Capítulo 1

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13.07.2006

Acordei sobressaltado após ouvir grito de súplica da minha mãe:
- Não por favor, faz o que quiseres comigo, mas não lhe faças mal, ele é apenas uma criança!

Estava tudo escuro e a única luz proveniente no quarto era a do despertador que tinha em cima da mesinha de cabeçeira. Este marcava as "03:30" da madrugada, por isso apercebi-me de que não poderia ser apenas uma discussão entre o meu pai e a minha mae pois ele ainda se encontrava no trabalho e só regressava de manhã.

De seguida ouço a voz da pessoa com quem a minha mãe discutia:
- Está calada, não me digas o devo ou não fazer. Eu é que sei!

Será um ladrão? Pensei para comigo.

Num ato de coragem saio do meu quarto apenas envergando o meu pijama do homem aranha e as minhas meias rotas no dedo grande do pé. Sorrateiramente atravesso o pequeno corredor que separa o meu quarto do quarto dos meus pais, abro a porta de fininho mas para meu mal ela range e eu amaldiçoou-a mentalmente. Quando olho para o interior do quarto deparo-me com uma das imagens que iria mudar por completo a minha vida. A minha mãe encolhida na cama com um olhar assustado, a tremer por todo o lado, a implorar pelas nossas vidas . Ela estava tão vulnerável.

À sua frente e de costas para mim encontrava-se o mostro que ameaçava tirar as nossas vidas com uma arma, era um homem alto, de cabelo claro cacheado.

Quando a minha mãe se apercebeu da minha presença ficou ainda mais apavorada, a sua postura mais tensa e a sua cara mais pálida .

Eu encontrava-me aterrorizado, mais branco do que papel, a olhar para eles os dois , queria mexer-me, fazer alguma coisa, mas neste momento ja não tinha mais controlo sobre o meu pequeno corpo, sentia os meus pés colados ao chão e o meu corpo petrificado, procurava pelo ar nos meu pulmões, mas neste momento ele era inexistente.

Ouvia o homem berrar com a minha mãe, mas era como se fosse a kilometros de distância, eu nem conseguia entender o que ele dizia, simplesmente o meu cérebro não conseguia processar.
Ao aperceber-se de que a minha mãe não estava a olhar para ele, o homem segue o seu olhar e depara-se comigo na entrada do quarto. No mesmo momento em que o homem olha para mim, a minha mãe grita :
- Corre Chris, foge enqua.....
Ela não conseguiu acabar de falar, em vez da voz assustada da minha mãe, naquele quarto apenas se ouviu um "PUUM".

Instintivamente fechei os olhos. Ao aperceber-me do que se acabou de passar abri-os, mas não foi uma boa ideia pois assim que os abri defrontei-me com a pior imagem que um menino de 8 anos pode imaginar, a minha mãe estendida na cama, com uma enorme poça de sangue ao lado da cabeça e bem no meio da testa, um enorme buraco feito por uma bala.

Todo este episódio se passa em câmera lenta bem diante dos meus olhos.

Olhei para o homem perverso à minha frente e pela primeira vez consegui ver na perfeição todos os seus traços. Os traços do homem que me iria atormentar cada vez que fecha-se os olhos, cada vez que me lembra-se da minha mãe. O homem que substituiu a infância feliz que eu deveria de ter por uma infância que apenas me causou agonia, dor e lembranças da pior noite da minha vida.

Jurei carregar na minha memória para todo o sempre esses miseráveis traços e jurei vingança, mesmo que isso custa-se a minha própria vida.

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