Capítulo 17

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Jessica

Acordo sobressaltada, sentando-me de imediato no sofá e dobrando-me sobre mim mesma. Tenho a respiração acelerada assim como o meu batimento cardíaco. Sinto uma mão pousar no meio das minhas costas e volto-me instintivamente. Quando vejo o rosto do Jacob relaxo um pouco.

-Calma, está tudo bem.- ele tenta tranquilizar-me, fazendo a sua mão deslizar repetitivamente para cima e para baixo nas minhas costas.- Foi só um sonho.

Fico a olhar para ele enquanto tento recuperar o fôlego, a sua expressão cansada indica que ele também devia de estar a dormir. Olho à volta e percebo que estamos sozinhos. De imediato, o meu batimento cardíaco volta a acelerar com o pensamento de estar sozinha com o Jacob na cabana.

-Onde é que...

-Eles foram investigar uma pista nova que a Claire encontrou no computador da Grey.- ele informa, quase lendo os meus pensamentos.- Quando cheguei eles estavam a discutir se deviam ou não acordar-te, mas eu disse que era melhor não.

Ergo as sobrancelhas.

-E tu não foste?

Ele sorri ligeiramente.

-Pensei que quisesses companhia...

Franzo as sobrancelhas, já preparada para protestar, mas ele interrompe-me de novo.

-Calma, estou a brincar.- ele mexe-se, tentando arranjar uma posição mais confortável no sofá.- Eu é que... Esta situação toda.- suspira- É demasiada informação. A Alice é minha irmã e eu quero, tanto quanto vocês, perceber o que se passou, mas...

Sem pensar, pouso a minha mão por cima da dele. O Jacob para de falar e levanta o olhar para me poder encarar. Eu sorrio, percebendo perfeitamente o que ele queria dizer. De facto, de todos nós, ele é quem está a sofrer mais com esta situação toda. Ter de remexer no passado e investigar a morte da própria irmã não deve ser nada agradável. Só agora, ao olhar para ele é que percebo como ele também está a sofrer. As olheiras profundas debaixo dos olhos, a barba por desfazer, o cabelo comprido. Agora percebo o quão egoísta tenho sido, a pensar apenas na minha dor, e sem me aperceber que quem me rodeia também está a sofrer.

-Jess...

-Desculpa.- digo-lhe e desvio o olhar para o chão, sem nunca retirar a minha mão de cima da dele.- Eu tenho sido muito estúpida contigo. Só tenho pensado em mim na minha dor... sem pensar que tu também estás a sofrer.

Levanto o olhar e encontro os seus olhos. Os seus olhos azuis... ainda me provocam borboletas na barriga de cada vez que os nossos olhares se cruzam. Neste momento estão mais claros do que o costume, provavelmente pela falta de sono, mas mesmo assim não perdem o seu efeito hipnotizante que sempre tiveram em mim. Ao ouvir as minhas palavras, sinto a sua mão apertar a minha, na tentativa de me reconfortar.

-Eu mudei...- continuo, passado algum tempo.- E acredito que toda a gente muda. Especialmente nós depois do que aconteceu...- ele abana com a cabeça e eu respiro fundo, as palavras a não saírem da minha mente como eu quero.- O que eu quero dizer é... eu acredito que toda a gente merece uma segunda oportunidade. E essa segunda oportunidade foi-nos dada agora, voltamos para a nossa cidade, a nossa casa, com o objetivo de provar que estamos inocentes.

Paro por uns instantes e engulo em seco. Não percebo o porquê de tanto nervosismo, o Jacob é um dos rapazes que me conhece bem melhor do que eu mesma. Por isso, e ao aperceber-se do meu desconforto, ele sorri-me e cobre a minha mão com as suas, desenhando pequenos círculos nas costas da minha mão com o seu polegar. Respiro fundo, frustrada comigo mesma pela minha incapacidade de me expressar devidamente.

The SuspectsOnde histórias criam vida. Descubra agora