Capítulo 2 - Negação

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 Depois do que me pareceu horas, finalmente chegamos ao hospital, fui direto ao setor da oncologia e procurei pela doutora Allyson Brooke, medica de minha mãe, com Mike logo atrás de mim, em meu encalço, tentando me acompanhar enquanto eu corria por todo o hospital até a sala dela. Dou três rápidas batidas na porta e escuro "entra".

— Oi doutora Brooke, como está?

—Lauren, que bom que chegou! estou bem e você? Olá Mike

— Estou bem também —sorrio fraco, doutora Brooke sempre foi muito simpática e atenciosa, tanto com os pacientes quanto com os familiares— Então, Normani disse que queria falar com a gente, sobre o que seria? —Ela faz um movimento com as mãos indicando as cadeiras a sua frente para sentarmos.

—Sobre a decisão da Clara de para com o tratamento da quimioterapia e as suas consequências. — Assenti lentamente, e antes que ela continuasse perguntei

— Como ela esta? Como passou a noite?

— Ela esta melhor, essa noite foi bem mais tranquila e estável o que possibilita o recebimento de alta ainda hoje como ela tanto deseja.

— Ainda bem que mama esta melhor, confesso que estava preocupada que houvesse uma nova crise durante a noite e com medo das complicações que isso traria. O que precisamos saber?

— Bom, Laur, como você sabe sua mãe insisti em ir para casa e se nega a continuar recebendo o tratamento, o que é altamente compreensivo, visto que a químio deixa o corpo do paciente muito mal por dias, o tratamento se torna invasivo quando os seus efeitos colaterais são piores que o sintoma da própria doença. A medicação que está sendo usada em sua mãe possui fortes efeitos colaterais nela devido ao estado avançado da doença e a deixa ainda mais debilitada, por isso Clara decidiu parar com o tratamento, ela diz que 'pode lidar com os sintomas do avanço da doença, mas está cansada e fraca demais para continuar insistindo com um tratamento que não funciona', portanto para para ela é melhor interromper o tratamento do que continuar se submetendo a ele, uma vez que no caso dela não há manis nenhuma possibilidade de cura — faz uma pausa para que nos possamos compreender o que nos era dito— Como vocês sabem o câncer foi descoberto em um estado muito avançado e isso tornou a cura inalcançável, entende? Não nos resta muito a fazer, todas as opções que oferecemos a ela até agora eram para impedir o avanço dos tumores e retardá-los, para que ela tivesse mais tempo de vida, entretanto falhamos.

— Sim, eu entendi como o tratamento não esta mais funcionando e os efeitos da medicação são piores que a doença em si, é melhor parar com o tratamento porque o remédio esta fazendo mais mal do que bem.

— Exatamente, então para Clara a melhor opção agora é interromper a quimioterapia, assim conseguiremos dar a ela uma melhor qualidade de vida para os seus últimos dias, inicialmente usaremos analgésicos para que ela suporte as dores, porém irá chegar um momento em que eles não farão mais efeito e então iniciaremos a sedação para que ela não sofra nada e chegará um momento que o corpo simplesmente não aguentará mais e irá parar de funcionar. Eu sinto muito gente, mas eu preciso deixá-los ciente de que este final não será nada bonito, as coisas não serão fáceis e a tendencia é que a situação apenas piore, infelizmente é assim que acontecerá e já adianto que não é nada fácil ver alguém que amamos sofrer dessa forma.

Assenti fracamente, enquanto sentia minhas lágrimas escorrerem por minha face, eu já imaginava isso, mas ouvir era diferente, tornava tudo tão dolorosamente real e concreto.

Iridescent (Camren version)Onde histórias criam vida. Descubra agora