Haunted

416 35 24
                                    

- Alina Matiaz?
- Presente.
- Andrew Douglas?
- Presente.
- Beatrice Michaels?
- Presente.
- Bryan Langdon? Bryan está por aí?- a professora de edições fotográficas, Maiah Haärt pergunta. Olhamos ao redor, e não há sinais de Bryan por aqui. Maiah ajeita seus óculos, e os sobe para cima de seu nariz. Passamos o olho pela classe repetidas vezes e isso ainda não faz sentido. Bryan é um filho da puta e quase ninguém simpatiza com ele aqui, mas ele é um aluno extremamente aplicado e eu não me recordo de apenas um dia em que ele tenha faltado durante todo o tempo em que estudamos aqui. Apesar de, como eu, todos os seus amigos terem abandonado o curso (na verdade, até mesmo sua namorada saiu da faculdade e o largou, começando a sair com a irmã dele depois), ele nunca se abalou por isso. A atmosfera esquisita que a ausência de Bryan está fazendo não afeta apenas a mim.

- Pessoal, hoje vamos continuar a utilizar alguns programas de edição. Vocês sabem que eu odeio pra caralho essa merda falsa, mas eu sou uma professora que não escolhe o que pode ou não aplicar de conteúdo. Aliás, é até bom que vocês aprendam que suas fotos, no início, ficarão horríveis. Vocês sabem que eu fiz faculdade com Oh SeHun, não sabem? Pois bem, ele era péssimo em fotografia. Ruim mesmo. O bastardo aprendeu com o tempo e está mil vezes melhor do que eu.

Ouvir o nome de SeHun me arrepia. Desde o dia de nosso último jantar, não temos nos falado direito, e nosso único contato propriamente dito tem sido nas suas aulas, duas vezes por semana. Rejeitá-lo não era o que eu queria ter feito, e eu tento o máximo para pensar que não foi isso o que eu fiz, mesmo quando eu sei que foi. Os olhos decepcionados e cansados de SeHun são tudo o que vem na minha mente a cada vez em que eu lembro daquela noite. Eu me arrependo por ter feito isso da forma como fiz, e talvez eu pudesse tê-lo machucado menos. Eu errei, eu errei e não me orgulho disso.

Maiah é amiga de SeHun a mais de nove anos, desde que ambos, com dezoito anos de idade, decidiram prestar vestibular para uma das faculdades mais prestigiadas de Nova York. Foram aceitos, em primeiro e segundo lugar, e desde esse dia, tornaram-se amigos e viviam competindo pela glória. Maiah é a única professora simpática com todos nós; as outras professoras ou são estupidamente grosseiras ou são tão ignorantes que chego a me perguntar como elas sequer se formaram em uma faculdade. Ela é divertida, excêntrica, sem pudores alguns,  não parece nem ao menos uma professora. Perdi as contas de quantas vezes já tentaram fazê-la ser demitida, sem nunca conseguirem. Porém, hoje, há algo de estranho. Os olhos dela passam por entre a classe, e sempre param em mim, como se ela quisesse dizer algo, como se algo a afligisse. Ela não consegue prestar atenção em si mesma, acabando por atrapalhar-se diversas vezes, o que faz com que ela disfarce seus erros com risadas e desculpas de que está cansada demais para conseguir dar uma aula de quase uma hora sem perder o foco e a linha. Quando a classe é dispensada, demoro a arrumar meu material como sempre faço, e vejo suas pernas longas e pele cor de chocolate andando apressadamente em minha direção. Ela se senta ao meu lado e eu franzo minhas sobrancelhas.

- O que deseja, senhorita Häart?
- Eu quero te alertar sobre algo. É sobre SeHun.
- Está certo, eu sei que cometi erros com ele e que eu deveria ter sido mais delicada ou algo assim, mas eu não faço ideia de como pedir perdão sem parecer que eu estou dando-lhe a chance que ele pediu e...
- Ei, eu não faço ideia do que você está falando. Pelo amor de Deus, ouça-me. Eu não dou a mínima para o que já aconteceu entre ele e você, mas isso é importante. Eu sou amiga de SeHun, e ele me conta muito sobre a vida privada dele. Ele é um homem muito solitário e eu me sinto mal quando algo lhe acontece. Esses dias, ele parou para falar sobre uma menina que ele já ama a três anos, mas que não dá a mínima para ele. Estaria tudo bem, se ele não tivesse me dito o quão obcecado nela ele se tornou. O quanto ele odeia ver qualquer homem se aproximando dela e o quanto ele faria de tudo, tudo para tê-la com ele. Essa menina é você, Joanne. Não só você é essa menina, como é arriscado para você que continue fingindo que está tudo bem. SeHun é perturbado por muitas mágoas do seu passado, e eu tenho medo de que ele possa ser nocivo para você. Eu não sei pelo quê você e ele passaram, nem qual o grau de aproximação que você permitiu a que vocês dois chegassem. Mas eu o conheço bem o suficiente para saber que ele pode fazer coisas preocupantes caso as coisas não saiam como ele quer.
- Espere, o que você está tentando me dizer? Nada disso está fazendo nenhum sentido para mim.
- Joanne, SeHun é perigoso para você e ele vai te caçar até o fim do mundo se não tiver você. Eu tenho contatos em outras faculdades daqui, até mesmo de outras cidades, eu poderia ajudar você a sair daqui. Além disso, eu tenho isso aqui e estou confiando a você.

the watcher. ;; oshOnde histórias criam vida. Descubra agora