Ela sabia

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Diferente de todo o medo que eu podia esperar ver em sua face, ou talvez o desprezo, o nojo pelo diferente, o susto por ver tudo aquilo, ou a curiosidade que alguns humanos tem pelos Astros e o Espaço. Rebecca sorriu. Um sorriso infantil e inocente, seus olhos brilhantes e cheios de lagrimas me fizeram sentir bem. Não bem por faze-la chorar, mas sim por não ser temida, por ser aceita, ainda que não fosse compreendida. Sua expressão era o mais puro alívio, talvez por ter a confirmação do que ela buscava ao dizer que eu tinha a pele da cor da Lua, ou talvez por finalmente saber a verdade...já vi alguns humanos assim, eles só encontravam paz ao saberem as verdades, soube que uma vez, Plutão se mostrou para um humano, disse que a feição dele foi de puro prazer. Mas depois daquilo, Plutão decidiu viver mais tempo com ele, e por isso o Astro perdeu força. Mas eu não pretendia ficar muito tempo, só queria um filho. Depois voltaria para meu lugar.

A ruiva estendeu as mãos e tocou meu rosto, lágrimas escorriam por suas bochechas, e o sorriso continuava em seus lábios, seus dedos passaram logo abaixo dos meus olhos, numa leve carícia,-- Luna...--ela sussurrou corada e senti que ela tremia levemente--é lindo.

Sorri com aquilo e pisquei novamente fazendo meus olhos voltarem a cor cinzenta.-- não pode contar pra ninguém--pedi baixo pegando suas mãos e as apertando carinhosamente--por favor Rebecca, ninguém mais pode saber.

Ela assentiu segurando minhas mãos--eu prometo, não vou dizer nada, por favor, me conta tudo--ela pediu rindo enquanto as lagrimas ainda molhavam sua pele.

Soltei uma de suas mãos e sequei as lagrimas--por favor, não chore, eu te conto algumas coisas--falei, não iria contar tudo. Uma vez, um humano ouviu toda a história sobre os Astros, nunca soube quem contou. Mas esse humano ficou louco, e foram verdades tão profundas, que deixaram marcas em suas almas, o humano foi morto, e nunca mais pode renascer, ou colocaria todos em perigo, humanos e Astros, todos sofreriam as consequências. Foi a única vez em que uma alma foi condenada à eternidade entre Nós, ele foi Quebrado. A maior punição que alguem pode sofrer. É quando a alma sabe tantas coisas, que sua essência é dividida e espalhada por todo o Universo, sempre tentando se juntas, mas jamais achando os outros pedaços, o Sol disse que viu uma Sombra dele a vários milênios, era desesperador.

A ruiva fungou, secando direito o rosto e se ajeitando na toalha.--então... O que fazemos agora?-- sussurrou

Mordi levemente o lábio e olhei na direção dos outros do grupo que estavam brincando no quiosque, Marta estava sentada separada deles, com o rosto apoiado entre os braços cruzados sobre o balcão--acha que ela tem medo de mim?-- perguntei insegura.

Rebecca olhou para o grupo e depois para mim--não sei, ela deve estar assustada com tudo, ele sempre disse que não era lésbica, nem bi, deve estar confusa.--falou baixo. Me fazendo senti ainda mais medo da reação daquela mulher. --ta ficando tarde, que tal irmos pra casa?-- ela falou provavelmente notando meu desconforto-- amanha vocês conversam melhor e se entendem.

Assenti devagar e olhei o mar, a água se movia calmamente, clara pelo brilho do meu Astro. --vamos-- sussurrei me levantando e sendo acompanhada pela ruiva que assobiou e fez um sinal para que os outros voltassem para perto de nós. Abaixei a cabeça envergonhada quando Marta passou perto de mim e nem me olhou.

--vamos pra casa-- Rebecca falou alto e em meio a alguns resmungos e reclamações, todos começaram a juntar as coisas.




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Espero que goste, continue acompanhando, comente o que achou.

^-^ obrigadinha

Filho da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora