Depois de uma semana fora acredito estar pronto para procurar um deles novamente.
Homens.
Algum descente pelo menos, mesmo se for apenas para uma transa.
Para esquecer...
Uma mulher.
Não me esqueci do rosto dela. Provavelmente nunca mais irei. E eu nem sei quem é a puta. Ela era velha, eu nem sabia que ele gostava de mais velhas.
Esquecer, é isso que venho tentando fazer nos últimos tempos. É difícil, já sai de Crinctown e voltei para Burksville, passar alguns dias com a minha mãe.
Ando pela rua quando o vento assopra em meu rosto um papel. Tiro com irritação e olho o que tem escrito no folheto.
"Festa Colorida, hoje à noite! Uma noite colorida!" E embaixo o endereço.
Talvez fosse isso que eu precisasse, ir à uma festa quero dizer.
Esquecer.
Me arrumo com meu melhor traje. Hoje eu consigo, não sou mas o meu eu tímido de antes, agora ninguém mais pisa em mim.
Digo adeus para minha mãe que sorri com um sorriso triste como sempre, desde quando meu pai morreu ela nunca mais foi a mesma, seu sorriso nunca mais foi verdadeiro, muito menos para mim, o culpado de sua morte.
Chegando perto do lugar já ouço uma música eletrônica toucando alto, a batida aumentando conforme vou me aproximando.
O som fica bem mais alto quando o segurança abre a porta e eu entro. Olho o lugar cheio de luzes coloridas, pista cheia de pessoas, vários bebendo, alguns no canto usando coisas ilícitas e sei que fiz o certo.
Pego uma bebida e vou para a pista de dança onde calmamente danço em meu mundinho não ligando para nada.
Tempos depois já estou suado e me desloco até o banheiro, para ver meu estado.
Chegando lá me olho no espelho: pareço o mesmo de sempre, só que mais confiante. Limpo o suor e continuo me admirando até que entra outra pessoa no banheiro, que fecha a porta lentamente e se vira para olhar diretamente para mim.
Ele é magro e alto, assemelha uma caveira ambulante, de olheiras profundas. Ele me da calafrios.
Ignoro sua presença e me viro pronto para sair, mas ele segura meu braço.
"Venho te observando desde quando entrou aqui, e devo dizer que você é uma das pessoas mais lindas que já vi." Sua voz soa rouca e sôfrega e me surpreendo com seu comentário.
Não deveria julgá-lo, é isso que todos fizeram comigo a minha vida inteira e sei que não sou o homem mais lindo do mundo.
Deve ter requerido muita coragem de vir falar comigo, por isso resolvo dar uma chance à ele. Sorrio em sua direção e ele sorri de volta.
Sua boca se aproxima da minha e logo sinto seus lábios rachados se encontrarem com os meus. Me aproximo mais de seu corpo pegando sua cintura e aprofundando o beijo, sua língua encontrando a minha com fervor.
Continuamos assim até ar me faltar e eu me afastar levemente, o olhando intensamente.
"Podemos ir à algum lugar mais privado." Ele diz sussurrando e eu aceno com a cabeça. Ele entrelaça nossos dedos e me puxa em direção da saída. Entramos em seu carro e eu sento em seu colo, voltando a beijá-lo com toda a paixão que me resta.
Deslizo minha mão por seu peito magro e ossudo e sinto suas mãos em minhas costas.
Começo a beijar seu pescoço abaixando mais minhas mãos e sentindo ele tirar uma mão de minhas costas para pegar algo à seu lado. Ele se afasta de mim antes de minhas mãos chegarem no local desejado e me aponta uma garrafa em suas mãos.
"Poderíamos continuar a nossa própria festinha, não acha?" Ele diz sorrindo torto e abre a garrafa.
Sorrio com malícia e pego o objeto de suas mãos antes de beber do gargalo o máximo que consegui, retiro a garrafa da boca e sorrio em sua direção. "Sua vez" eu disse.
Ele sorri olhando para mim e meu sorriso desaparece, assim como o ar de meus pulmões.
Sinto todas as minhas vias respiratórias fecharem e luto por ar colocando a mão em meu pescoço. Sinto uma pressão enorme em minha cabeça, como se meus olhos fossem saltar a qualquer momento.
Ele sadicamente continua olhando para o meu sofrimento e começo a ver pontos verdes, roxos e pretos em minha visão, e quando não consigo mais puxar nem um pouquinho mais de oxigênio em meus pulmões, tudo fica preto.
~•~
Ele ajeita o corpo no banco de carona de forma que fique sentado e coloca óculos escuros para disfarçar os olhos arregalados e vermelhos de sua última vítima.
Dirige em direção ao prédio de sua vítima número 8, o homem foi imbecil o suficiente à ponto de falar seu endereço completo três meses atrás, e obviamente tinha suas chaves em seu bolso, já que morava sozinho.
Isso o deu várias oportunidades. Entrou várias vezes em seu apartamento, pode acumular várias informações sobre seus vizinhos, o de baixo em especial foi o seu favorito, principalmente depois de desvendar todos os seus segredos invadindo computador do gordo pelo Wi-Fi do prédio, e teve uma adorável surpresa ao descobrir quem ele era e com quem conversava.
Para em frente ao prédio e sorri.
É hora do show.
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Psicopatas Excêntricos
Mystery / Thriller"Onde não há imaginação não há horror."- Arthur Conan Doyle.