Ligação De Alma
Capítulo 5
EvoluçãoMari fica um tanto tímida com todos aqueles olhares dourados em sua direção, e mais ainda por ter sido chamada daquela maneira, antes de chegar ali ela ainda não sabia que os Oarians podiam ver perfeitamente as almas, uma das muitas coisas que seu companheiro de viagem deixou de explicar. O nativo que primeiro falou com eles se aproximou mais enquanto Atinus o reverenciava, então os dois se tocam com o antebraço flexionado para frente, possivelmente um gesto comum entre eles.
Fica nítido que aquele era o líder ali, uma figura imponente e de olhos dourados como os dos outros, porém mais profundos, de altura ainda maior que a de Atinus e possuía uma jóia diferente em sua armadura, esta ficava acima do peitoral e brilhava como ametista, contudo bem mais intensamente em sua cor púrpura.
- Este é Deruzio Atênio, regente dos Oarians, aquele que nos lidera. - Disse Atinus a Mari.
- Muito prazer, sou Mari! Vim de muito longe mas acho que você já sabe o motivo. - Disse ela olhando para Atênio.
- Vocês dois me sigam, vamos conversar em um local reservado. - Disse o regente.
Enquanto os dois o seguiam, Ela não pôde deixar de notar os olhares únicos de todos em volta, apesar de muitos estarem com vestimentas distintas Mari achou todos belíssimos, começava a se revoltar ainda mais com os seres horripilantes que dominavam o planeta e fazia seu povo sofrer. Logo o regente e Atinus segurando Mari se teletransportam dali, em seguida os três surgem numa sala, lá dentro só haviam paredes cinzas ao redor e mais nada, até que seu anfitrião com um simples estalar de dedos faz diversos móveis aparecerem, vários objetos como mesas e poltronas, entretanto tudo era diferente do que Mari costumava ver na terra, os objetos não tinham diâmetros uniformes e padrões retos como os de seu mundo.
- Então você é a flor mais poderosa da nossa profecia. Já estou ciente de tudo oque Atinus sabe sobre você. - Disse Atênio.
- Não sei se sou digna de tal honra. Mas espera aí... Não deu tempo do Atinus ter te dito nada ainda, então como você já sabe tudo o que ele sabe sobre mim? - Perguntou Mari um tanto desconfiada.
- É muito simples minha cara, todos nós Oarians temos alguns conhecimentos de magia e outros elementos primordiais, até mesmo nossos cientistas, quando toquei em Atinus ele me repassou tudo oque viu e aprendeu sobre sua missão, isso é básico de transmissão de informações pois em uma guerra tem ocasiões em que não há tempo nem para troca de palavras.
- Nossa... Isso é muito prático, gostaria de aprender também, vocês não precisam de botões pra nada, só movem os dedos e tá tudo certo. - Disse ela ainda impressionada.
- E você irá, inclusive quando estava tocando em Atinus durante a viagem até aqui ele transmitiu várias informações básicas a srta.
- Como assim?
- Não acha estranho você estar entendendo nossa língua perfeitamente?
- Ulha pior que é verdade... É que aconteceu tanta coisa que nem me toquei nisso, tudo é muito novo pra mim.
- Você agora pode compreender nossa língua basicamente, porém ainda não pôde transmitir informações como nós, pois pra você essa ainda é uma habilidade passiva, mas a srta ainda não vai entender palavras originárias daqui que não existem em seu mundo, como o caso de Henzo que agora já sabes o que significa, mas nesses casos também se pode aprender de maneiras mais primitivas.
- Entendo, e quando terei um novo corpo físico? Atinus disse que aqui é possível criar um idêntico ao meu original.
- É verdade, em uma hora ele estará pronto, já estamos trabalhando nisso, seu treinamento começará assim que estiver pronto.
- Tudo bem, é que eu já tô meio cansada de ser uma alma penada. - Disse Mari com um sorriso.
- Atinus você já pode ir voltar para o seu corpo e me comunique quando o corpo de srta Mari estiver pronto, designo você a ser mestre dela e ensinar-lhe tudo oque for necessário para que possa nos auxiliar futuramente. - Disse Atênio.
- Entendido Sr. - Respondeu Atinus curvando a cabeça e se afastando deles.
- Muito bem Srta Mari, agora lhe explicarei tudo minusiosamente, inclusive os motivos de precisarmos tanto de você, temos uma hora até que seu novo corpo físico esteja pronto. - Falou Atênio.
- Ótimo, assim espero, aliás... Se me permite fazer um comentário... Vocês aqui falam muito usando linguagem formal, poderiam relaxar um pouco mais nisso de vez enquando não acha? - Perguntou Mari tentando descontrair o semblante sério dele.
- Talvez você tenha alguma razão, vou levar sua opinião em consideração. - Respondeu ele ainda com a mesma expressão.
Assim durante uma hora Atênio a explica sobre seu Henzo, sobre a profecia e o papel dela em tudo aquilo, contou sobre Kayrus que era o maior herói de seu povo, porém estava drasticamente enfraquecido por motivos que mesmo eles desconheciam, mas segundo os grandes magos Oarians, o poder de um Henzo do mesmo tipo que o dele poderia fazer com que suas habilidades de outrora retornassem. Contudo Mari teria de treinar durante um tempo junto de Atinus e de outros mestres e guerreiros sob o comando dele, até que ela se torne uma verdadeira discípula dos Oarians, pois seu Henzo só poderia ser utilizado quando alcançasse o nível adequado.
Segundo Atênio, kayrus está se recuperando de uma batalha e por isso não pôde ir recebê-la, porém já está ciente de sua chegada, o simples fato dela ter o mesmo tipo de energia dele já era incrível, pois o poder de Kayrus é único e especial, nunca houve ninguém com um Henzo similar ao dele de que se tem notícia, isso é um claro sinal de esperança para eles, porém Mari terá de evoluir muito antes de qualquer coisa. O Regente também conta um pouco sobre o passado dos Oarians, entretanto antes que pudesse continuar sente Atinus se aproximando, dessa vez com seu corpo físico e o autoriza a entrar, no mesmo instante ele se teletransporta para dentro da sala já com seu corpo original, pois uma hora já haviam se passado.
- O corpo de Srta Mari já está pronto, com as informações que repassei aos nossos cientistas ele está quase igual ao original, mas com as diferenças necessárias que o Sr. solicitou. - Disse Atinus ao regente.
- Perai que diferenças? Vocês não disseram que seria idêntico ao meu original!? - Perguntou Mari interrompendo-os.
- Sim, porém você se esquece de coisas básicas Srta Mari, não existe oxigênio aqui, além disso não temos clima e nem outras diversas condições necessárias para que sua frágil espécie sobreviva em nosso mundo, por esta razão seu novo corpo será apenas aparentemente idêntico ao original, porém muito mais resistente, podendo evoluir e suportar o futuro progresso de seu Henzo devido ao treinamento místico que irá passar, e é claro não terá algumas das necessidades básicas que os humanos tem, afinal um corpo de sua espécie jamais suportaria a evolução de sua própria energia interna, por isso você será basicamente como nós. - Respondeu Atênio a ela.
- Ahh sim, realmente você tem razão, me desculpe é que é tanta coisa que eu acabo deixando alguns detalhes passarem. - Disse Mari um pouco envergonhada.
- Tudo bem, como nosso regente disse, seu corpo será muito melhor que o original, poderá viver até no vácuo do espaço, mas sua resistência dependerá do seu poder interno. Agora vamos pois você ainda tem muito a aprender. - Disse Atinus a ela.
- Vamos, estou morrendo de saudades de poder tocar nas coisas.
Durante o caminho eles passam por corredores estranhos e pouco iluminados, varias partes dele haviam portais parecidos com Recdus Roon, o mesmo que viajaram, Atinus explica que cada um leva a uma dimensão compacta e limitada criada pelos Oarians onde trabalhavam é faziam suas pesquisas. Toda aquela instalação subterrânea é protegida por um poderoso campo místico de camuflagem quase imperceptível. Logo em seguida eles entram num dos portais, porém provavelmente não sabiam que foram observados em todo o trajeto até ali, olhos estranhos se escondiam invisíveis na escuridão dos corredores daquele lugar, e murmuravam enquanto os espreitavam.
- Eu preciso matar... não aguento mais... Aargh ela é uma mortal então tenho todo direito de torturá-la até seu último sopro de vida imunda, só isso que dará sentido a minha existência. - Falou um deles com voz rouca.
- Se acalme Fanhir, não podemos fazer nada com ela ainda, quando a colheita vier nós teremos de estar preparados, por isso ainda precisamos dela, mas depois disso ela será sua. - Respondeu o outro.
- Terei de me conter, já tenho prazer em imaginar oque farei com novo corpo e depois com a alma dessa criatura ingênua, será divertido, espero que ela goste tanto quanto eu. - Disse o ser rindo e tentando conter suas tendências homicidas.
Depois de entrarem no portal, Mari e Atinus vêem oque parecia ser outro laboratório com poucas diferenças do anterior, mas dessa vez cheio de câmaras brancas com os mesmos símbolos que haviam nas armaduras e vestes dos Oarians, eles são recepcionados por alguém que os aguardava, ele os leva até uma das câmaras.
- Por aqui senhores, Srta Mari sou Berkan, chefe desde local, agora observe está câmara, seu novo corpo está nela, vou mostrar-lhe. - Disse ele.
Então no mesmo instante em que falou isso a câmara que Berkan tinha mencionado se abriu, e um corpo exatamente igual ao original de Mari estava lá, entretanto suas vestes eram diferentes, usava uma armadura parecida com a de Atinus, mas com aspectos femininos.
- Nossa meu Deus está igualzinho ao meu corpo original, nem vou perguntar como vocês fizeram isso porque acho que não entenderia nada, gostei da armadura. - Disse Mari rindo, parecia estar feliz por poder retornar ao plano físico.
- Agora eu quero você entre nesse corpo, não vai acontecer nada de ruim, permaneça dentro dele parada e nos permita conectarmos sua essência a ele. - Disse Atinus a ela.
- Sim, permito.
- Ótimo, que a magia de permissão comece.
Então a alma de Mari ganha um novo corpo após um rápido processo de ligação que os dois fazem juntando as mãos e apontando para o corpo recém criado, em seguida ela finalmente abre os olhos, dessa vez dentro do novo corpo, fica eufórica por poder voltar a tocar nos objetos. Em seguida Atinus a leva dali até outro portal onde diz que lá será um dos locais onde ela treinará, pois evoluir seu Henzo se fazia necessário, e imediatamente Atinus a inicia na artes de magia rudimentar dos Oarians.
O lugar é deserto com apenas algumas rochas, o céu vermelho sem nuvens, e apesar da falta que sente da terra, família e amigos, Mari segue arrisca aos ensinamentos de seu mestre e amigo, seu novo corpo não possuía as mesmas fraquezas de um corpo humano, ela só precisava se alimentar uma vez por mês e seu envelhecimento seria retardado centenas de vezes, sem falar de várias outras vantagens que ele lhe proporcionava.
Durante o tempo de treinamento outros Oarians também a ajudavam com ensinamentos distintos como conhecimentos básicos de química e astrofísica, ela aprendeu a voar por curtas distâncias e lanças rajadas de energia também, ainda não podia se teleportar, mas depois de alguns meses de muito esforço intensivo já tinha grande velocidade comparada a de alguns Oarians, havia se tornado não apenas mais forte fisicamente, mas também mentalmente.
Suas fraquezas emocionais diminuíram em parte, e depois de tanto tempo juntos a ligação com Atinus se tornara cada vez mais forte. Ela se perguntava como um povo tão poderoso e inteligente pôde ter sido subjugado daquela maneira, mas Atinus explicava que não é pra subestimar os Holturians, que é o nome dado às tropas de Holtus, pois eles são praticamente imunes a magia e muito poderosos também, sua crueldade não tinha limites.
Com o tempo Mari se vê ficando com uma força física incrível e também ganha mais coragem para encarar os desafios, até que certo dia Atinus a prende num campo de energia e diz que ela só continuará no treinamento se conseguir sair dali.
- Não consigo me mecher direito aqui, meu Henzo está sendo bloqueado. - Disse ela lá dentro.
- Você já deveria saber como sair de algo assim, bloqueadores de Henzo são armas comuns nos Holturians, eu já te ensinei isso, lembre-se das lições anteriores. - Falou Atinus.
- Preciso me concentrar... Me conectar com minha energia transcendente... Se me desesperar aí que não saio daqui mesmo. - Pensou ela.
Atinus já estava se afastando e indo se sentar no chão pois pensava que Mari não sairia dali tão cedo, até que algo inesperado acontece. Ela começa a emitir seu poder dentro do campo de energia que segundo Atinus, bloqueava Henzo. E Lentamente rachaduras aparecem nele.
- Não isso não é possível, apesar desse bloqueador de energia ser de baixo nível, ela não poderia sequer se mover lá dentro, cresceu muito em apenas meio ano de treinamento, nem mesmo eu sei dizer exatamente o quanto. - Imaginou ele.
Em poucos segundos Mari junta as mãos e destrói o campo inibidor de energia, ela cai de joelhos e depois se deita exausta no chão, Atinus rapidamente a pega no colo e vai carregando ela dali.
- Você foi incrível, quem diria que teria uma evolução dessas em tão pouco tempo, não é que você tem potencial? - Disse ele.
- Mas não era você que disse que eu tinha potencial na primeira vez que conversamos no meu sonho? Eu lembro de tudinho ainda sabia? - Disse ela com o semblante de exaustão.
- Ahh... Sim é verdade, porém você ainda me surpreende.
- Tu vai ver eu ainda vou te superar.
- Seria um orgulho para mim como seu mestre.
Então Mari abraça o pescoço de Atinus enquanto ainda está sendo carregada, ela gostava cada vez mais dele e de sua companhia.
- Ei cuidado, não vá se esforçar demais. - Disse Atinus.
- Não se preocupe, não estou tão debilitada assim, sou uma guerreira lembra?
-Tudo bem, vou levá-la ao seu alojamento.
Então ele a deixou no quarto, e pouco antes de sair Mari pega em sua mão.
- Muito obrigada meu amigo de outra dimensão, eu gosto muito de você sabia? Aliás de todos aqui, mesmo vocês sendo tão sérios e formais na maior parte do tempo, aprendi a conviver com isso. - Disse ela.
- Nós e que agradecemos por você ter aceitado vir ao nosso mundo e nos ajudar.
- É mas acontece que tecnicamente eu ainda não fiz nada, infelizmente Kayrus não se recuperou e eu nem posso ir vê-lo.
- Não se preocupe, o momento certo chegará em breve assim que seu Henzo for qualificado.
- Sim você já me explicou isso, é eu que sou ansiosa mesmo.
- Agora preciso ir, bom descanso pra você.
Mas antes de ir Atinus recebe um caloroso abraço de Mari, ela estava começando a gostar dele mais do que se gosta de um amigo.
Na sala do regente, Deruzio Atênio se encontra com dois Oarians vestidos de mantos de cor púrpura ondulada, provavelmente magos, os três discutiam sobre o futuro incerto de sua raça.
- Atênio, a barreira mística que criamos para deixar essa instalação imperceptível não irá nos salvar da colheita que se aproxima, em pouco mais de seis meses ela virá e se não estivermos preparados será o nosso fim. - Falou um dos magos.
- Atinus já deveria ter acabado com o treinamento daquela mortal, precisamos de seu Henzo mais do que nunca. - Disse o outro mago.
- Vai sair tudo como planejado, Atinus confirmou que em cerca de meio ano ela estará pronta, o Tarquis Tetron já está quase pronto e nosso prisioneiro será útil até lá. Teremos tempo suficiente antes da colheita.
- Assim esperamos ou todos nós pereceremos, e você comunique Atinus para ele tomar cuidado com oque ensina aquela mortal.
- Como assim? - Perguntou Atênio.
- Sentimos um poder estranho e diferente, algo que ultrapassou a barreira inibidora de energia que existe em cada portal de sala de treinamento desse complexo. E temos certeza de que é obra dela.
- Cuidarei disso. - Respondeu Atênio.
Os treinamentos intensos de Mari continuaram, e num abrir e fechar de olhos se passam mais seis meses, o poder dela tinha evoluído bastante, ela aprendera sobre os conceitos básicos não só de magia, mas de todos os elementos primordiais da criação e diversos outros ensinamentos. Atinus já havia sido alertado pelo regente a tomar cuidado com oque a ensinava, mas mesmo se limitando em certas ocasiões ele não sabia a total extensão do potencial dela, era algo que parecia não esperar.
E no final do último dia de treinamento, os dois estavam sentados em um local idêntico aquele em que se conheceram, as salas de treinamento da instalação podiam se transformar em uma espécie de holograma tangível do que o usuário precisa-se, então Atinus após o término do treinamento fez com que o lugar se transforma-se na mesma paisagem paradisíaca, com a cachoeira, riacho e árvores do sonho de Mari.
Os dois se encontravam sentados próximos ao riacho conversando, já haviam tirado as armaduras e estavam somente com vestes comuns dos Oarians.
- Nossa nem acredito que tu ainda se lembra exatamente daquele sonho que a gente se conheceu. - Disse Mari.
- É claro que sim, como poderia esquecer do lugar em que conheci um anjo? - Respondeu Atinus sorrindo, ele já fazia junto dela.
- Oooh Atinus galanteador, quem te viu quem te vê! - Disse Mari sorrindo também.
- Aprendi muitas coisas com você também, amanhã será seu teste final, depois disso a nossa missão finalmente começará.
- Sim e eu tô ansiosa.
- Não está com medo do teste final? Afinal já sabe você vai enfrentar um Holturian que mantemos preso.
- Se fosse a eu de antigamente até poderia estar, mas agora estou bem mais forte em todos os sentidos, vou enfrentar meus desafios de frente sempre.
- Era isso que eu queria ouvir.
- E tudo graças a você.
- E também graças ao seu esforço e dedicação.
- Sabe eu sinto muita falta de casa e da minha família, oque me consola e saber que o tempo lá mau avançou em relação ao daqui, então eles não vão dar por minha falta até eu voltar, a menos que eu demore muito muito tempo aqui. - Disse ela rindo.
- Você voltará bem antes do que imagina, e deixará saudades depois que partir.
- Sério que você vai sentir minha falta? Logo eu que sou tão chata e te dou tanto trabalho?
- Que isso... É um prazer pra mim cuidar de você.
- Sabe apesar de não poder sair daqui ainda, de estar próxima de lutar em uma guerra, eu me sinto muito bem porque estou com você.
Então Mari se aproxima ainda mais de Atinus, por um momento ele pensa em impedi-la mas permite sua aproximação, até que segura no rosto dela e fica olhando fixamente em seus olhos.
- O que você está querendo fazer? É um gesto que os humanos usam? - Perguntou Atinus.
- Seu bobo, vai dizer que você não sabe? Isso chama chama beijo.
Em seguida Mari o beija, sentia os lábios gelados dele nos seus que eram quentes, contrastes de cor e temperatura aconteciam naquele instante, ela se deita em cima Atinus durante o beijo e eles eram abraçados pelo vento que fazia as árvores dançarem e agitavam cantar dos pássaros em seus ninhos. E quando Mari começava a tirar as vestes dele, Atinus segura sua mão e pára de beija-la.
- Não podemos fazer isso, não enquanto meu povo sofre, não vamos esquecer da nossa missão, seu teste final é amanhã na frente de todos os Oarians deste lugar. - Disse ele.
- Você tem razão, desculpe qualquer coisa. - Respondeu ela um pouco tímida se afastando.
- Está tudo bem, você deve descansar para o teste de amanhã, será uma discípula dos Oarians finalmente, ganhará seu nome de guerreira também.
- Todo esse esforço e treinamento só pra me tornar uma discípula... Eu pensava que já seria uma mestra, espero que meu novo nome seja legal. - Disse Mari com ironia tentando descontrair.
- Quem sabe um dia? Isso não é impossível. - Respondeu ele sorrindo.
- Eu gosto tanto do seu sorriso sabia? - Disse ela com um ar de malícia.
- É melhor irmos descansar, amanhã será um grande dia. - Respondeu Atinus evitando olha-la nos olhos.
- Tá ta bom parei, tava brincando viu? Não tá mais aqui quem falou, vou descansar mesmo. - Respondeu ela rindo.
Então os dois vão cada um para seus aposentos, Mari ainda estava pensando no beijo que deu nele, mas depois resolveu se concentrar no dia seguinte, até que algumas horas depois estando sozinha no seu alojamento, ela pensa que aqueles poderiam ser seus últimos momentos no complexo dos Oarians. Por muito tempo deteve sua curiosidade em não explorar todo o lugar, apesar de que já conhecia muitos dos seus habitantes e várias outras salas de dimensões compactas durante um ano que viveu ali, porém haviam locais que eram restritos.
Contudo naquele momento sua curiosidade falava mais alto, Mari sabia que não era permitido conjurar certos tipos de magia fora das dimensões compactas de treinamento, mesmo assim se arriscou e usou uma técnica de teletransporte buscando ir até os andares mais profundos que eram proibidos para ela. Em seguida usou também invisibilidade e ficou quase imperceptível aos outros que estavam trabalhando nos níveis mais baixos do complexo, seu treinamento mostrava excelentes resultados, Mari já era superior nesse quesito a boa parte dos Oarians que conheceu.
Até que ela chega em outro grande laboratório, achou isso comum pois existiam muitos naquele lugar, entretanto esse era diferente, estava mais escuro e Mari só pôde ver um pouco do que havia ali, encontrou alguém grande de longos cabelos negros lhe cobrindo o rosto, parecia estar ferido, se encontrava preso por grossas correntes e prateadas que eram inibidores de Henzo, ela já podia reconhecer tais tipos de equipamentos. De primeira impressão pensou que fosse um Holturian, mas depois de alguns segundos viu que aquele ser não tinha estacas no corpo como um deles, e também não parecia ser um dos habitantes daquele mundo, então o que era aquilo? Foi oque ela pensou.
Nenhum Oarian tinha lhe dito nada sobre aquilo, nem mesmo Atinus, si é que ele sabia, até que derrepente o prisioneiro levanta o rosto e ao abrir os olhos, o poder de Mari começa a oscilar e sair de seu controle no mesmo instante, ele fala algo a ela.
- Idiota. - Disse ele.
Ela se assusta com seu descontrole de energia e em seguida é teletransportada violentamente para o seu alojamento, em seguida cai no chão do lado de sua cama e fica lá se recuperando, não sabia direito oque tinha acontecido, mas sabia que aquilo era muito estranho, até mesmo para seus novos padrões já que tinha visto muita coisa em um ano que viveu entre os Oarians. Porém Mari não podia ter certeza absoluta de que esse prisioneiro não era algum tipo de Holturian que nunca havia visto, não conseguia entender por que estava se sentindo tão estranha depois de estar apenas alguns segundos no mesmo lugar que ele, então decidiu não comentar sobre isso com ninguém por enquanto, nem mesmo com seu mestre.
Em outro local do complexo subterrâneo, Alguns Oarians estão reunidos, inclusive o regente e Atinus.
- Amanhã será o dia da nossa libertação, Tarquis Tetron já foi concluída, temos os dois sagrados Henzos gêmeos e a mortal parece já estar pronta. - Disse Atênio.
- A todos vocês líderes que conduziram bem suas equipes no nosso audacioso plano, lhes parabenizo, tudo sairá conforme o esperado. - Disse Atinus.
No dia seguinte, Mari e aparentemente todos os outros Oarians da instalação estavam reunidos, eram cerca de duzentos indivíduos na principal dimensão compacta de treinamento. Eles a observam a uma distância de quarenta metros, ela se prepara para enfrentar seu desafio enquanto troca olhares com Atinus, não conseguia mais disfarçar sua alegria ao vê-lo torcendo por ela.
- Tragam o Holturian. - Disse o regente Atênio em voz alta.
E no mesmo instante dois Oarians trazem um grande oponente preso a grossas algemas inibidoras de energia em seus braços, cabeça e pernas, e coberto por um manto branco, por um momento ela pensou que ele fosse o mesmo que havia visto preso nos níveis mais baixos do complexo, porém assim que o manto é removido Mari vê que era mais um Holturian comum igual aqueles que tinha visto na superfície antes. Então removeram todos os inibidores de energia, ele se liberta e olha a todos em volta.
- Isso é alguma espécie de rebelião? Então todos vocês vão morrer imediatamente, general Holtus saberá disso. - Disse ele.
- Cale a boca, si é que tem alguma atrás dessa máscara, você não tem a menor chance contra todos nós, agora lute contra nossa representante. - Falou Atênio.
- Existe rebelião em uma guerra longa como a desses caras com os Oarians? General Holtus? Ele não é um conquistador ou coisa parecida? Do que será que esse cara tá falando? - Pensou Mari.
E sem hesitar o Holturian a ataca de frente com um soco, mas ela facilmente evita o jogando longe do outro lado, a velocidade dela é incrível e parece já estar controlando a situação. Mari olha para Atinus sorrindo e então o seu oponente se ergue.
- Não sei quem é você, mais por estar aliada com os Oarians terá seu fim aqui e agora, e mesmo que eu falhe a extinção de todos vocês vira na colheita. - Disse ele.
Então mesmo sem entender nada do que ele diz, Mari o ataca com uma onda quase invisível de energia, seu oponente se desvia mas não a tempo de evitar seu segundo ataque vindo pelo lado esquerdo o atingindo em cheio, Mari sabia que não podia atacar com magia já que ele era praticamente imune, então o atacou com pura energia vinda de seu Henzo, o ataque o danificou no peitoral e ombro esquerdo.
Ele cai no chão e quando Mari avança pra atacar, então Holturian ainda caído transfere uma de suas estacas das costas para sua mão em incrível velocidade e a atinge no braço esquerdo, ferindo-a levemente, entretanto ela teve reflexos suficientes para evitar o ataque surpresa que poderia ter sido pior, sente um pouco de dor mas não se assusta com isso mas prefere evitar ataca-lo de frente.
- Ele não é grande coisa pra você, não se esqueça dos nossos treinamentos e de tudo oque aprendeu. - Falou Atinus em voz alta para apoia-la.
Mari olha pra ele e depois para seu oponente já de pé novamente, começa a se lembrar de técnicas para moldar a terra, isso não requeria magia, era outro tipo de energia, então resolve arriscar. E logo o Holturian voa rapidamente para atingi-la de frente com sua estaca na mão e centésimos antes de tocar nela ele é surpreendido com uma parede de terra que surge entre os dois, sua estaca atravessa a parede mas seu braço fica preso retardando seu ataque dando tempo de sua oponente se esquivar para trás, somente sua mão e a estaca estão do outro lado.
- Magia não pode me atingir, mesmo essa parede não sendo feita disso eu vou destrui-la. - Disse o Holturian tentando se libertar.
- Aí que você se engana meu querido, essa parede foi feita com meu poder, não é tão simples de destruir, e mesmo que você pudesse eu não te daria tempo pra isso. - Disse Mari concentrando energia elétrica na mão direita.
- O que você está dizendo sua maldita? Não sabe com quem se aliou e nem quem está tomando por inimigo sua...
Antes que ele pudesse terminar a frase, Mari corta ao meio sua estaca que tinha atravessado a parede de terra com a energia elétrica que havia acumulado.
- Sou imune a dor, não sou como vocês organismos vivos, mas vocês pagarão por isso. - Falou o Holturian depois de sua estaca ter sido cortada.
Então Mari se lembra de que não deve ter piedade daqueles seres tão cruéis que eram inimigos do povo de Atinus, tinha aprendido muito mais do que só magia e outros elementos, sua mente também estava fortalecida, então ela eletrocuta a própria estaca que tinha arrancado dele e antes do mesmo se libertar é perfurado no peitoral, exatamente no mesmo lugar onde tinha sido atingido primeiro. Porém além de perfurar ela também arrancou o braço esquerdo de seu oponente com força bruta, os circuitos já ficam a mostra. O Holturian ainda está com o outro braço preso a parede de terra, então em seguida Mari o arranca também, utilizando a mesma estaca eletrocutada de seu oponente.
E ele cai no chão começando, não parece ter condições de continuar, até que Mari monta em cima dele, e olha em seus olhos apontado a estaca elétrica pro pescoço do mesmo.
- Todos vocês Oarians vão pagar, principalmente você por parecer ser a líder dessa rebelião, a colheita acabará com todos. E você sua criatura deprimente ganhou um inimigo que não pode derrotar, todos aqui terão seus fins na colheita seus con...
Então mais uma vez ela não o deixa terminar a frase e lhe arranca a cabeça com a estaca que graças a eletricidade vinda de seu poder, estava com um corte incrível.
- Esse cara podia até ser um andróide, mas falava mais besteira que muito ser vivo por aí, os robôs daqui são bem diferentes que os do meu mundo. - Disse ela.
Então Mari pega a cabeça do seu oponente e a levanta como um troféu mostrando a todos os Oarians ali presentes, em seguida é ovacionada e recebe muitas palmas, Atinus se aproxima e lhe da um abraço, ela se sente muito feliz por ter evoluído tanto.
- Eu sabia que você era capaz, sempre soube desde a primeira vez que te vi. - Disse ele.
- Muito obrigada mesmo, tô tão feliz em ver que todos os outros finalmente mostraram alguma emoção comigo. - Disse ela sorrindo olhando para os outros.
- Você irá nos libertar, e como já deve saber apartir de agora será uma discípula da nossa raça. - Disse Atinus.
Então o regente se aproxima dela trazendo consigo seu anel que continha o símbolo dos Oarians, ele o cobre com uma magia intensa e de cor verde, depois o encosta no ombro esquerdo de Mari, ela sente um pouco de dor mas já sabia de tudo oque ia acontecer, afinal estava se preparando para aquilo há muito tempo. A marca dos Oarians estava nela e para sempre ficaria pois é uma baseada em magia de permissão, ou seja, acontece somente se aquele que for recebe-la for condizente com ela, isso fazia desse tipo de magia algo definitivo.
- Eu lhe saúdo agora com seu novo nome, aquele que para sempre será conhecido nesta dimensão, apartir desse momento seu nome será Arezza, que significa chama púrpura.
- Muito obrigada, eu me sinto muito muito honrada, treinei muito duro para alcançar esse status. - Disse ela tentando conter a emoção.
Em seguida todos saem dali e vão até o laboratório principal, o mesmo que ela tinha entrado pela primeira vez junto de Atinus quando chegou naquele lugar. Entretanto havia alguém lá esperando eles, era outro Oarian com basicamente a mesma aparência dos demais, porém, Mari que agora se chama Arezza, não conhecia ele.
- Quem é esse? - Perguntou ela.
- Este é nosso maior herói, o lendário Kayrus, já está mais do que na hora de você conhecê-lo. - Respondeu Atinus.
- Bem vindo de volta Kayrus, soube que sua recuperação já foi concluída. - Disse Atênio.
- É muito bom estar de volta, então essa é aquela que tem o mesmo Henzo que o meu? - Perguntou Kayrus a Atênio.
- Exatamente, ela se chama Arezza e já está pronta para iniciarmos com o Tarquis Tetron. - Respondeu ele.
- Ótimo, Arezza... É um bonito nome esse que você ganhou. - Disse Kayrus a ela.
- Obrigada, ainda vou ter de me acostumar, mas até que gostei, ouvi falar muito bem de você.
- Já deves saber o nosso papel no projeto Tarquis Tetron não é?
- Sim sim, teremos de transferir nossos Henzos a ele simultaneamente para que possa desestabilizar o sistema de boa parte dos Holturians lá na superfície através de um impulsionador de energia. Só com nossos poderes combinados e com a tecnologia presente aqui isso será possível, Atinus me ensinou tudo.
Enquanto ela falava isso, Kayrus mostrava um sorriso singelo, porém enigmático.
- Exatamente, você disse bem, será primeiro ataque para a retomada do nosso mundo, depois disso vamos treinar e evoluir juntos também, aliás... Me mostre seu Henzo. - Disse Kayrus.
Então ela se solta e passa a mostrar seu poder enquanto os outros em volta apenas observam, contudo, Arezza tinha uma incrível percepção além do que seu mestre sabia, e por estar elevando seu poder fora da sala de treinamento passa a notar coisas estranhas ao redor. Ela acaba desconfiando de que tem alguém a observando na espreita, se sente incomodada com isso, mas não sabe dizer onde estão e muito menos quem são. Em seguida Kayrus também mostra seu poder e sua aura da mesma cor púrpura que a de Arezza aparece, porém ela ao observa-lo desconfia que tem algo errado, sua percepção tinha evoluído bastante.
- Espera aí... Por que que eu acho que essa energia não é dele de verdade? Parece que é algo transferido, não sei explicar direito. E ainda tenho essa sensação de estar sendo observada. - Pensou ela, mas preferiu ainda não comentar nada com Atinus por não estar sozinha com ele.
Em seguida um grande equipamento é trago até onde todos se encontravam, então Arezza vê a única Oarian mulher de toda aquela instalação, entretanto as duas nunca haviam trocado uma palavra e ela raramente era vista, mas dessa vez até mesmo ela estava presente nessa ocasião. O equipamento trago é Tarquis Tetron, que segundo o regente, é um grande impulsionador de Henzo que poderia cobrir boa parte do planeta, porém somente as energias de Kayrus e Arezza podiam ser utilizadas para esse fim, isso teoricamente desestabilizaria todos os circuitos de parte dos Holturians através de uma onda de energia na superfície, os dando vantagem na guerra.
Então ambos colocam suas mãos em duas entradas no equipamento, e ele em seguida começa a sugar suas energias. Arezza já sabia de tudo oque ia acontecer, Atinus a tinha explicado nos mínimos detalhes durante seu treinamento, contudo a teoria é uma coisa totalmente diferente da prática, em poucos segundos ela começa a perder a cor dos lábios, sua pele fica um pouco pálida e seu semblante muda, mas Kayrus que também está tendo sua energia exaurida não demonstra fraqueza, então Atinus se aproxima dela pega em sua outra mão.
- Não se preocupe, vai dar tudo certo, você confia em mim não é? - Disse ele sorrindo para ela.
- Confio sim, sempre. - Arezza responde com outro sorriso.
Então instantes depois a mulher Oarian, de nome Karaza, se aproxima, parecia ser ela quem controlava o equipamento Tarquis Tetron.
Ao mesmo tempo em que isso acontecia, o prisioneiro que estava nos níveis mais baixos do complexo sentia a forte energia que estava sendo gerada ali, ele teve seu Henzo afetado só pelo fato de ter visto Arezza por alguns segundos no dia anterior, então começava a ficar mais poderoso e naquele instante tenta quebrar as correntes inibidoras de energia que o prendiam.
- Infelizes, baixaram a guarda e subestimaram ela. - Disse o prisioneiro tentado se libertar.
No laboratório principal onde todos os outros se encontravam, Arezza estava quase desmaiando, o equipamento sugou muito de energia em pouco tempo, Atinus a segurou antes que caísse.
- Já foi o suficiente, iniciar destruição da barreira planetária agora. - Disse Karaza.
Arezza ainda estava nos braços de Atinus se recuperando, mas não deixou de prestar atenção no que acontecia em volta.
- Obrigada por me segurar amigo, mas espere aí... "Destruição da barreira planetária"? Como assim? - Perguntou ela.
Karaza nada responde e fica com um sorriso enigmático, assim como todos em volta, eles estavam com o mesmo sorriso, porém agora mais explícito, alguns começavam a dar risadas assustadoras.
- O que tá acontecendo aqui? - Perguntou Arezza.
Então ela olhou para todos aqueles rostos em volta e só havia expressões macabras, e quando virou o rosto para Atinus que a estava abraçando, viu um sorriso ainda mais aterrorizante.
- Eu disse que você nos libertaria... Mortal. - Disse aquele que a segurava.
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Ligação De Alma
Ciencia FicciónTrama de ficção extraordinária sobre uma garota comum que tem uma jornada em outra dimensão, e lá aprende conceitos básicos de universo, magia e tempo. Se transforma em guerreira e salvadora, mas será que tudo isso é real ou apenas um sonho? Onde su...