|0.9| Library

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O destino é de fato um cretino.

Eu não sei o que eu estou fazendo, de todos os anos da minha vida, esse foi, de longe, o mais estranho e bizarro de todos.

Se alguém me dissesse que eu pararia preso em uma biblioteca com Nathaniel logo após ele me dar um dos melhores boquetes de toda minha vida, eu provavelmente não acreditaria.

E, por ironia do destino, aqui estou eu, preso com Nathaniel.

Ele está estranho, não está ao menos olhando para mim, o que torna isso automaticamente estranho por não ser estranho. Sempre fomos assim, nunca nos olhávamos na cara um do outro, exceto se fosse para arrumar briga, e agora, nós nos beijamos e trocamos boquetes. Conseguem entender o quanto isso é confuso?

Onde infernos eu fui parar?

Se Deus existe, provavelmente está rindo de mim.

A vida não está sendo gentil comigo, está sendo um dos piores anos de toda minha vida, eu não consigo tomar a porra de um banho sem que eu não chore igual um idiota (o que de fato eu sou), eu me sinto a porra de um babaca quando começo a sentir falta dos meus pais, que provavelmente não estão nem aí pra mim, eu perco o controle total, eu bebo, fumo e não passa, mas é só eu pensar nele... Nathaniel me enlouquece, me deixa sem chão, eu o odeio. Odeio a forma como ele me faz sentir tão vulnerável, odeio com toda a porra das minhas forças, eu quero socá-lo toda hora e ao mesmo tempo quero bater em todo mundo que ouse machucar ele, eu não consigo me entender, eu não sei o que eu estou sentindo, eu só quero ter um pouco de paz, é tão difícil assim? Meus próprios sentimentos me sufocam, me deixam a flor da pele, me fazem dizer coisas que eu não quero, fazer coisas que eu não quero, mas de qualquer forma eu faço. É como se eu perdesse o filtro entre o cérebro e minha boca, isso acontece precisamente quando Nathaniel está por perto. É como se eu ficasse cego, de olhos abertos, observando cada um de seus movimentos, sem conseguir distinguir se eu quero socá-lo ou beijá-lo, isso tudo é uma droga!

Eu sei que ele me odeia tanto quanto eu o odeio, mas por que, no final do dia, estamos juntos aqui?

"Para de chutar essa porra! Não vai conseguir abrir!" Exclamo irritado com todo barulho que Nathaniel estava fazendo tentando abrir a porta.

"O que porra você quer que eu faça, droga?" Ele responde irritado e frustrado, se sentando ao meu lado, finalmente me olhando.

Ele passa as mãos no cabelo com força, mantendo a cabeça baixa entre seus joelhos.

Permito-me o observar por breves segundos. Ele está tão fudido quanto eu.

"Você está bem?" Por que estou perguntando? Por que estou me importando, porra? Eu... eu não deveria estar fazendo isso, nós estamos nos afundando, chegamos longe demais com isso, mas eu não posso evitar, eu não consigo controlar meus impulsos, principalmente quando se trata dele.

"Ha, serio mesmo?!" Ele me olha incrédulo "Claro que não, porra. Eu estou fudido, estou na merda e ainda por cima estou preso com você nesse inferno!"

"Não fale como se fosse culpa minha, porra! Eu nunca escolhi ficar preso com você aqui"

"É claro que foi sua culpa!" Ele bufa "Você-você me fez perder a hora!"

"Sério mesmo, porra?! Você tem tanta culpa quanto eu! Foi você que estava me chupando!" Exclamo alto e Nathaniel cora.

"Vá se foder, seu babaca! Meu pai vai me matar! Eu estou fodido" Ele lamenta, com cara de quem vai chorar, admito que fez meu coração se apertar.

"Serio que essa é a porra da sua preocupação?! Seu pai?"

"Você não entende! Você nunca entende! Você ao menos tem a droga de um pai"

Crash and Burn ↪ Amor Doce  (Castiniel) (CasNath)Onde histórias criam vida. Descubra agora