Prólogo : A Maldição

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— Nunca viverão felizes para sempre. — A menina aparentemente doce, mas, na realidade, extremamente egoísta e maldosa com quem eu estava prometido a casar, gritou.

Pus meus braços em volta de Elisabeth, abraçando-a, para tentar protegê-la. Ela parecia assustada, trêmula em meus braços. Não esperávamos ser descobertos, havíamos planejado cada detalhe de nossa fuga, de maneira que nada abalasse nossos planos.

Fugiríamos em meio ao breu da noite, aproveitando-nos do sono alheio, na véspera de meu casamento, que por algum motivo desconhecido por nós, havia sido remarcado com urgência para o dia seguinte. Não soube onde havíamos errado, mas, de alguma forma, minha noiva havia descoberto meu romance secreto com Elisa e nosso combinado de fugir para unir-se um ao outro, em alguma terra distante, longe das províncias de nossos reinos, onde viveríamos como um simples casal e eu não teria mais obrigações reais, nem ela teria deveres com sua madrasta e meia irmã.

— Pensaram que eu seria enganada por quanto tempo? — Falava Antônia. — Pensavam que eu não veria seus malditos olhares durante suas visitas, que deveriam ser exclusivas a mim Príncipe Jean? Sabe que se o rei, seu pai, ficar sabendo de sua afronta contra mim e meu reino, nunca mais verá um tostão de seu ouro. Engana-te se pensas que poderá unir-se a esta pobretona, que não herdou absolutamente nada do podre pai, além das roseiras, já mortas, no jardim. O rei não ganhará guerras com roseiras mortas, ganhará? — Ela falava aproximando-se cada vez mais de nós dois, enquanto eu apertava mais Elisa entre os braços, indo para trás a cada movimento de Antônia, entrando cada vez mais fundo dentro da floresta que já nos cercava. — Permaneci em silêncio, apenas porque pensei que não serias burro de contrariar o desejo do rei. Que apenas se divertiria com esta meretriz, mas casarias comigo, esquecendo-se dela. Assim eu teria todas as suas riquezas para mim.

— Não ouse chamá-la assim, a senhorita é quem está se vendendo por uma coroa.

— Não sabes o que é passar fome Príncipe Jean. — Ela falou com voz dramática.

— Nem a senhorita, só deseja casar-se comigo, porque a senhora, sua mãe, já gastou todas as riquezas do falecido rei com bagatelas. Se soubessem usar toda a herança, que deveria ser de Elisabeth, nunca lhes faltaria nada, a nenhuma das três.

— Como pode contentar-se com tão pouco? Ao meu lado, poderia ser rei. Eu lhe daria todos os herdeiros que desejasse, não lhe faria passar vergonha perante seus convidados por não saber nem utilizar os talheres adequadamente, eu sempre seria a mais bela dentre todas em seus bailes. Serias lembrado não só por si mesmo, mas também pela esposa dedicada e bonita que teria ao seu lado.

— Não és somente disso que a vida é feita, nunca lhe amaria e, nem você, gostarias de nada em mim além do poder e do ouro.

— Como és tolo! — Ela ironizou.

Nunca havia presenciado atos como aqueles vindos de Antônia. Sabia de suas crueldades contra Elisa e do quão mimada era, a achava superficial e maldosa, mas, nesse momento, seus gritos ecoavam em meio a mata, onde nos encontrou após seguir Elisa. Sua bela face, que em alguns momentos, quando tentava seduzir-me, se parecia quase angelical estava contorcida de tanta raiva. Ela ria assustadoramente diante de minhas palavras como se nada lhe parecesse sério. Naquele instante, comecei a temê-la, pois, ela parecia ter perdido a sanidade.

— Já que sou uma pessoa muito bondosa, lhes darei uma última possibilidade. Deixo que dê a Elisabeth um pouco de ouro, para que ela possa fugir e encontrar um lugar para viver bem longe de nós, esqueço a noite de hoje, caso-me com você e você vira rei. Ainda te aceito Jean e só deixá-la ir.

— Mas não lhe quero Antônia, nunca lhe quis, nem fingi querer. Sabes bem que nunca foi desejo meu casar-me com você, nem me tornar rei. Quero apenas sair deste lugar, para um reino onde não tenha obrigações reais, onde eu possa trabalhar com algo que eu goste e viver com quem amo. — Respondi, ainda abraçando Elisa que soluçava, chorando em meus braços, ela sempre me avisou do que Antônia era capaz de fazer se nos encontrasse e eu sempre lhe disse que a protegeria.

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