Shame

Acidente de percurso

Sua silhueta destacava-se na janela respingada pela chuva. Uma cena melancólica que não me despertava sentimentos bons. Sua barriga já era visível. Baekhyun estava grávido de quatro meses dos meus meninos gêmeos. Ele observava a chuva cair porque era mais interessante do que conversar comigo.

Não, não somos casados. Nem mesmo um casal de namorados. A gravidez de Baekhyun foi apenas um acidente de percurso. Ou, como ele diz, uma maldição. Eu fui apenas mais um caso, alguém para satisfazer seus desejos sexuais aflorados. Agora sou alguém que ele odeia e que não vê a hora de se livrar.

Cansado de olhar a chuva, ele passou por mim no centro da sala de estar, e de olhar baixo ele se jogou no sofá. Hoje ele só havia me dito uma palavra. Um "não" quando perguntei se ele precisava de algum remédio.

Mas ele nem sempre foi assim tão antipático. Baekhyun costuma ser muito alegre e comunicativo. É um espírito livre, ama se divertir, viajar, conhecer novas pessoas e culturas; fala cinco línguas e já conheceu mais de vinte países. É também muito rico, herdeiro de uma rede de hotéis muito famosa. Diferente de mim, um simples designer gráfico que trabalha em uma gráfica pequena no centro de Seoul.

Nos conhecemos através de um amigo. Era o aniversário de Sehun e ele comemorou em um restaurante. Chamou os amigos mais próximos, incluindo seu amigo milionário. Eu nunca tinha o conhecido, só ouvia falar e às vezes via suas fotos nas redes sociais. Sua beleza sempre me chamou atenção, porém suas histórias não me permitiam ter um interesse. Sehun sempre me falava sobre suas aventuras. Não que ele fosse um tipo de prostituto, mas gostava de se aventurar de vez em quando. Baekhyun era do tipo que não se apegava a ninguém.

Naquela noite fria de março, finalmente conheci Baekhyun. Sua alegria me encantou. Estava sempre fazendo piadas, contando sobre suas aventuras e especialmente me olhava de um jeito diferente. A gente sabe quando a pessoa está interessada, e ele deixou isso bem claro. Eu já sabia que seria apenas sexo, que eu não poderia ter alguém como ele para mim. E naquela mesma noite nós transamos. Baekhyun me levou para sua casa e transamos o resto na noite. Como estávamos "altos" pelos copos de Vodka, esquecemos de usar a bendita camisinha. Foi a melhor transa que já tive. Baekhyun é excelente, muito flexível, tem quadris "moles" e adora diversificar nas posições. Transamos quatro vezes numa mesma noite, com uma pausa de cinco a dez minutos entre elas. Acordei todo dolorido e com uma ressaca enjoada, porém muito feliz. É inevitável se apaixonar quando se acorda e a primeira coisa que vê é o rosto lindo de Baekhyun. E o sexo... ah, eu não tinha como fugir. Não tive como evitar.

É claro que a história não terminou bem para o meu lado. Fiquei apaixonado e Baekhyun não quis mais saber de mim. Fui dispensado no dia seguinte. "Foi só uma noite de aventura", ele disse, "viva a sua vida". Eu sabia que não teríamos algo sério, especialmente por eu não ser de sua classe social. Mas eu esperava pelo menos mais alguns encontros. Fui tão ingênuo, Sehun havia me avisado.

Não tenho vergonha de admitir que sofri por ele. A toda hora lembrava de seu rosto e da noite maravilhosa que tivemos. Eu precisava aceitar e seguir em frente. Tinha que parar de pensar nele enquanto me masturbava.

O que eu não esperava era que dois meses depois da nossa noite, ele apareceria na gráfica onde trabalho, que pertence ao meu pai. Seu rosto expressava angústia e até mesmo um pouco de raiva. Era uma pessoa diferente do Baekhyun que conheci. Ele disse que tinha algo a me contar e eu o levei para tomar um café.

Tomei dois goles de café e ele jogou em cima da mesa uma pasta com papéis. "Estou grávido", ele disse com desgosto, "e o pai é você". Demorei um tempo para processar a informação. Olhei os exames para ter certeza de que ele não estava brincando comigo. E lá estavam dois pontinhos, parecendo dois carocinhos de feijão, na imagem do ultrassom. Ele não estava só grávido, estava grávido de gêmeos.