Joana tinha minha altura. Parou na minha frente com um sorriso tímido. E pediu a postura dos condes.
Logo, levantei o braço direito em meu máximo e deixei a mão paralisada, como se tivesse roubado a chuva do dia anterior. O braço esquerdo fica próximo à costela, e então começa a guiar os movimentos horizontais e transversais do braço direito.
É difícil explicar como funciona para quem não é daqui, mas é uma valsa luxuosa, onde os casais não se encostam. O objetivo dos condes é simbolizar a natureza, a chuva e o vento, com movimentos suaves e dominantes, enquanto o seu parceiro reage, com o corpo inteiro, às mudanças e movimentos dos braços.
Foi maravilhoso, a moça tinha um sentimento louvável. No movimento final dos condes, eu flexionei meu corpo para frente, com os dois braços estendidos atrás da cabeça dela e aguardei para abraçá-la como um casulo. Ela veio, e quando passei as mãos pelo pescoço dela, notei a ausência de pelos.
Prontamente, puxei um pouco do cabelo dela. Era falso.
Existia algo de errado com a moça, mas antes que eu pudesse reagir e perguntar, ela saiu de meus braços. Havíamos chegado no penúltimo ponto, antes do ônibus começar a subir a colina.
Os passos apressados da cabelos falsos estavam denunciando alguma coisa. Sai pelas portas traseiras do ônibus — com o dobro da energia necessária gerada através da dança.
— Ou! Não adianta fugir, já sei qual é a sua! — gritei.
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