Capítulo 4.

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  Devido ao fuso horário acordei às 15:45 da tarde. Bárbara já estava de pé e tomando banho. Levantei da cama com muita preguiça e fui até a varanda. Aqui realmente é muito lindo.

-Bom dia Sophi! - disse Bárbara saindo do banheiro com uma toalha nos cabelos.
-Boa tarde né?! São quase 16:00 horas. - eu disse rindo.
-É amiga dormimos demais. - ela disse pondo sua calça jeans enquanto eu ia para o banheiro.

**********

   Estávamos a andar pela Torre de Londres e tomando um sorvete. O dia estava perfeito para uma caminhada. Ríamos e nos divertíamos o caminho todo. Porém estava na hora de eu finalmente contar para ela o que a tinha prometido.

-B, preciso te contar uma coisa. - eu disse parando de andar e sentando em um banco.
-O que aconteceu? Você está grávida? - disse ela quase gritando.
-Não vagabunda! Fala baixo, não tem ninguém grávida aqui. - eu disse tampando a sua boca.
-O que houve então? - ela disse rindo.
-À quatro anos atrás eu fui sequestrada por um homem, e na época eu namorava com um menino, e nesse sequestro ele foi assassinado. Com sorte consegui fujir de lá. - disse lembrando do dia. - Mas à dois dia, antes de eu ir para a sua casa, eu recebi uma carta de alguém dizendo que iria voltar e fazer a minha vida um inferno, e ontem eu recebi uma ligação de um número desconhecido mas ninguém disse nada. - eu disse suspirando. - Eu não faço a mínima ideia de quem possa ser.
-Sophi, eu não imaginava. Foi por isso que você estava daquele jeito no avião? - ela disse me olhando.
-Mais ou menos. No dia do sequestro, o homem que tinha me prendido la, não parava de rir do meu desespero, ele estava rindo de deboche. E no avião eu reconheci a sua risada. - eu disse derramando uma lágrima. - Eu fiquei assustada e com medo de que ele volte. - eu disse chorando.
-Amiga, vai ficar tudo bem. Eu farei de tudo para este homem nunca toque em um fio de cabelo seu. - ela disse me abraçando.

   Resolvemos ir para o hotel descansar até a hora do jantar.

**********

   Levantei da cama, olhei no relógio e já ia dar 20:00 horas. Bárbara havia dormido na metade do filme, ela estava quase caindo da cama. Ri do seu jeito desengonçado de ser.

  Como já tinha tomado banho, apenas troquei de roupa, passei uma maquiagem leve e soltei os cabelos.
Acordei Bárbara e fiquei vendo TV enquanto ela se arrumava. Após terminar, pegamos nossas bolsas e descemos.

**********

   Chegamos no restaurante e sentamos na mesa em que tínhamos reservado. Ficamos conversando até o garçom aparecer.

-Boa noite! O que as senhoritas desejam? - disse o rapaz moreno e alto, com seu cabelo em um topete e cheio de tatuagem.
-Hm... Eu acho que vou querer um Roast Beef. - eu disse sorrindo.
-E a senhorita? - disse sem desviar o olhar do papel em que anotava os pedidos.
-Vou querer o mesmo. - Bárbara sorriu.
-E para beber? - disse  o garçom.
-Vamos querer um Silver Bay Point vermelho, por favor.  - a mesma disse enquanto eu me segurava para não rir.
-Ok, eu já volto com o pedido de vocês. - ele disse e saiu.
-Amiga, você precisa praticar mais. - não aguentei e comecei a rir.
-Sai piranha, você sabe que eu nem faço questão. - ela disse emburada.

   Bárbara e eu somos colombianas, porém moramos em Miami a muito tempo. Ela realmente não faz questão de aprender inglês, já eu, fui obrigada quando meus pais se mudaram para Miami muito antes de eu conhecer a Bárbara. Não durou muito e voltamos para Colômbia, mas após a nossa escola fechar, voltei para Miami.

-Amiga, o que você vai fazer em relação à carta e ao telefonema? - disse Bárbara com uma certa preocupação.
-Sinceramente? Eu não sei. Acho melhor deixar pra lá - eu disse cansada. - Talvez possa ser uma brincadeira estúpida de alguém.
-Enfim - falou mudando de assunto. - Lá vem a nossa comida. - disse animada.
-Você é magra de ruim menina. - eu disse rindo.

   O garçom se aproximou da nossa mesa, começou a nós servir e logo em seguida saiu. Percebi que ele havia esquecido um papel na mesa. Mas quando eu ia levantar para devolve-lo, me dei conta de que ele não havia esquecido. Ele havia me dado: "Da próxima vez que você me reconhecer, vai ser da pior forma."

  Levantei desesperada da mesa indo atrás do garçom. Entrei em uma sala cheia de panelas, onde ele tinha entrado, porém, eu estava sozinha. Ele tinha simplesmente desaparecido. Me assustei ao sentir uma mão em meu ombro e olhei para trás um pouco receosa.

-Ei Sophi. Pq saiu desesperada daquele jeito? - disse com preocupação.

Entreguei o papel para ela e me encostei na parede esperando a sua próxima reação.

-Isso é o que eu estou pensando? - disse me olhando. Apenas concordei. - Que merda Sophia! Nós temos que ir até a polícia.
-O que? NÃO! - levantei com água nos olhos.
-Oi? Por que não? - falou incrédula.
-Porque não! Ele vai querer vir atrás de mim. Até mesmo de você! - falei derramando uma lágrima.
-Amiga, eles irão te proteger. -disse me abraçando. - Além do mais, o que esse cara quer? Você nunca fez nada para ele, e eu então, nem conheço o sujeito.
-A única coisa que eu sei é que eu ficar bem longe dele. - sai da sala e fomos para a nossa mesa.

  Nós quase nem conversamos durante o jantar, estávamos preocupadas demais com quem havia me entregado o papel. Se ele ainda poderia estar ali, nos observando.

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