A Herdeira do Tempo - O Desafio dos Deuses

Capítulo 1 - Aulas, cartas e a polícia pede reforços. (No caso, eu)

- VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O TREINAMENTO? – Exclamei, largando os papeis na mesa e encarando Alice perplexa.

- Kristel precisa de férias, sem contar que ontem ela quase esgotou as próprias energias! – Ela disse cruzando os braços. Era junho, caminhávamos para o final do ano letivo, e uma das funções do instituto era instruir jovens sobrenaturais.

(Igual ao Acam...)

(Você não deveria estar aqui, priminha)

(Só queria deixar mais interessante)

(Espere o SEU capítulo)

- Eu não posso deixar esses relatórios parados na minha mesa Alice. Sem contar que Clancy vai voltar aqui hoje à noite! Se eu não ler as cláusulas que ele enviou...

- Você não pode voltar no tempo e fazer tudo? – Ela sugeriu, e ergui uma sobrancelha. Eu conseguia desacelerar o tempo, poucas vezes no mesmo dia. Ainda não tinha controlado totalmente meus poderes e voltar no tempo ainda estava fora de cogitação. – Não posso fazer o treinamento. Tenho uma sessão de fotos a tarde e preciso mostrar a casa que arranjamos para o casal de Mixh que chegou no planeta ontem.

- Papai? Nossa mãe? – Ela negou.

- Eles estão com problemas em NY. Algo sobre assaltos a museus. – Papai havia comentado sobre isso no início do mês, desde o início ele achou estranho. Eles não levavam obras de grande valor, mas armas. Armas do mundo antigo e isso levantava qualquer suspeita.

- Colin?

- Ele não deu sinal depois que viajou para Los Angeles. – Alice suspirou, me suplicando ajuda. – Eles precisam de você.

- Já que não tenho muita escolha. – Falei, me recostando na cadeira. Alice sorriu, agradecendo, então vi seus joelhos fraquejarem, seus olhos reviraram e um segundo depois, estava segurando minha irmã desacordada nos braços. – Ah droga. Outra visão. – Falei, enquanto a arrastava para a poltrona que tinha no escritório. Nossos poderes surgiam com o tempo, mas as visões de Alice surgiram a dois meses e na última semana, só tinha piorado. O que me preocupava, até onde sabia, nossa avó era boa com visões e Alice parecia ter puxado essa parte da família. Mais um dos motivos do qual ela também não poderia fazer o treinamento. As visões vinham e a dominavam, tudo que eu podia fazer era esperar, ou na melhor das hipóteses, tentar visualizar usando minha telepatia.

(Tenho uma amiga que é boa nisso)

(Ainda não é o seu capítulo, priminha)

(Ela realmente é boa telepata)

(Tchaau!)

***

- Esquecido por todos. Abandonado por todos, você não tem mais ninguém nesse mundo, garoto. – Uma voz ecoava no breu. Tudo que eu conseguia ver era um garoto, machucado, ajoelhado e chorando. – Eles te abandonaram do mesmo jeito que me abandonaram. Te rejeitaram do mesmo jeito que me rejeitaram.

- HEY! – Gritei, mas o garoto não me ouvia. A voz parecia ficar mais grave e a ecoar ao nosso redor. A névoa ficou expeça, olhei para meus pés e ela me rodeava. – GAROTO! HEY! OLHA PARA TRÁS! – Ele não me ouvia, e a voz riu.

Então no fundo da minha mente, uma voz leve e calma surgiu.

- Encontre a herdeira... – Era uma voz feminina. – E encontrará sua história.

- Quem é você? – Sussurrei, tentando me livrar da névoa que rodeava ao meu redor. A voz em minha mente desapareceu incluindo a voz na escuridão e o garoto. Quando tudo sessou, meus sentidos foram voltando, e abri os olhos lentamente. Julia estava ajoelhada a minha frente, branca como se tivesse visto um fantasma.