Capítulo 04

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Quando cheguei em casa, estava tudo muito quieto. Era sinal que meu pai ainda estava dormindo. Olhei no relógio e vi que não eram nem nove horas da manhã ainda. Daqui a pouco ele irá acordar e provavelmente irá me encher de perguntas do porque eu não dormi em casa. Mesmo já sendo bem crescidinha, eu ainda era a garotinha do papai. Era melhor sair sem que ele me visse.

Subi correndo para o meu quarto, tomei um banho rápido e coloquei meu biquíni verde com detalhes dourados, uma bermuda jeans e uma camiseta branca. Juntei minha canga, um livro, meu Ipod, óculos, protetor solar, um creme leave in com proteção solar, um pente para pentear meus cabelos e joguei tudo para dentro de uma bolsa de praia, junto com minha carteira e o meu celular... Droga, merda... Esqueci o maldito celular do Tiago com o Diego. Assim é melhor, sem tentação durante um dia inteiro.

Quando termino de arrumar tudo, calço meus chinelos e vou para a cozinha atrás de um café da manhã. Chegando a cozinha, encho um copo com suco de laranja de caixinha e vou em busca de algo para comer, mas ouço uma buzina em frente a minha casa. Deve ser a Deb. Pego um cacho de uva que já deixei lavado na geladeira, termino meu suco e escrevo um bilhete rápido para meu pai, avisando-o que estive em casa, estou bem e que no fim do dia eu volto.

Quando abro o portão, vejo Deb com a bunda encostada na porta o carro me esperando. Um baita carro, diga-se de passagem.

- Você está atrasada. – Ela me diz, sorrindo e me dando um abraço.

- Em minha defesa, posso dizer que a culpa não foi minha. É muito difícil tirar um homem do tamanho do Diego de cima da gente, sabia? Demorei mais do que eu imaginei, até convencê-lo a me trazer pra casa. – Digo, enquanto retribuo o abraço e me abaixo para dar um oi para o Carlos, que está atrás do volante.

Vejo que o tal amigo de Carlos está no banco de trás, parece dormir com a cabeça virada para o lado contrário ao que estou entrando. Sinto um leve arrepio percorrer meu corpo quando sento ao seu lado. “Deve ser o ar condicionado do carro.” Pensei, até que meu companheiro de banco traseiro, acordou e veio me cumprimentar.

Quando seus olhos se fixaram nos meus, meio sonolento e confuso, a única coisa que eu pensei foi em fugir.

Deb vendo que nós nos encarávamos resolveu nos apresentar.

- Anne, esse é o...

- Tiago... – Eu sussurro, completando a frase dela. - O que você está fazendo aqui?

Vi o olhar dele passar de confuso, para surpreso e agora me encaravam com indisfarçada diversão, enquanto eu estava congelada por dentro e por fora.

- Anne, quanto tempo não nos vemos... – Ele disse e sorriu de uma forma que fez o frio na minha espinha aumentar e em contra partida, surgiu um calor no meu peito. Pena que não dava mais tempo de resolver não ir para a praia.

- Sim. Doze anos. – Respondi, tentando sentar mais afastada possível dele. - Doze anos e três meses... – Murmurei para mim mesma.

            - Doze anos, três meses e cinco dias... – Ele murmurou de volta, olhando pra mim.

            Pelo visto a audição dele ainda era ótima.

            - Vocês já se conhecem? - Perguntou Carlos, nos olhando pelo espelho retrovisor, enquanto dirigia.

            - Já... – Falamos os dois ao mesmo tempo.

            - Nós éramos vizinhos antes dele ir morar fora do país. - Eu respondi e me virei para o lado contrário ao que Tiago estava. Não quero olhar pra ele, não quero sentir seu perfume amadeirado e muito menos quero sentir a proximidade do seu corpo.

Às Voltas Com o Amor -  Anne - (Capítulos Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora