O passado

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Depois de minha mãe ter me dado boa noite, eu comecei á dormir. No dia seguinte, eu acordei com uma vontade de pular corda, eu adorava pular corda e não podia ficar um dia sem pular. Acabou que minha mãe acabou não deixando eu pular, não pude saber o motivo pois ela não quis contar. Então,  como eu não podia pular corda, eu resolvi conversar com minha avó, ela estava fazendo aquele café forte coado dela, que ninguém recusava tomar.

Todas as visitas que minha avó recebia, era das amigas delas que também eram idosas, geralmente iam lá para tomar um café, e conversar sobre a manhã, eu não sabia o que era cidade, eu vivia no campo e não reclamava de não ir á um shopping ou á um supermercado enorme e moderno, para mim a feira era o supermercado e as lojas de comércio eram o shopping, porém não posso negar que minha curiosidade nestas coisas eram enorme! Depois delas conversarem bastante, as amigas de minha avó foram embora, nos despedimos e eu fui para meu quarto brincar com minhas bonecas, quando minha vó entrou e me falou:

-neta, quer saber mais algumas coisas de meu passado?

Eu não pude recusar e quis saber sim, ela me contou que antes ela era uma pessoa má, e que não se importava com a vida, no começo eu não acreditei, como uma pessoa boa poderia ser mau no passado antes? Eu não compreendi, mas deixei ela contando mais. Ela foi dizendo cada a cada frase o seu passado cruel, disse que era gananciosa e cruel, não gostava das pessoas boas, e que odiava a vida. Eu achei que ela estava brincando, mas depois vi que ela estava falando totalmente sério! Ela me contou que era prostituta, mas fez isso para sustentar minha mãe, e eu á compreendi, minha avó me deu educação e me ensinou á não julgar as pessoas pelos seus erros. E hoje eu á agradeço por ter me ensinado isso, minha mãe era ocupada, trabalhava 16 horas por dia, e eu sentia falta dela, mas minha avó estava ali para me amar e me dar toda a atenção que eu não tinha da minha mãe.

Porém, depois de minha avó me contar mais um pouco de seu passado, já era 19:00 e ela tinha que fazer o jantar, ela o fez e me chamou para comer, e eu á disse que estava sem fome. Ela estranhou, pois eu não sou de ficar com fome, mas naquele momento eu não estava com fome. Ela me chantageou dizendo que se eu não comesse, eu não iria brincar com meu ursinho chamado manteiga. Eu fui comer sem fome mesmo, pelo meu ursinho eu faço tudo. Bom, não era exatamente ursinho, era um "ursão" que eu dormia com ele, e não conseguia dormir sem o mesmo, então eu fui comer obrigadamente, mas fazer o que né, a vida não é justa com a gente nem mesmo criança. Eu fui comer e depois fui tomar um banho, enquanto minha vó estava costurando. Minha avó me chamou depois de eu sair do banho, ela pediu que eu fosse para a padaria comprar uns pães frescos, sempre era ela, mas dessa vez ela estava costurando e ocupada costurando. Então, eu aceitei, mas nunca fui comprar pães, era minha primeira vez e eu não sabia como pedir e nem sabia se cobrava por cada pão ou por peso. Mas do mesmo modo eu fui, e cheguei na padaria e pedi uns 10 pães, mas infelizmente o moço pegou 10 pães e foi pesar e disse que não estava mais fazendo cada pão 30 centavos. Eu fiquei sem saber o que fazer, se iria dar R$3,00 ou se iria passar. Felizmente deu R$2,80 e eu dei á ele os 3 reais e ele me deu 20 centavos de troco. E eu atravessei a rua, e voltei todo o caminho que fiz para chegar até a padaria. Isso foi meio que óbvio, mas eu achei fácil na época! Cheguei na minha humilde casa e já fui direto pra minha cama, minha avó perguntou se eu não gostaria de ouvir o novo capitulo do passado dela, eu disse que eu nunca perco um capítulo dessa história emocionante dela. Já era 23:00 horas, e ela me contou algumas coisas, disse que antes brigava muito com minha mãe, á ponto de espancar ela. Eu achei isso horrível, mas ela disse que tinha se arrependido de cada corte de cinta que ela deu na minha mãe. Eu fui dormir com um pouco de trauma com medo de minha mãe ter pegado ódio de minha avó e descontar em mim. Mas daí lembrei que tudo foi no passado e que agora atualmente já estava tudo bem, pelo menos é o que eu achava. 

Quando chega a chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora