SEXTA-FEIRA, 23:14
— Será que o meu coração realmente tinha amado até agora? Pois eu nunca vi beleza tão pura até esta noite.
Os olhos azuis de Louis abrem-se após alguns instantes de silêncio, ansiosos. Na quietude do apartamento que dividem há quase dois anos, os únicos sons neste momento são carros passando de tempos em tempos pelas ruas próximas e o ponteiro de segundos do relógio na parede da cozinha. Ele tira os papéis que segura da frente do rosto, dobrando-os de leve com o indicador, e encontra o olhar de seu amigo.
— Diga alguma coisa, por favor — insiste, tombando a cabeça para o lado. — Não vai me fazer passar vergonha na frente de todo mundo, né? Está tão ruim assim?
Nervoso, o garoto dos olhos azuis arqueia as sobrancelhas, em expectativa. Ele inclina o pescoço, brincando com a barra de sua larga camiseta de pijama, que é na verdade uma das blusas de algodão manchadas de tinta a óleo que Harry usa para pintar. Louis gosta de dizer a si mesmo que pegou para ele esta camiseta porque o tecido é confortável, mas no fundo sabe que gosta de ter um pouco do outro por perto.
— Louis, eu... — o amigo gagueja, correndo os dedos pelos cachos ainda úmidos do banho.
— Diga alguma coisa, Harry Styles! — Louis exclama num tom mais alto, agitando os braços. — Como ficou?
Como se acordasse de um sonho, Harry balança a cabeça e ergue as sobrancelhas, rindo suave ao olhar diretamente para o outro.
— Acho que, se vivêssemos na década de noventa, você seria escolhido para fazer o papel de Romeu em vez do Leonardo DiCaprio.
Louis encara o outro com semblante irritado, fazendo uma careta.
— Eu vou passar vergonha amanhã, não é? — pergunta, respirando agitadamente. — Vamos lá, pode falar, eu não ficaria chateado.
— Não, você não vai passar vergonha! — Harry fala rindo, incrédulo pela teimosia do outro. — Os outros atores é que vão passar vergonha por não serem tão bons quanto você.
— Não minta para mim só para me deixar feliz, okay? Isso é muito importante, e eu sei que terão olheiros lá. Cinema, Harry! Já pensou? Você sabe o quanto isso significa pra mim.
Após uma pausa, os lábios de Harry curvam-se num sorriso carinhoso. Ele suspira e olha nos olhos do amigo.
— Você é o melhor ator que eu conheço, Louis — diz, descruzando os braços e apoiando as mãos no balcão atrás de si. — Me deixou sem palavras.
— Seja sincero.
— Eu sempre sou sincero! — assegura, dando de ombros e sorrindo.
— Não é, não — Louis retruca. — Você só fala as coisas que eu quero ouvir porque você é uma boa pessoa, mas eu preciso que me fale a verdade.
Revirando os olhos, o garoto dos cachos impulsiona-se para frente, contornando o amigo e indo em direção à fruteira.
— Eu nunca mentiria para você, principalmente sobre isso, Lou — diz calmamente, descascando uma banana. — Eu sei que é importante para você. Você devia ter um pouco mais de confiança em si mesmo, porque é muito bom no que faz.
— Eu sei que devia, eu sei disso! — Louis resmunga, soltando as folhas do roteiro na mesa e cruzando os braços. — É só que... sabe, essa coisa de "esta é sua grande chance, Louis", "não nos decepcione, Louis", "Louis, estamos contando com você"... essa coisa toda é demais pra mim, entende? Eu não sei se consigo.
Harry apenas olha para o outro, novamente apoiado no balcão. Seus olhos verdes têm um brilho único, e é nisso que Louis se prende por um momento. Assim que termina de comer, o garoto dos olhos verdes vira-se, joga a casca da fruta no lixo e aproxima-se do outro, suspirando e cruzando os braços. Para bem ao seu lado, e seus ombros roçam levemente.
— Amanhã a noite, eu estarei na primeira fileira daquele teatro, e você estará com um puta sorriso no rosto saindo detrás daquela coxia, Louis, porque você é foda e sabe fazer o que ama. As luzes assustam um pouco, e talvez você se sinta inseguro, mas eu estarei lá, torcendo por você — ele diz, erguendo o ombro para cutucar o amigo. — Mas, caso você não queira ou não consiga fazer isso, eu estarei lá para te dizer que está tudo bem.
Louis respira fundo, tentando manter a expressão neutra, mesmo que tudo isso tenha feito com que seu coração batesse aos tropeços.
— Você vê o lado positivo nas coisas, Harry. Acho que não te mereço.
Harry balança a cabeça negativamente, virando o corpo e ficando de frente para o outro.
— Não sou sempre assim. É o seu efeito sobre mim.
-x-x-x-
e aí? rs
VOCÊ ESTÁ LENDO
home / larry stylinson
FanfictionHistória feita para o Desafio 1000 (@LarryIsMyHome) 987: A serenidade de perceber que não gostaria de ser ninguém além de si mesmo - Na qual Louis sente-se em casa estando ao lado de Harry.