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DOMINGO, 00:21

Louis esteve encarando o teto de seu quarto desde que deitou na cama. O aparelho de som toca num volume baixo alguma música que foi esquecida nos anos noventa, e o garoto balança os pés no ritmo da batida. Está relativamente frio, mas ele simplesmente deitou-se sobre o cobertor e ficou ali.

Não consegue pensar em palavras, mas as imagens de seus lábios nos de Harry dançam em sua mente desde o momento em que o beijou — ele nem sequer prestou atenção no resto do filme. Ele quer falar, mas não sabe exatamente o quê. Seu coração bate aos trancos e é impossível não questionar se aquilo realmente significou tanto quanto pareceu.

Tomado por curiosidade e culpa, Louis levanta-se e passa pela porta, indo em direção ao quarto de Harry.

Chegando lá, encontra a porta aberta. Esticando o pescoço, Louis vê o amigo de pernas cruzadas na cama, os óculos pendendo na ponta do nariz e um travesseiro no colo, servindo de apoio para o livro que lê com as sobrancelhas franzidas.

— Hã... Harry?

Surpreso, o maior vira-se para o outro.

— Olá.

— Eu posso... — Louis hesita, mas mentalmente bate na própria cara. — Posso falar com você um pouquinho?

Por um momento, tudo o que se ouve é o silêncio, mas então Harry sorri e assente.

— É claro.

O dos olhos azuis caminha até a cama do outro, sentando-se na beirada do colchão macio. Ele fita o chão e, quando finalmente olha para o amigo, encontra este esfregando os olhos e deixando o livro e os óculos na mesa de cabeceira.

— Harry, eu só queria me desculpar. De verdade.

Louis entrelaça os dedos e tenta concentrar-se neles, rezando para que sua voz não falhe.

Harry apenas o encara, com semblante calmo, esperando que continue — e ele o faz:

— Você tinha trabalhos para fazer, provas para estudar, e ainda assim gastou seu tempo comigo, lendo e relendo as falas dos outros atores, criando cenas, me ajudando a ensaiar e me ouvindo reclamar de tudo — ele enche os pulmões, a respiração trêmula, e sente o olhar do outro sobre si. — Me desculpa por te fazer... ouvir todos os meus dramas e todas as merdas que eu falo. Eu prometo, de verdade, que vou guardar as coisas pra mim mesmo, o máximo que eu puder.

— Louis, está tudo bem.

— Não, não está! — Louis exclama, esfregando o rosto na tentativa de conter as lágrimas que ameaçam escorrer. — Eu queria que estivesse, sabe? Mas está tudo virado de cabeça para baixo.

Sua garganta dói pela pressão, mas ele não se entrega. Ao que ergue o rosto, as lágrimas escapam-lhe dos olhos involuntariamente, molhando suas bochechas.

Harry continua em silêncio.

— Hoje foi um dia confuso, eu nem sei o que aconteceu direito — o menor diz. — Eu esperava tanto, você sabe disso. E-eu queria tanto, tanto que desse tudo certo, Harry, mas no momento em que eu senti o calor daquele holofote, eu congelei. Aquilo podia ser o meu futuro, porra, e eu estraguei tudo. Quando vou ter outra chance como aquela? Provavelmente nunca. Nunca mais.

Tombando a cabeça para o lado, o dos olhos verdes aperta os lábios um contra o outro, e as covinhas aparecem brevemente no rosto.

— Me desculpa — Louis repete, os olhos avermelhados e marejados. — Estou fazendo de novo, né? Ocupando seu tempo com meus dramas desnecessários. Que merda, Harry, me desculpa.

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