Second

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03:21 A.M. - 22 de agosto de 2016

"Lembro-me que no meu aniversário de 7 anos, eu ganhei um peixe. Eu o dei o nome de Eustaquio.

Eustaquio era o meu melhor amigo. Meus pais até me levaram a um psicólogo, pois acharam que eu estava ficando louco por conversar com um peixe.

Mas na verdade, Eustaquio não falava comigo. Eu queria provar para o mundo que peixes pensam e podem falar como nós, humanos.

A ideia hoje me parece absurda, mas na época, eu realmente acreditava que criaturas marinhas ou qualquer outro tipo de animal falavam ou, no mínimo, pensavam.

Eu encarava o peixinho no aquário tentando imaginar o que ele estava pensando. Pensando ou não, Eustaquio, de alguma forma, certamente achava que eu era doido.

No dia em que Eustaquio morreu, eu chorei tanto que eu podia fazer minha própria praia dentro de casa. Passei horas e horas chorando por um peixe que morreu de fome.

Hoje, escrevendo neste caderno sem linhas, eu rio dessa lembr..."

Largo o caderno nas rochas e, sem perceber, jogo a caneta no mar.

- Quem está aí? - digo para nada específico.

O movimento na água.

Levanto-me instantaneamente, acendo a lanterna e espero.

E é aí que eu vejo a cauda escamada.

Dou um paço pra trás e piso em falso, escorregando nas rochas atrás de mim e caindo sentado.
Meus olhos estão arregalados e estou tremendo.

O que é aquilo?

Volto a ficar na beirada da rocha e vejo a cauda se debatendo. Um peixe desse tamanho é surreal.

No mínimo, ele tem 1,50 m.

Percebo os cortes e a rede de pesca pendendo de um lado de sua cauda.

Ele está preso. E parece me pedir ajuda.

Pego o canivete que sempre trago comigo e me preparo para tentar pegar o rabo do peixe.

1.

2.

3.

Porra, eu não tenho coragem. O peixe continua se debatendo. Apenas a cauda batendo contra as rochas e causando mais cortes. Ele definitivamente está desesperado.

"Vamos, Trevor. Ele precisa de ajuda. Seja corajoso!", minha consciência gritava. Por outro lado, os movimentos do meu corpo não pareciam concordar.

Dei um paço pra trás e um para frente, enquanto decidia entre ajudar o animal indefeso e irracional ou se ignorava o peixe enorme, a julgar pela cauda, e ir embora.

Mas que tipo de pensamento é esse? É claro que vou ajudá-lo.

E, antes que toda aquela adrenalina que consumiu meus sentidos desaparecesse, eu agarrei o canivete e me abaixei perto da água para tentar alcançá-lo.

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