quanto tempo isso ainda vai durar?

91 14 1
                                    

  Fiquei quatro dias deitado na cama do hospital respirando sob aparelhos médicos. Não sei como fui parar lá e nem o que havia acontecido comigo. Quando acordei, me deparei com o médico do meu lado checando meu corpo com alguns exames nas mãos. Havia perdido cinco quilos em quatro dias. Eu estava pálido, sem forças para levantar um dedo sequer e mal conseguia respirar. Meu pulmão doía. O médico mostrou que havia uma pequena fratura pelo fato de eu ter forçado na respiração. Mas, como assim? Eu não faço ideia do que aconteceu comigo. Estava confuso, não conseguia pensar direito e suava frio. A cada segundo que passava, os batimentos cardíacos aumentavam. Me aplicaram uma injeção para me acalmar. E, então, o médico me explicou. Eu havia desmaiado, bati com a cabeça na quina da mesa e sofri um corte perto do supercílio. Meu nervosismo pela falta de ar criou uma pequena fratura no meu pulmão que doía toda vez que respirava. Me fizeram inúmeras perguntas, porém, não sabia responder nenhuma e tudo parecia confuso. Na verdade, por que eu estava lá deitado em uma cama e respirando sob aparelhos médicos? O que havia acontecido comigo? Eu estava ficando embriagado de tanto tomar soro e eu odiava tomar soro, odiava frequentar hospital. Dias depois de estar um pouco melhor, voltei para casa, estava tudo conforme havia deixado antes de ir para o hospital. A música ainda continuava tocando no rádio, pois esqueci que havia colocado-a para repetir. O copo de vinho sobre a mesa, o cigarro apagado sobre o cinzeiro e a fotografia dela estampada na tela do computador. Sentei sobre a cama e acendi um cigarro. Os médicos me alertaram para diminuir no cigarro, porém, como diminuir algo que te faz tão bem? Impossível. Isso era a única coisa que me deixava melhor. Não faço ideia do que aconteceu nesses quatro dias que fiquei deitado naquela cama do hospital, mas posso dizer que tudo ainda continua tão monótono e triste. O amor continua constante, a saudade permanece forte e sufocante, a falta que você me faz é tão dolorosa quanto cortar a alma. Quanto tempo isso ainda vai durar? Mais um dia, uma noite ou uma vida inteira?  

K. Shibahara.



universosOnde histórias criam vida. Descubra agora