E então, Malaquias ensinou a Dionísio como possuir a felicidade duradoura dentro de um recipiente chamado Horú.
O Horú é uma espécie de copo mágico protetor que fica sobre uma plataforma acima do campo de Geize. Esta plataforma dar suporte a Horú para que ele não caia, porque o Geize é um campo super sensível. Pois qualquer substância que tocar a sua superfície terá as suas propriedades invertidas. Malaquias ofereceu a Dionísio o líquido da felicidade e o advertiu que o copo só poderia segurar 250ml, e que não era para exagerar, pois ele iria dar, a Dionísio, 796ml do líquido para administrar corretamente as dosagens no Horú.
O Dionísio extremamente cauteloso ingeriu no Horú apenas 7ml de felicidade. E com isto começou a ter pensamentos felizes. E várias cenas começaram a borbulhar em sua mente. E como vespas infestando um campo de violetas, milhares de imaginações motivadoras invadiram o seu cérebro. E estava intensamente gostoso tudo aquilo.
Após esta experiência inovadora e incrível, o Dionísio todo motivado ingeriu mais 93ml no recipiente mágico. E dessa vez ele não só pensou como também vivenciou as cenas que estavam em sua cabeça. Todas as experiências, todos os cheiros, e todos os sabores e beijos ele sentiu. Ele podia enxergar tudo, e ouvir tudo, e interagir com tudo o que estava em sua volta. E nada tirava o sorriso do rosto dele.
Em seguida, o Dionísio queria mais e mais, e então ingeriu 150ml no Horú. E então, nasceu o amor. Ele começou a viver com uma pessoa que o amava. Mas não era apenas uma pessoa. Agora ele tinha uma família. E todos eles o amava. E tudo o que ele criava era motivo para ser venerado. Tudo o que ele falava todos o aplaudiam. O chamavam de mestre. O chamavam de grandioso. Ele conquistou o amor de todos. E finalmente, ele estava completo.
E com o copo cheio sem ter espaço para uma só gota, o Dionísio arriscou e tentou ingerir mais 200ml, mas o líquido escapou do copo e caiu na superfície de Geize. E algo inesperado aconteceu. O Dionísio começou a experimentar a perda. E tudo que ele adquiriu foi se desfazendo. O amor foi esvaziando. As pessoas se afastando. Logo, vieram os pensamentos de frustrações, e perda, e portanto ele começou a sentir dor, medo, e solidão.
Desesperado, ele foi correndo atrás do Malaquias para entender o que aconteceu e tentar, pelo menos, reverter o processo. E Malaquias abriu um sorriso amoroso percebendo que o copo estava expulsando para fora o excesso de líquido naquele pequeno recipiente. Ele pousou uma de suas mãos no ombro do Dionísio e explicou:
— Entenda, meu querido irmão, que isso não é uma maldição, isso é o equilíbrio. A natureza é o equilíbrio, e quando ela percebe que algo está fora de controle, ela simplesmente vira o seu oposto. Pois o exagero é o início para a destruição. Você gostou do que sentiu, e desejou mais e mais sem perceber que o copo era limitado, e por isso tudo o que você possuía, e sentia, simplesmente derramou. Agora esvazie o copo e comece tudo de novo, mas lembre-se de nunca permitir-se cair na tentação de ultrapassar a borda outra vez.
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DIONÍSIO
ContoÉ sempre difícil aceitar o que já conquistamos, e muito mais fácil e supostamente lógico "querer" exageradamente e incansavelmente pelo resto da vida. Nas entranhas do exagero mora a tristeza, enquanto a felicidade adormece no equilíbrio. Este conto...