Nas entrelinhas

Narrador- Mais uma festa, mais uma morte pt.1

   Tinham passado 5 dias desde a morte de Aaron. A escola já não era a mesma coisa sem ele.Foram feitos alguns momentos em homenagem, mas estes nunca compensariam a falta que ele fazia.

   O grupo estava agora reduzido a sete pessoas e, embora não soubessem, iria reduzir ainda mais.

   Ninguém estava à espera que morresse mais alguém para além de Allyson. Pensavam que tinha sido apenas aquela vez. Afinal, Vixen Falls era uma cidade pacata e calma, não um lugar de crimes. Muito menos de homicídios.

   Assim que a polícia divulgou que a morte de Aaron não tinha sido natural, mas sim fruto de um homicídio, toda a comunidade ficou devastada e, ao mesmo tempo, a temer pela sua vida.

   Por isso, o "mayor"tomou medidas e decidiu reforçar a segurança na cidade, deixando Russel com menos agentes.

   -Ele não pode fazer isso! Eu preciso desses elementos para continuar a investigação! -exclamou Russel quando foi falar com o chefe.

   -Ele é o "mayor"e tem razão. Não podemos deixar as pessoas sem proteção com um assassino à solta! Isso seria uma total falta de responsabilidade!

   -Mas é bem mais irresponsável fazer o que ele fez! Assim é que não o apanhamos!

   -John, as tuas investigações não têm dado em nada, tu próprio o dissestes. Para que precisas de mais meios?

   Russel sabia que o chefe tinha razão, mas também sabia que não podiam baixar os braços. Naquele momento, embora não o pudesse expressar num relatório para entregar ao seu chefe, ele tinha a "jogada perfeita" e iria colocá-la em prática na próxima semana.

   Depois de sair algo irritado do gabinete do chefe, Russel voltou ao laboratório polícia legal esperando boas notícias por parte de Nicholas.

   -Bom dia, doutor. -disse Russel enquanto entrava na sala.

   -Quantas vezes vou ter que repetir? - perguntou Nicholas levando a mão direita à testa em desconcerto. - Não me trate por...

   -Desculpe, Nicholas.Nunca mais aprendo. - respondeu Russel rindo-se.

   -Tu sempre foste cabeça dura.

   -Determinado.

   -Chama-lhe o que quiseres. Já tens o mandato de prisão do...

   -Jason? - disse Russell completando o pensamento de Nicholas. - Sim já. Vou mandar prendê-lo na próxima semana e ver o que acontece.

   -Fazes bem. - disse Nicholas arrumando os papéis para entregar a Russel. - Estão aqui os resultados.

   -E o que deu? -perguntou Russel.

   -Bem, posso dizer que estamos perante um assassino com muitos conhecimentos.

   -Como assim?

   -Provavelmente já te disseram que a estricnina tem um sabor amargo.

   -Sim, lá no hospital disseram-me isso. E?

   -E a análise deu negativo em dois frascos. Tenta adivinhar em quais.

   -Hum....Talvez os de sal e de azeite.

   -Sim. Para disfarçar o sabor. A acidez do vinagre cobre o sabor, mas o veneno está lá e na concentração suficiente para matar alguém.

   "Tenho que estar mais atento. Pelos vistos o gajo é mais esperto do que eu pensava."pensou Russel.

   Este pensamento perturbava Russel. Não estavam a lidar com um idiota que decidiu matar adolescentes para passar o tempo. Mas o que o preocupava mais era o facto de estarem a lidarem com um jovem perturbado que,provavelmente, não tinha auto-controle sobre o que fazia.