capítulo 4

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Elisa

Depois que Carla foi embora, eu voltei para a cozinha comer mais um pedaço de bolo com Arthur, aquele bolo é tão gostoso.

- Mãe, não gosto dela. - Escutei meu filho reclamar enquanto tomava seu suco.

- Arthur, não vamos voltar nesse assunto não é? Acabou, chega disso. -O repreendi.

- Papai tá assim por causa dela. -Gritou e saiu correndo para o quarto.

Não entendi o que meu filho quis dizer com isso, o que Carla tem a ver?!

Fiquei perdida nos meus pensamentos, até que Paulo chegou, falando nele, tinha que resolver minha vida, não vou ficar mais aqui passando por essa situação com meu filho. Ainda hoje eu falo com uma prima minha que ele não sabe da existência, não posso continuar aqui com ele, não sei do que ele é capaz de fazer, tomara que ela me ajude.

- O que tem para comer? -Falou todo grosso me pegando pelo braço, o deixando vermelho, todo dia a mesma coisa.

- Eu não almocei em casa. -Disse tentando me soltar dele, mas sabia que era impossível.

- E comeu onde, e com quem? Não quero mulher minha na rua, já basta ir trabalhar. -Pegou no meu rosto, me forçando a olhar ele.

- Almocei no restaurante com nosso filho e é o meu trabalho que bota comida nessa casa e paga as contas, porque você não faz nada, cadê seu dinheiro?. - Gritei com ele, o mesmo me empurrou, fazendo-me cair e bater a cabeça no chão, levantei meio tonta e encarei ele que estava encostado na pia com os braços cruzados.

- Não quero você na rua, nem que seja com nosso filho, mulher casada tem que ficar em casa cozinhando, lavando e passando, cuidando da família. O que eu faço com meu dinheiro não te interessa, deveria saber disso. - Disse acendendo um cigarro me fazendo tossir.

- Família essa que você não cuida né? Nem liga, eu estou cansada de você, cansada dessa vida, eu só estou aqui por causa de Arthur. -Falei segurando as lágrimas que insistiam em cair.

- Olhe como você fala comigo. - Levantou a mão para me acertar, fiquei esperando o tapa até que Arthur gritou da porta.

- Não bate nela pai, deixa minha mãe em paz. -Quando fui ver, já era tarde ele tinha acertado meu filho com um tapa bem forte no seu rostinho pequeno.

- Se não quer que eu bata nela eu bato em você moleque. - Falou pegando-o pelo braço e arrastando para o quarto, fui atrás segurando seu braço e rezando para que ele não fizesse nada, mas não adiantou ele tirou o cinto e eu só ouvi o barulho da cintada nas pernas de Arthur, entrei na frente sentindo minha pele arder e ficar avermelhada, ele deu mais umas cintadas até que cansou e saiu batendo a porta, sentei no chão e puxei meu filho que chorava muito, o botei na cama tentando acalmar ele que chorava e tremia muito.

- Vai ficar tudo bem meu amor, mamãe vai te tirar daqui filho eu te prometo. -Falei chorando baixinho, esperei um tempo até que Arthur dormiu.

Caminhei para meu quarto e fui tomar um banho, enquanto a água caia, fiquei pensando direito no que fazer, tenho uma prima distante éramos muito juntas quando pequenas mas tivemos que nos separar, será que ela me aceitaria por um tempo na sua casa?! Está tão difícil, vou ter que passar na empresa e pedir demissão e resolver as coisas na escola de Arthur, se eu arrumar um lugar para ficar né? Tanto tempo sem falar com ela.

Acabei meu banho e voltei para o quarto de meu filho, tadinho estava com a cara inchada e vermelha de tanto chorar e as perninhas, todas com marca de cinto. Me sinto tão culpada, meu pequeno passando por essa situação, meu coração tá partido.

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