Scarlett estava naquele momento na casa de banho, a encharcar abundantemente a sua cara com a água fria da torneira.
Após não ter dormido na noite passada, nem nas anteriores a essa, aquela sensação de frescura era a única coisa que a mantinha acordada durante o dia. Isso e uma maquilhagem leve para disfarçar as olheiras.
Ela sabia que o seu segredo estaria seguro com Jason, mas não era isso que a preocupava. Ela não conseguia deixar de desconfiar de Giselle, mesmo sabendo que esta era sua grande amiga, e isso incomodava-a bastante. Por muito amiga que ela fosse, Giselle podia ter morto Allyson, como Jason dissera.
"Mas eu não me admirava nada que ela tenha feito isso."
Aquelas palavras ecoavam na cabeça dela, e após ter passado cerca de uma semana desde essa conversa faziam cada vez mais sentido, por mais que ela quisesse contrariá-las.
Talvez Giselle tivesse mesmo tido aquele momento de raiva intensa, e tenha feito aquele "disparate" que ela tanto temia.
"Eu tenho que ficar de olho nela." prometeu Scarlett a ela mesma enquanto saía de casa, pronta para o primeiro dia de aulas do segundo período.
Aquela manhã era muito fria, demasiado fria para Scarlett que, logo que pôs um pé fora de casa, arrependeu-se de ter lá saído.
Mas ela não podia perder o autocarro que ainda estava a um quarteirão de distância e encasacada como estava, de certeza que iria começar a aquecer.
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A viagem não tinha sido muito grande, talvez 15 minutos até chegar à entrada da escola. Aquele assunto ainda estava na sua cabeça.
"Ainda não acredito que estou a fazer isto." pensara Scarlett nas muitas vezes que se interrogara se a sua ação era a mais correta.
O facto de ela estar naquele autocarro lembrava-a que ela tinha já escolhido o seu destino e esse era ajudar a aplicar a justiça.
Ela começara a andar de autocarro desde que várias colegas dela tinham sido assaltadas no trajecto que ela fazia para a escola. Ela própria fora perseguida por um homem uma vez, há cerca de dois anos.
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A pequena Scarlett, na altura com 14 anos, estava a ir para casa depois de mais um dia de aulas, quando sentiu passos atrás de si. Uma sombra, não muito longe, acompanhava-a no passeio.
Com um pouco de nervosismo tirou o telemóvel do bolso, como se estivesse a ver alguma coisa, e tentou ver o perseguidor através do reflexo da tela.
Não conseguiu vê-lo bem. Ele tinha a cabeça baixa, a única coisa que ela vira era que ele era careca e que caminhava calmamente, com as mãos fora dos bolsos.
Ela acelerou o passo, mas ,mesmo assim, ele continuou a segui-la, acelerando também o passo. O pânico começou a instalar-se e ela temia que ele lhe fizesse alguma coisa se a conseguisse apanhar.
Ela olhou em redor à procura de um sítio para o despistar.
"Bingo!"
Cortou um pouco mais à frente à direita, seguindo para o parque de diversões.
A entrada era livre e várias pessoas se aglomeravam na entrada e nos"corredores" ao pé das bancas de comida e de jogos como o tiro ao alvo.
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Nas entrelinhas
Mystery / Thriller"Se as borboletas simbolizassem a vida, não existiria nenhuma a voar pelo céu. Apenas existiria uma traça, o carrasco delas, confundida com borboleta." Nunca houvera memória em Vixen Falls de um evento tão marcante e quase indecifrável para a políci...