{Camila's point of view}
Dois dias se passaram desde que eu conheci a nova cientista Lauren. Ela parece ser atenciosa e principalmente, parece ser a única pessoa em que eu posso confiar aqui. Lauren Jauregui tem pensamentos tão incríveis. Eu juro que tento me controlar e não ficar bisbilhotando a sua cabeça toda hora, mas eu quero saber sobre mim. O que ela pensa, qual conclusão ela já chegou.
As vezes ela me visita aqui, junto da colega dela, a doutora Dinah. De manhã, de tarde e de noite acontecem os chamados turnos onde todos os médicos e cientistas responsáveis pelo meu caso vem me fazer uma visitinha. É claro que eu acredito que eu não sou a única a ser estudada aqui. Já ouvi pensamentos, vindos da tal da N.K., sobre um elemento AZ36.
São muitos segredos guardados aqui dentro. E de alguma maneira, quando tem pessoas demais dentro de um só lugar, eu não consigo me concentrar apenas em uma só pessoa. Então parece que são várias vozes gritando dentro da minha cabeça. Eles já perceberam isso, foi daí que surgiram os turnos. O que eles ainda não entenderam é que, se eu manter contato visual com apenas um deles, consigo me concentrar somente em seus pensamentos. Como se só existisse aquela pessoa e eu dentro da sala. Mas é claro que isso quase nunca acontece, sou tratada feito um lixo, ninguém olha nos meus olhos, muito menos dirige a palavra a mim.
Já estava quase na hora de outro turno. Não tinha acesso a nenhum relógio, mas depois de tanto tempo aqui dentro, comecei a me acostumar com horários, pessoas, saber distinguir dia e noite - apesar de nunca ter visto o sol nascer e nem se pôr.
- Boa tarde, CX35 - sorriu Dinah
- Você pode me chamar de Camila as vezes. - respondi. - Cadê a doutora Lauren?
- Por que o interesse?
- Não tenho nenhum interesse. Apenas perguntei.
- Lauren virá mais tarde coletar seu sangue. Eu só vim ver se estava tudo bem.
- Sim, tudo ótimo.
- Alguma alteração no seu organismo?
- Só uma extrema falta de vitamina D porque eu não tomo sol faz uns trezentos anos.
- Como se a sua dieta não fizesse seu organismo consumir todo tipo de vitamina necessária.
- Eu só estou cansada, tá bom? Eu já li vários livros, já fiz tantas coisas. Eu não vou fugir, só quero poder respirar ar puro.
- Esse tipo de coisa não funciona comigo, CX35. Tenta com a outra. - Dinah sussurrou perto da minha orelha para que o segurança não ouvisse.
Meu corpo gelou enquanto Dinah saía do quarto. Precisava ser mais cautelosa na hora de pedir ajuda a Lauren, talvez ela mesma tenha contado que esteve aqui. De qualquer maneira, foi algo que me pegou de surpresa.
Esperei o resto do dia pela coleta de sangue que a Lauren iria fazer. Ficar sozinha com ela de novo seria algo tão bom para mim.
- Você não dorme? - disse Lauren ao entrar na sala.
- Não muito. - respondi.
- Não sente sono?
- Também não. Eu não tomo sol, eu quase não durmo. Sou meio vampira.
- Sério? - ela disse espantada.
- Não. - respondi rindo. - Eu só fico acordada as vezes, meu sono é muito desregulado. Principalmente nos dias em que eles me sedam.
- Entendi. Vim pra coletar seu sangue. - ela se aproximou enquanto abria o pacote da agulha descartável.
- Cadê o seu segurança?
- Ah, segurança é uma escolha de cada cientista, eu escolhi confiar um pouco em você. - sorriu
O clima estranho se fez presente depois do comentário de Lauren. Ela disfarçou e eu também. Entrei em seus pensamentos e para minha surpresa, Lauren pensava em mim.
- Posso te perguntar algo?
- Claro.
- Como acontece o amor?
- O quê?
- Cientificamente. O que é o amor?
- Ah, nós nos apaixonamos por meio do cérebro, e não pelo coração como todo mundo acha. O contato, por mínimo que seja, ativa diversas áreas do cérebro, e isso não necessariamente é associado só ao amor, mas também a outras coisas.
- Tipo o quê? - questionei.
- Por exemplo, a oxitocina é responsável pelo sentimento de proximidade. Também é responsável por você se apaixonar. - ela disse - A oxitocina junto de outro hormônio, estimula a liberação de dopamina. Que acabam sendo responsáveis pelo prazer, vício, dependência, desejo.
- Você já desejou alguém, Lauren?
- A-ah, isso não é interessante, não é mesmo?
- Eu li uma vez que o cheiro é um estímulo, para que a gente se apaixone. - disse me aproximando.
- Sim.
- Não necessariamente precisamos conhecer a pessoa há tempos. Só precisamos de segundos.
- Camila. - Lauren disse em quase um sussurro.
- A gente só precisa de alguns segundos. Até o cheiro da pessoa é capaz de nos dar a sensação de paixão, desejo. - respondi respirando fundo próximo do pescoço de Lauren.
- Eu realmente preciso do seu sangue. - ela firmou e eu me afastei.
- Desculpa, eu só queria...
- Só queria o quê? Você é o meu trabalho. Não confunda as coisas. Eu não sou sua amiguinha, muito menos algo além disso.
- Ok. - respondi enquanto sentia a agulha perfurando a minha pele.
Eu apenas virei o meu rosto para que não fizesse nenhum tipo de contanto com a doutora. Nunca soube o que é o amor, muito menos o que é o desejo. Nunca senti isso na pele, mas já vi em filmes, já vi em livros. Uma vez ou outra tenho a oportunidade de fazer isso. E graças a isso, eu podia jurar que Lauren me olhava com algum tipo de desejo.
- Obrigada pelo sangue. - ela se levantou. - Até mais tarde.
- Tchau. - respondi.
Não quis saber o que ela estava pensando naquele momento, até porque o meu medo de ouvir palavras de ódio era mil vezes maior do que a minha curiosidade em saber se ela estava falando a verdade ou não.
Lauren Jauregui despertava algo em mim. Eu nunca parei para pensar em gostar de alguém, ou em sentir algum tipo de afeto. Mas tinha algo naquele olhos que me fazia entrar em transe. E uma grande parte de mim deseja que ela sinta o mesmo.
Não sei exatamente o que significava isso, essa vontade ou essa coisa de desejo, mas eu sei que algo está começando a acontecer. Eu tenho certeza disso.
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Science 💉
أدب الهواةFICÇÃO•CAMREN 💉 +18 Lauren Jauregui é uma famosa cientista contratada para estudar uma anomalia, a CX35, ou apenas Camila. Um tipo de ser humano capaz de desenvolver coisas jamais vistas antes. Após passar dias e noites ao lado de Camila, a cientis...