- Hoje, eu mostrarei para vocês algumas técnicas de fotografia. Não é nada tão difícil, vocês já aprenderam coisas mais difíceis, não há com o que precisem se preocupar. O primeiro são os close-ups.
SeHun anda pelo auditório, enquanto explica os conteúdos para a turma, e tudo o que eu menos queria era estar aqui. Não pela presença dele aqui - na verdade, isso é o que menos me incomoda em tudo. A realidade é que estou exausta e sem a menor condição de prestar atenção em uma única vírgula que SeHun diz, apesar de seus olhos estarem focados nos meus quase o tempo todo. Ele sorri para mim e eu retribuo o sorriso, apesar de algumas pessoas ao redor de nós nos olharem como se estivessem desconfiados de algo. Recolho-me em meu assento, ajeitando meu cabelo sobre meu pescoço, e continuo perdida em pensamentos e na imagem impecável daquele homem belo, alto e provocante que segue andando por cada centímetro do piso de madeira, exibindo sua perfeita forma física e ombros largos como os de um atleta.
O mal-estar que sua casa me trouxe não consegue apagar minhas memórias do que ocorreu ontem, naquela tarde escura e levemente assustadora. O jeito como SeHun fazia tudo parecer insuficiente, como se eu precisasse mais dele para me sentir daquele jeito outra vez, me faz sentir como se ele fosse uma droga pesada, da qual eu adoraria provar mais. Apesar disso, esse é o único sentimento que eu consigo ter por ele, nada além do carnal consegue manter minha mente nele. SeHun teve o que queria de mim, e mesmo que eu não soubesse que o queria, eu também o tive. Ele foi incrível, mas o que eu queria já me foi dado e eu acredito que eu e ele não iremos passar disso jamais. Seja como for, eu estou feliz.
As fotos que SeHun tirou de meu corpo colorem os slides na parede e, de repente, eu começo a me sentir quase bem por tê-las tirado. Cada marca avermelhada, profunda em minha pele, a textura das cordas, urticantes, e as roupas grossas de couro, tudo de forma aproximada, trás a mim sentimentos que eu não pensei que teria ao ver cada uma delas. Os outros alunos ao meu redor, que não passam de vinte e cinco, expressão reações de surpresa quando veem a obra gráfica que SeHun criou em mim.
- Você tirou essas fotos, senhor Oh? - um dos meus colegas, Bryan Langdon pergunta para ele. SeHun sorri.
- Não gosto de pagar direitos autorais para ninguém.
- E quem é a gostosa que você fotografou?Sehun franze o cenho e dá um sorriso malicioso. Olho para ele, nervosa, mas seus olhos estão focados demais em Bryan para que ele me olhe.
- Isso importa?
- Não que importe, mas uma mulher assim merece ter sua identidade revelada, não acha?
- Não acho.
- Devo dizer que ela me lembra alguém.
- Lembra? - SeHun pergunta, desviando seus olhos suavemente para mim. Indico com meu dedo que não, eu nunca havia estado em frente a Bryan da forma como ele imaginava, e ele dá um sorriso com os lábios comprimidos, desviando para o garoto loiro mais uma vez.
- Ela não é ninguém que você conheça, senhor Langdon. E mesmo que a conhecesse, o que eu e ela fizemos não é da sua conta. Estamos entendidos?Bryan dá de ombros e cala a boca, e SeHun continua a andar pelo auditório, explicando-nos cada forma de tirar fotos como aquelas. Não guardo uma informação que seja, e agradeço profundamente por SeHun estar colocando absolutamente tudo o que fala no quadro branco atrás de si, pois vou anotando tudo com a cabeça nas nuvens. A forma como ele me defendeu foi, simultaneamente, protetora e estranha. Não é como se ele necessitasse odiar Bryan por ter feito com comentário sem fundamentos e falando de mim mesmo que não soubesse que se tratava de meu corpo ali. Ignoro isso e vejo os últimos alunos indo embora do auditório. SeHun senta-se em sua cadeira, cruzando os braços e olhando para mim, como se estivesse me chamando. Guardo meu material e vou até ele, sem muita pressa, e ele me olha como se apreciasse cada movimento meu, o menor que fosse. Quando piso no mesmo chão de madeira onde ele está, ele puxa-me para seu colo, onde eu me sento. Ele beija meus lábios rapidamente, e eu não recuo para evitá-lo, apenas aproveitando o quão divertidos esse contatos ainda são para mim.
- Você ficou incomodada com Bryan? - ele pergunta. Balanço minha cabeça em negativa e ele permanece alguns segundos sem me dizer nada. - Ninguém sabe que foi você e nem saberá. Não precisa se preocupar.
- Eu não estou preocupada. Não mesmo. E suas fotos ficaram incríveis, você fez um ótimo trabalho - digo para SeHun, e ele dá um sorriso aberto, satisfeito.
- Você foi a melhor modelo do mundo para mim, Joanne. Eu quero te pedir outro favor.
- Você quer...
- Não! Bom, ao menos que você queira. Eu quero saber se você aceita jantar comigo hoje à noite.Surpreendo-me e arregalo meus olhos. Um jantar? Se isso não é o convite mais do que óbvio para um outro encontro sexual, eu não sei mais o que isso é.
- Onde será?
- Não se preocupe. Eu não te decepcionei da última vez, não foi?
- Onde nos encontramos?
- Eu te busco na sua casa, às oito. O que acha?
- Sera ótimo, SeHun. De verdade.•••
Às oito horas em ponto, ouço a buzina do carro de SeHun em minha porta. Saio, ajeitando meus cabelos no espelho, e os saltos altos produzem sons altos no piso. Caminho até SeHun, e quando entro em seu carro, ele mal consegue falar. Seus olhos percorrem meu corpo de cima a baixo, encantado. Na verdade, não compreendo bem a razão para seu espanto, já que estou vestida de uma forma tão simples. Um vestido longo e preto cobre meu corpo, e scarpins estão em meus pés. Meus cabelos, lisos e no meio de minhas costas, estão penteados e partidos ao meio, e um batom vermelho colore minha boca. SeHun olha nos meus olhos, sem ar.
- Você é a mulher mais linda do mundo ou eu estou ficando louco?
- Você está louco.
- Bryan não diria isso.
- SeHun, eu já disse que estou bem com isso.
- Eu sei que está, perdoe-me. Vamos lá. Eu tenho certeza de que vai gostar do lugar onde vamos.•••
- Então, você gostou das fotos?
- Claro que sim. Você foi incrível, SeHun. Eu nem sei bem por quê nunca fotografamos antes, parecemos nos dar muito bem juntos assim.
- Só assim? - ele pergunta, tomando um gole de sua taça de vinho. Meu rosto enrubesce, não o suficiente para que ele note.
- Você sabe bem que não.
- Você não pareceu ter gostado de transar comigo.
- Não me entenda mal, eu gostei disso. Mas havia algo naquele ambiente que fez com que eu me sentisse mal. Não sei se era a ausência de sons ou o se era o quão branco era o quarto, mas algo fez eu me sentir mal. Perdoe-me, eu disse que a culpa não era sua.
- Minha casa é feita de paredes à prova de som. Barulhos me incomodam. E aquele quarto inteiro branco é o cômodo da casa para onde eu vou quando estou estressado demais. Ele me acalma demais. Está tudo bem, você não precisa entrar lá outra vezes já que eu sei que isso te incomoda. Sabe, - ele diz, e segura minha mão que está em cima da mesa - sua companhia foi tão incrível. Eu não me sentia bem assim já havia muito tempo, eu acredito que você saiba disso. Eu sou tão solitário quanto você, e a solidão é ruim demais para a cabeça. Eu não tenho tantos amigos, e você é uma das únicas pessoas a quem eu dou o privilégio de serem chamadas assim. Há algo quando nós nos tocamos, Joanne. Como eletricidade. Você me trouxe de volta à vida. Você tem noção do que faz comigo?Minha respiração é ofegante e meu coração bate sem ritmo. Ele havia levado muito a sério. Muito, um pouco demais. Não era aquilo o que eu esperava dele, mas ele certamente esperava mais de mim do que só uma única vez. Eu não sei como responder ou reagir, nem bem como seguir daqui pra frente.
- SeHun, tudo o que você disse foi realmente incrível. Onde você quer chegar com isso?
- Você sabe onde eu quero chegar.
- Não, eu não sei.
- Joanne, eu quero que você fique comigo.
- Não já fizemos isso?
- Eu quero isso mais, Joanne. Eu estou sentindo algo diferente por você, eu só quero que você aceite isso.
- SeHun, perdoe-me, mas eu acho que já tivemos o suficiente disso.
- Por que?
- Porque não é isso o que eu quero. Eu estou aproveitando só esse momento que nós tivemos, e eu acho que é mais do que necessário para nós dois.
- Isso não é o suficiente para mim, Joanne. Por favor.
- Por que nós não continuamos os amigos que sempre fomos? Vai ser melhor assim.
- Eu...eu pensei que...quer saber, esqueça disso. Desculpe-me, eu acho que exagerei. Eu não estou assustando você, estou?
- Mas é claro que não, SeHun. Eu confio em você, nós somos amigos.
- Amigos, claro. É o suficiente, não é? - ele me pergunta, relaxando em sua cadeira. Seus olhos escuros olham fundo nos meus, profundos e com milhares de palavras silenciadas neles. Ele toma outro gole da taça de vinho, e eu faço o mesmo.- Sim, SeHun. É o suficiente.
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the watcher. ;; osh
FanfictionJoanne Langhorn é uma estudante de artes visuais que tem como seu professor favorito Oh SeHun. Ela não sabe, porém, que não só também é a aluna preferida dele, como também é sua obsessão.