Capítulo 5

1 1 0
                                    


A cerca de mais de uma semana atrás minha vida começou a mudar, ou melhor dizendo, eu comecei a mudar. Agora mesmo eu estou tomando sorvete com uma garota que eu mal conheço, algo que eu nunca me imaginaria fazendo. E ao contrário do habitual eu me sinto extremamente inquieto, desconfortável. Não importa quantas vezes eu visse o sorriso estampado no rosto dela ele me passava uma sensação estranha como se eu estivesse dizendo a mim mesmo para se afastar, mas mesmo se eu quisesse ela sempre me puxa de volta. É um sentimento tão estranho que não seria apropriado o chamar de "felicidade". Por conta dos meus amigos me perturbarem, neste exato momento várias coisas estavam passando pela minha mente, várias coisas desnecessárias. Eu nunca desejei ter uma namorada antes e agora esse pensamento não sai da minha cabeça, como se tivesse sido implantado. Em contrapartida a pessoa do outro lado da mesa estava totalmente despreocupada comendo sorvete as minhas custas.

-Esse sorvete e delicioso. – Disse ela.

Amber estava comendo um sorvete de abacaxi misturado com alguma coisa, que eu acreditava ser morango.

-É claro que é. É de "graça". – Falei.

Amber ficou com uma expressão como se estivesse com raiva.

-Você que se ofereceu a pagar.

-Isso não significa que deveria pedir um dos mais caros e uma das porções mais grandes.

-Já que é assim, eu vou pedir mais dois para viagem.

-Nem pense nisso!

Amber começou a rir.

-Você é sério demais.

-É... Eu sei.

Eu fiquei um pouco irritado com o comentário dela, porém não realmente. Amber que estava distraída comendo sorvete der repente uma expressão de desespero surgiu em seu rosto.

-Esqueceu algo? – Perguntei.

-Mas é claro! As nossas coisas ficaram na biblioteca!

-Não precisa se preocupar com isso, eu pedi para a bibliotecária cuidar das nossas coisas enquanto saímos.

-E por que ela faria isso.

-Sabe, algumas pessoas são legais e gostam de ajudar os outros em vez de explorar.

-Ei! Além disso quando você a pediu?

-Quando certa pessoa estava no mundo da lua pensando em sorvetes, antes de me arrastar sem pensar duas vezes e deixar nossas coisas para trás para serem pegas por alguém. E mostre pelo menos alguma preocupação séria e para de comer sorvete um pouco!

-Mas ele vai derreter!

-Você já comeu ele todo!

-Aé... Verdade.

-Jura?

-Você fala como se eu comesse muito.

Eu preferi não responder. Fui terminar de comer meu sorvete e quando e peguei uma colher um pensamento veio à tona a minha mente e dois segundos depois o rosto de uma certa pessoa estava em frente ao meu com uma bela expressão inocente enquanto roubava meu sorvete.

-Ei! – Falei quase gritando.

-O que foi? O sorvete estava derretendo, eu apenas comi antes que caísse já que você estava no mundo da lua.

-Além de roubar meu dinheiro ainda rouba meu sorvete, eu realmente fiz uma bela amizade.

-Não me chame de...! Pera, amiga?

Ela parecia muito surpresa.

-Hã...?

-Nada! É só que eu pensei que você me odiava.

-Não é como se eu não te odiasse, mas também acho que não e para tanto.

-Você não é nem um pouco gentil.

-Obrigado pelo elogio.

-Isso não foi um elogio!

Ela parecia estar bastante irritada e roubou todo o resto do meu sorvete, comendo tudo de uma vez. Dessa vez eu não me irritei só a observei até que ela fez uma expressão de dor e começou a esfregar a cabeça.

-Dói, não é? – Eu disse – É o preço da culpa.

-Meu cérebro esta congelando!

-Mas é obvio...

-Droga, seu chato.

-Eu que deveria estar irritado, foi você quem roubou meu sorvete. E meu dinheiro aliás...

Ela começou a me encarar e riu o que me deixou absurdamente confuso.

-É realmente estranho. – Ela disse.

-Eu sei que sou estranho.

-Não, não é isso. É que eu nunca me senti tão á vontade com uma pessoa antes. Eu me sinto muito bem interagindo com você.

Amber deu um honesto sorriso com a cabeça baixa enquanto tentava não olhar para mim, o que me fez ter um sentimento que nunca pensei que eu poderia ter. Por reflexo eu acabei desviando o olhar para longe dela.

-Se você estiver tentando dar em cima de mim, pode desistir. Eu vou ir à falência.

Ela aparentemente ficou envergonhada.

-Você é muito chato!

Ela estava me encarando com o rosto vermelho e um pouco irritada, dessa vez de verdade.

-Parece que eu não tenho escolha, vou pedir mais sorvete.

Eu nem precisava olhar para ela para sentir a felicidade transbordando em seu rosto, apenas ouvi em silencio Amber comemorar e sem nem eu mesmo perceber um pequeno sorriso se formou em meu rosto.

Um curto ComeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora