos mais longos — Mosés fala e toca a minha mão em cima da mesa — e nos molha muito, não é, Bê?

— Ela é inconformada — reclamo, derretida.