Eu não queria mais ficar naquele orfanato, tudo estava tão sem graça, estava com saudades de minha mãe e minha avó, confesso que até das vizinhas fofoqueiras, o Steven tinha ido na intenção de me ver, porém ficou com aquela menina chamada Rafaella, já não gostei dela. Eu estava com muitas saudades da minha casa, porém eu encarei isso numa boa, sei que isso foi por uma boa causa, mas o que eu mais tenho medo, é ficar pra sempre sem as histórias de minha avó. Não vou mais ter toda noite um novo capítulo da história de minha vó. Depois de 30 minutos conversando com a rapariga da Rafaella, o Steven veio falar comigo, perguntou se eu queria doce, ou um ursinho (na hora deu vontade de falar que queria um beijo). Porém, eu disse que gostaria de apenas um chocolate, porque no orfanato não tinha, ele saiu e depois de uns minutinhos voltou com o chocolate. Enquanto eu estava comendo, ele bateu no chocolate e eu me engasguei. Pegaram um copo de água, e eu bebi, e passou. Mas, Rafaella e as outras meninas ficaram rindo de mim. Eu me irritei com elas, e joguei o restante de água nas mesmas. A zeladora chegou e me colocou de castigo. Steven disse que eu só apronto, sendo que foi o mesmo que fez eu me engasgar, eu não entendo, como pode isso? Desde os meus 10 anos, sempre fazendo o meu papel de trouxa. Ele foi embora sem eu dar tchau, até porque eu dei vácuo. Chegou a hora do jantar, e todos se reuniram na mesa, algumas meninas estavam falando de mim pelas costas, comentários do tipo: "Essa garota é estranha", "o que essa garota está fazendo aqui?". Eu não aguentei, reclamei com a zeladora, e a mesma disse que como eu sou uma moradora nova, minha opinião não tem valor algum. Eu me irritei mais ainda, como assim Jesus? Então quer dizer que todos estão com preconceito porque vim da roça? Elas não tem nenhum pai, e nem por isso estava zombando elas. Mas eu acabei olhando pra Laís, ela tinha cabelos negros e olhos verdes. Eu estava apaixonada? Sim, estava. Ela sorria pra mim com aquele sorriso de orelha a orelha. Eu estava simplesmente apaixonada, esqueci quem até era Steven na hora. Eu como sou ansiosa, fui falar com ela. Eu sou super direta eu, e acabei falando que estava gostando dela. Ela deu risada e me chamou de sapatona. Ela disse alto, e todos ouviram e começaram a dar risada de mim. Eu chorei lá mesmo, e a mesma pediu desculpas. Eu saí correndo para o quarto das meninas e ela me seguiu. Chegando lá, ela me viu chorando na cama, deitou ao meu lado e disse "agora que estamos sozinhas, podemos". Ela fechou a porta e apagou as luzes. Eu fiquei assustada impactada e não conseguia me mexer, até que ela me beijou. Ficamos nos beijando por minutos, duas crianças de 10 anos, nem sabiam o que era menstruação direito, se beijando numa cama no escuro. Porém naquele momento, eu me senti completamente amada. A carência diminuiu, porque ela já me deu tudo o que eu precisava. Eu precisava de alguém para me dar carinho. Ali mesmo, ela me pediu em namoro e nos abraçamos emocionada. Ela mais uma vez pediu desculpas por me chamar de sapatona, a mesma disse que foi na hora da pressão. Eu a perdoei, e voltamos a mesa. Já tinham saído, só estava o Bernado, cozinheiro. Nós duas fomos para o jardim de mãos dadas, muitas meninas ficaram nos olhando de queixos caídos. Até que ela me deu uma nutella de repente, eu aceitei e queria dividir com ela, porém ela já tinha a sua, mas de qualquer jeito, eu queria uma cena romântica, ela aceitou e dividimos as duas nuttelas. Já deu a hora de dormir, ela estava linda com seu pijama e subimos aquelas escadas que pareciam que iam para o céu de tão altas, até que algo aconteceu. Estávamos subindo, e ouvimos uns barulhos. Pois é, eram bandidos entrando na casa. Ficamos no terceiro andar, porém dois bandidos estavam do nosso lado. Tamparam nossa boca com um pano bem fedido e disseram para calarmos a boca. No momento de medo e desespero, obedecemos. Eles disseram para contarmos aonde estava todo o dinheiro do orfanato. Eu disse que não sabia, porém Laís disse que sabia, mas não iria contar. Eu gritei para ela calar a boca, mas ninguém me ouviu com o pano. Eles disseram que se nenhuma de nós duas falasse, alguém ali iria morrer. Eles levaram a Laís pra longe de mim, e eu desesperada gritando para ver se alguém acordava. Já eram 03:00 da manhã, até que eu ouço o grito da Laís, sim, eles jogaram ela do terceiro andar.
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Quando chega a chuva
Historia CortaMaria Francisca, na época uma idosa de 65 anos, tem uma neta chamada Natalia, de apenas 10 anos, que hoje já está adulta, a história delas são um exemplo de um relacionamento entre Avó e Neta. Maria Francisca sempre antes de dormir, contava á sua ne...