Ligação De Alma

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Ligação de Alma

Capítulo 2
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  - Perai... Onde é que eu tô? Que isso que estou vestindo? Meu Deus só pode ser um sonho - Perguntou ela assustada.
  - Srta Mariluce, por favor aproxime-se, tenho muito a lhe falar - Respondeu ele tirando sua capa.
  Ela estava com medo, não sabia o que acontecia e nem onde se encontrava, tudo era confuso, porém de alguma maneira que não sabia explicar, aquele ser estranho não parecia representar perigo.
  Lentamente ela se aproximou dele, cobrindo com os braços cruzados os seios que estavam quase a mostra, e ele gentilmente ofereceu seu manto para Mari cobrir seu corpo, e aguardou ela secar-se parcialmente, depois Mari foi sentar-se em cima de uma grande pedra que estava próxima, ainda coberta com a manta que Atinus tinha entregue, aquele tecido macio lhe agradava.
  Agora olhando mais de perto, ela ficou quase que hipnotizada com a aparência dele e os detalhes de sua armadura, símbolos que a mesma nunca havia visto, mas eram encantadores pra ela, ele tinha em torno de 1,85 metro de altura e parecia ser bastante forte apesar de sua vestimenta o cobrir quase completamente. Fitando em seus olhos, Mari viu que eram extremamente dourados como ouro puro, e seus cabelos da mesma cor apesar de brilharem um pouco menos, ela imaginou que talvez ele fosse um anjo ou coisa parecida que vinha lhe avisar de algum perigo, ou talvez trazer um recado de parente já falecido, mas logo mudou de idéia, quando enfim se acalmou ela iniciou a conversa.
  - Pode ir me explicando tudo desde o início. Que lugar é esse? Quem é você? ou o que é você. - Perguntou ela com leve tom de sarcasmo.
  - Bom, pra começar estamos dentro de seu sonho, tudo oque existe aqui é mero fruto de sua imaginação no seu subconsciente!
  - Bem que eu desconfiava, mas porque você está aqui no meu sonho?
  O mensageiro percebeu que quando começou a falar com ela suas palavras eram mais coloquiais, entretanto agora estava se adequando a linguagem formal que ele utilizava, isso o deixara mais avontade.
  - Os humanos são engraçados, durante um sonho quase nunca percebem que estão sonhando, a sua imaginação é vasta, porém incontrolável até para eles mesmos, fazendo de sua própria mente uma inimiga. Estou em seus sonhos porque essa é única maneira de um ser de outra dimensão como eu contactar alguém dessa dimensão.
  - O que? Do que você tá falando? - Perguntou ela colocando uma mão no rosto, estando impressionada com a revelação.
  - Ouça com bastante atenção tudo que irei dizer. Seu mundo fica numa dimensão dentre muitas que existem em toda a extensão da existência, pode-se dizer que o mundo de onde venho é como uma contra-parte do seu. Entretanto somos muito mais evoluídos e temos fortes conexões com magia e os elementos primordiais da criação.
  - Tô boiando, me desculpe amigo mas eu não entendo nada dessas coisas. - Disse ela levantando a sobrancelha achando tudo aquilo uma loucura.
  - Eu entendo suas dúvidas Srta Mariluce, mas...
  -Ahh por favor me chame Só de Mari! E qual é seu nome mesmo? - disse ela o enterrompendo.
  - Como queira Srta Mari, sou Atinus, continuando, eu compreendo suas dúvidas, afinal no seu mundo primitivo não existem ligações concretas com outras dimensões, para mim ainda é impossível me materializar nessa sua dimensão que parece ter apenas o planeta terra com vida inteligente, se tiver mais então estão muito longe, acredite eu verifiquei, infelizmente só pude obter uma forma tangível dentro de seus sonhos, mesmo que seja temporária. Esse mundo é diferente do meu, a magia é quase inerte, por isso que apenas posso vagar estando intangível e invisível aos olhos humanos enquanto estiver aqui.
  - Igual a um fantasma? - Perguntou ela.
  - Algo do gênero, porém eu ainda estou vivo, mas por estar nessas condições a única maneira que posso me contactar com alguém do seu mundo é através dos sonhos! Isso porque o subconsciente da humanidade é sua única porta de entrada para outras dimensões, apesar de ser bem limitada.
  - Nossa... Agora estou começando a entender, a quanto tempo você está no meu mundo?
  - Estou aqui há 5 meses de seu tempo, contudo na minha dimensão se passou muito mais do que isso, ou melhor dizendo... Nem tanto assim.
  - E o que você quer com a minha pessoa?
  - Meu mundo está próximo de ser conquistado por alguém desconhecido e de enorme poder, a ordem da paz está distorcida e várias outras coisas estranhas estão ocorrendo lá, o único que poderia nos ajudar é o lendário Kayrus, entretanto ele está drasticamente enfraquecido e impossibilitado de enfrentar tal inimigo, já que não mais é poderoso como outrora. Sendo assim vim até este mundo procurar ajuda, usando esse último recurso que me restava, passei muito tempo vagando por todo esse pequeno planeta, até lhe encontrar. - Disse ele com um tom de certeza.
  - Mas o que eu tenho de especial? Sou apenas uma humana comum! Não tenho super poderes e muito menos sou alguma heroína. Não vejo como eu uma mera moral poderia ajudar vocês, desejo boa sorte e que esse seu amigo recupere logo sua força e aí resolva a situação, mas não sei porque você veio até mim. - Respondeu ela com um tom de desconfiança.
  Ele sorriu discretamente enquanto Mari dizia aquilo, e escolheu bem as palavras para lhe dar a resposta.
  - Todos os humanos tem energia interna, isso porque todos os seres vivos tem alguma ligação com o poder da criação, que é a fonte de tudo, porém no caso de vocês isso é quase totalmente inerte, a falta de crença os faz ficar cegos diante da magnitude do poder que está presente no universo. A grande maioria da humanidade é assim, porém existe uma aura em volta de cada ser humano, vocês a chamam de aura elétrica, infelizmente é fraca demais e invisível aos seus olhos, entretanto a sua é a única diferente.
  - Como assim? Diferente como?
  - Vou lhe mostrar, assim ficarás menos descrente.
  - Me mostre. - Disse Mari tentando conter a curiosidade.
  - Veja isso, essa é a aura interna presente em quase todos os seres humanos. - Disse Atinus se aproximando e mostrando a palma da mão, lá apareceu uma espécie de pequena nuvem quase invisível e de ondulação lenta, parece que acompanhava o vento que soprava na copa das árvores daquele lugar.
  - Nossa... Sem palavras. - disse ela impressionada.
  Então Atinus se  aproximou mais e com gentileza, pegou na mão de Mari e no mesmo instante ela começou a exibir uma energia diferente daquela que ele havia mostrado antes. Dessa vez em volta da mão dela ficava visível ondulações mais rápidas e de uma cor púrpura intensa, totalmente diferente do padrão que ele disse que era o da humanidade, ela ficou maravilhada com aquilo, e também resciosa.
  - Nossa, então parece que eu nem sou humana, estou muito confusa!
  - A aura, energia interna ou seja lá qual for o nome que vocês derem para isso não lhe distingue dessa maneira, porque a essência de todos é imutável e incorruptível, e é a nossa essência que diz oque somos! Esse poder é uma ligação diferente com a magia da criação, porém você é humana e sua essência será sempre essa, só que é especial como nenhum outro de sua espécie. No meu mundo chamamos isso de Henzo que significa energia transcendente, a sua em especial é igual a de Kayrus, aquele que havia mencionado antes, apesar da sua precisar evoluir, eu tenho certeza de que você é a única que pode ajudá-lo a recuperar seus poderes para assim ele nos ajudar evitar nossa extinção.
  - Hum mas como é que eu vou fazer isso? Ainda estamos dentro do meu sonho não é?
  - Sim, eu lhe levarei a nossa dimensão, você tem algum tipo de conexão ou ligação com Kayrus, eu sei disso pois vivi por muito tempo e jamais vi um Henzo do mesmo tipo que o dele.
  - Você não está dizendo que eu vou poder voar por ai, disparando raios pelas mãos e ajudando seu povo não é? - Disse ela com um tom de sarcasmo.
  - E claro que não...
  - Ufa...
  - Não nesse mundo.
  - O que? - Indagou ela assustada
  - Lhe expliquei o básico para você poder ter compreendido meu apelo, peço humildemente seu auxílio, nosso mundo vai perecer se você não nos ajudar.
  - É que tipo eu tenho minha vida e família, responsabilidades... Quando acordar hoje eu nem sei se vou me lembrar de você e dessa conversa.
  - Sim, você vai se lembrar, eu liberei um pouco de controle sobre seu subconsciente, então quando se acordar amanhã lembrará de absolutamente tudo oque houve aqui como se fosse uma conversa que tivera no dia anterior.
  - Mesmo assim eu não posso abandonar minha vida correndo esse risco dando uma de Alice indo pro país das maravilhas por sabe-se lá quanto tempo.
  - Aprecio seu ceticismo Srta Mari, mas o pedido é sincero, você tem muita a aprender e é a única que pode nos ajudar, se aceitar, quando for dormir na noite seguinte nos encontraremos novamente, como eu já havia dito, o tempo na dimensão de onde venho é bem diferente do seu, um dia aqui equivale ao tempo de 50 anos em meu mundo.
  - Não espere que eu vá ficar 50 anos lá, vou voltar velhinha meu Deus... - Disse ela sorrindo com tom de humor e ironia.
  - Na dimensão em que vamos, ninguém envelhece como aqui, as mortes são apenas por assassinato, suicídio, maldições ou coisas do gênero. Você lutará ao nosso lado, ao lado de Kayrus e salvará um mundo muito maior que aquele em que vive.
  - Que bom pra vocês, Mas e se eu morrer lá? Não vou poder mais voltar pra minha casa não é? Ou será que nessa dimensão paralela aí vocês tem mais de uma vida?
  - Sei que oque estou pedindo é muito, sei também que você não tem responsabilidade nenhuma com nosso mundo, mas lhe peço encarecidamente que pense no meu pedido. Não vou mentir para você, oque estou pedindo pode levá-la a morte, mas apesar de conhecê-la agora eu já tenho fé em você, assim como tenho naquele que tem o mesmo Henzo que o seu, você pode fazer a diferença muito mais do que imagina, só precisei lhe observar um pouco para saber disso, tudo mais que precisar saber será explicado em breve se aceitar nos ajudar.
  As palavras de Atinus a estremeceram um pouco, porém Mari ainda estava relutante em dar uma resposta definitiva naquele momento. Ela pensou na sua vida e nas pessoas que lhe eram importantes, se aproximou do riacho respirando aquele ar puro para pensar com mais clareza.
  - Você disse que na próxima vez que eu dormisse nos iríamos nos encontrar de novo não é? Então amanhã te dou minha resposta. Preciso pensar em muitas coisas antes de te responder. - Disse ela um tanto preocupada.
  - Ótimo, estarei ansioso pela sua resposta. Logo você irá acordar, até nosso próximo encontro... - Disse ele voando e desaparecendo no ar.
  Mari não mais se assustara com tal coisa, ela já tinha visto o suficiente para que achasse aquilo algo quase normal. Sua decisão já pesava na mente antes mesmo acordar, seus pensamentos estavam mais embaralhados do que ventos em um furacão.