Reencontros

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Não sei como as pessoas esperam que eu me sinta em relação à mamãe.

Claro que eu sei que mais ninguém agiria feito robô perto dela e de Phill. Ele tem uma luz própria incrível e forte. Isso me abateu quando eles chegaram. O meu sogro me abraça e sorri para mim. Ayla veio com eles, e percebo logo de cara que, ela e mamãe estão mantendo um bom relacionamento. Sento-me, ainda meio estranha. Ver mamãe depois de tanto tempo me deixa meio aérea.

Phill me aperta tanto que me sinto sufocada. Não sei se por nervosismo de rever mamãe ou pelo momento que passamos mais cedo.

Ela me olha como se visse um fantasma e parecendo prestes a chorar. Vejo Faith se aproximando e indo abraçar Mosés. Eu não sabia que ela era tão afetuosa, mas quando percebo que Mosés a espreme com força, tenho certeza de que ele teve muito medo de não ver mais Faith.

Não quero nem pensar no terror que vivi mais cedo. Acho que Mosés também não. Ele não suporta a ideia de que algo ruim pudesse ter acontecido comigo, nem eu com ele, mas acho que ele tem a mesma sensação ruim, de que talvez não fosse mais ver ninguém de sua família. Mais ninguém que nós amamos.

Então aperto mais um pouco Phill e ele se afasta com um sorriso imenso nos lábios, segura as minhas faces e me fita.

— Feliz aniversário, B!

— Obrigada, Phill.

Mamãe me olha de cima abaixo, se aproxima e me estende uma pequena caixa branca com laço cor de rosa. Ela está sem graça.

— Obrigada.

Não sei como agir. Tenho que falar alguma coisa?

Imaginei que seria pior reencontrar mamãe depois desses meses, mas depois do que passei hoje, eu nem sei mais como me sentir. Claro, estou meio tensa. No entanto, tudo parece mesmo insignificante.

— Você está mais... magra.

Não acho.

— Eu estou bem. Sente-se.

Sêmora já está cumprimentando Faith. Ela trabalha na Handerson agora. Nem sei em qual setor, mas acho que elas já se conhecem bem. Safi ainda não conhece Faith pessoalmente, e vice e versa.

Acho que Mosés não contou ainda para o Phill — que o abraça nesse instante — sobre o ocorrido. Mas meu marido já age diferente, apertando o pai com tanta força que a cabeça do meu sogro fica vermelha feito um tomate.

— Calma, filho. Poxa!

— Mosés está carente — caçoa Jammie, sem perder a chance.

Faith se senta no sofá ao lado de Antônio, e Safira a segue com o olhar. Mamãe cumprimenta Safira, desviando sua atenção, ao passo que Ayla se aproxima e me estende uma sacola dourada.

— Parabéns, Ana. Muitos anos de vida.

Sorrio e aceito.

— Obrigada, Ayla.

Acho que Ayla e eu temos o que podemos de chamar de "conexão". Quando nos fitamos, sorrimos uma para a outra e nos abraçamos. Eu gosto dela. É minha irmã, então não vejo o porquê de não lhe dar um pouco de carinho e atenção.

Sento-me no sofá e Mosés volta, ao lado de Phill. Todos se acomodam. Não sei nem porque, mas não fico surpresa com o fato de o marido de Ayla não ter vindo. O curioso é que ela nem usa aliança.

Safi está olhando para Faith, bem como Phill.

— Faith, esses são o meu pai, Phill, e a minha irmã, Safira. Papai, Safi, essa é a Faith, uma... amiga.

Meu esposo tem medo de que não seja o momento certo, mas sei que em breve ele contará tudo para Phill e Safi.

— Minhas princesas...

Mamãe mal vê as meninas e já vai para cima, assim como Phill. Ela começa a chorar quando pega Sophie no colo. Nunca a proibi de vê-las, mas acredito que mamãe tenha se afastado mais por medo da minha reação e por receio de um rompimento definitivo.

Ambas estávamos muito machucadas com os acontecimentos.

— Eu não tive tempo de comprar um presente — Faith fala, encolhendo os ombros —mas comprei um chaveiro, só que esqueci lá em casa.

­— Não tem problema — tranquilizo-a, sorrindo.

Mamãe paparica as meninas. É nítido que ela sentiu muito a falta das minhas filhas.

— Vem aqui, Bê — Mosés fala baixinho no meu ouvido e segura meus quadris.

Sorrio, um pouco constrangida. Ele gosta que eu sente em seu colo quando estamos juntos. Sêmora e Jammie estão no sofá que fica de frente para o nosso, Antônio à direita deles. Ignoro a vergonha.

Eu não preciso ter vergonha, penso. É normal para Mosés que eu sente em seu colo.

­— Obrigado por terem vindo — meu marido diz. — É uma data importante para nossa família, o aniversário da minha esposa. Fico muito contente em tê-los aqui.

— Palabéns pla Ana! — Safi comemora, toda feliz.

Sorrio.

— Ela fala igual a minha irmã — Antônio comenta, atento a Safi. — Ela falava desse jeito.

— Safi está recuperando-se aos poucos do acidente que sofreu — explico. — Ela está reaprendendo a conversar.

­— Claro. Entendo. — O rapaz sacode a cabeça. — Com todo respeito.

Sêmora engata um bate papo sobre a empresa e as mudanças, Mosés me abraça com carinho e me beija o ombro.

—Te amo.

Eu sei que sim.

E estamos a salvo e em segurança, bem, graças a Deus.

Agora nos resta apenas tentar ter uma noite agradável com nossas famílias.




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Garota G.G V - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora