Capítulo Um - O Príncipe sem Fé

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O sol começava a se levantar no horizonte, quando Valakar acordou de sobressalto, ele suava e ofegava, tinha um aspecto cansado, ele passou os dedos sobre os cabelos cinzas nervoso, se perguntava o porquê das lembranças da morte de Lukarr ainda o assombravam. Já haviam se passado cinco anos desde sua morte, mas as lembranças ainda estavam vivas como no dia ocorrido, o dia em que perdera seu melhor amigo, o dia em que perdera sua fé.

Ao olhar pela janela lá estavam eles novamente, os dois corvos com as penas negras cintilando a luz do sol, desde e a morte de Lukarr ele notara a presença das aves, no começo apareciam de vez em quando, dia sim, dia não. Porem no ultimo ano as aves começaram a ronda-lo diariamente, Valakar já não sabia o que pensar sobre elas, quando comentou sobre elas com seu pai, embora a resposta dele fosse exatamente a que ele não queria ouvir:

- São os corvos de Odin, o Deus esta olhando por você meu filho! Algo grandioso deve estar por vir.

- Odin? Olhando por mim? Ah , mas é claro ... como eu não pensei nisso? Com certeza ele está sentado tomando chá de ervas com o Thor discutindo sobre como a minha vida é patética...

 Valakar foi interrompido bruscamente, tal resposta não seria tolerada pelo Rei, dessa vez ele havia passado dos limites, pelo menos na frente do pai.

- Valakar!! Que blasfêmia, Odin é o Deus dos Deuses! Os deuses olham pelo nosso povo a gerações! – logo os gritos do rei ecoaram e foram ouvidos por todo o castelo - A nossa prosperidade é devida a eles, eu não permitirei que o meu filho, meu sucessor diga tais atrocidades! – e foram ficando cada vez mais altos - Você tem que aprender a respeitar os deuses Valakar, que tipo de rei pretende se tornar! O rei é pilar do seu povo, ele deve proteger e reger o povo de acordo com a vontade dos Deuses, um Rei sem fé, tem seu reinado condenado ao fracasso!

Ao fim do discurso seus olhos faiscavam de raiva e seu rosto estava vermelho com rugas ao redor dos olhos. O pai de Valakar repreendia o filho a todo o momento, como poderia o herdeiro do reino não ter fé em Odin? Yngborr Träendil, O Justo! O rei mais respeitado que Hammervrilk já conheceu, nunca perderá uma batalha, sua honra valia mais que seu tesouro, era bravo e determinado. Dele seu filho herdou os cabelos cinza e o senso de dever, mas não teve a mesma sorte com os olhos, infelizmente não herdara do pai os olhos verdes esmeralda, um tanto quanto sobrenaturais, seu rosto era belo apesar do semblante cansando, a pele branca realçava as cicatrizes de batalha que levava em seus braços. E era com essa aparência que ele mantinha o reino em ordem. Mas não importava o que ele dissesse, ou o quanto tentasse explicar ao príncipe que a morte de Lukarr ocorreu para salvar a aldeia, uma vida por centenas, sem aquele sacrifício Valakar não chegaria a tempo de avisa-los, que o deus no final os havia salvado, e que tudo na vida tinha seu preço, nada convenceria ele do contrário, para ele o deus o abandonara, ele perdeu sua fé, e jurou a si mesmo que nunca mais se curvaria aos deuses outra vez.

Antes que Valakar tivesse a chance de contestar seu pai, sua mãe apareceu apressada na sala do trono devido aos gritos, e o interrompeu:

- Valaker meu filho, a não ser que suas próximas palavras sejam um pedido de desculpas é melhor não pronuncia-las – disse a rainha com a voz tranquila porem severa – Não vou tolerar mais a sua falta de respeito para com os Deuses- Valakar tentou responder, mas não teve chance - E já passou da hora de você estar no campo de treino, ande logo,vai atrasar todas as suas tarefas dessa forma! Se continuar assim a única coisa que conseguira numa batalha será ter a cabeça cortada!

Valakar sabia que havia perdido a discussão, não importava o quanto tentasse jamais conseguiria argumentar contra a rainha. Sua mãe lhe repreendia a cada momento, cada pequeno ato que o garoto fazia demonstrando desdem à fé do povo era motivo para irrita-la, desde um revirar de olhos até frases inteiras sobre Odin não se importar com o povo. Normalmente quem conhecia a rainha só tinha uma palavra para descrevê-la: Inescrutável, logo se percebia de onde Valakar havia herdado os olhos negros furiosos, eles eram intimidadores, mas não chegavam nem perto dos quão assustadores podiam ser os de sua mãe, eles emanavam poder, uma mulher poderosa, o centro da família, fora dela que Valakar herdara o senso de proteção, proteger a família era o mais importante.

O pilar da casa era essa a função que sua mãe desempenhava como ninguém, a rainha Lírian Traendil conduzia a família, sua pele branca não era adornada por joias, a única joia que ela usava era uma fina tiara de prata que adornavam as cascatas negras que lhe caiam sobre os ombros como fios de seda, apesar de alguns traços do tempo a terem alcançado ela ainda estava tão bela quanto no dia em que se tornou rainha, mas não foi a beleza que atraiu o rei, mas sim suas habilidades com as armas, Lírian sempre foi uma excelente guerreira, possuía habilidades invejáveis até aos mais poderosos soldados, era rígida e jamais deixaria que seu filho fosse menos que perfeito como um guerreiro.

Valakar deixou o salão com passos duros, umatentativa inútil de demonstrar sua irritação, discutir com os pais, e às vezescom todo mundo que passava, sobre o que ele achava dos deuses e a fé que aspessoas tinham neles já havia se tornado rotina, nada nem ninguém conseguiamudar a opinião dele sobre os deuses, as pessoas temiam que um dia os deuses sevoltassem contra ele e que a desgraça caísse sobre o povo, mas para ele issonão importava, para ele os deuses não se importavam com os mortais, se é queeles existiam, era esse pensamento que mais atormentava o pai de Valakar, comoseu único filho pode chegar ao ponto de duvidar até mesmo da existência dosdeuses? Mas apesar de tudo ele e a rainha sabiam que um dia a fé de seu filhoseria restaurada, o que eles não sabiam era a que preço.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2017 ⏰

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