rude | bad-mannered
somewhat obscene, pornographic, offensive🐞
— Você está sendo rude. — Foi o que Jungkook disse quando viu-me pela primeira vez naquele dia, pouco antes de arrancar o cigarro de meus lábios e jogar no quintal da vizinha. Porém, antes mesmo de eu poder reclamar, ele sorriu e bagunçou meu cabelo, como se nos conhecêssemos à anos.
— Obrigado pela parte que me toca. — Eu o disse, antes de receber um curto sorriso como resposta.
Não, não nos conhecíamos. Não éramos colegas, não éramos vizinhos mas nós morávamos juntos.
Jungkook era basicamente o garoto com quem eu tive meu primeiro... selinho. "Acidentalmente", note as aspas, num dos dias de jogos esportivos do colégio, dentro de um dos armários espaçosos do vestiário.
Eu estava fugindo e Jungkook, se escondendo. Era isso que dava ser chamado para todos os jogos consecutivamente.
Os armários podiam ser espaçosos sim mas ainda eram pequenos demais para duas pessoas, quem diria para dois adolescentes crescidos.
A verdade é que Jungkook já era maior que eu e teve que abaixar o olhar para me mandar calar a boca, daquele jeitinho rude que ele fazia.
Nunca me deixava aborrecido.
Não nos conhecíamos mas eu sabia bem do quão introvertido o garoto era, e também sabia dos palavrões que saíam de sua boca quando achava que estava sozinho.
Jungkook, mesmo que aquele armário quente não ajudasse, não estava suado. Ou fedendo.
Ele nem ao menos jogava, sempre chamavam-o porque ele era um calouro bonito e também, porque viram-no acabar com a raça de uns alunos do segundo ano.
Bem, mexeram com um calouro bravo e rancoroso.
Desde então, vejo-o corredor por aí e nunca mais vejo-o. Sequer sabia onde ele se escondia.
Parecia que naquele ponto ele já conhecia o colégio inteiro.
Foi por isso que foi uma surpresa tê-lo a me esmagar naquele dia, fazendo o provável errado em colocar as mãos sobre minha boca.
Diferente do sangue que eu achava que ia sentir, como gosto, eu senti o gosto salgado de sua palma.
Convenhamos, eu sempre achara que ele não tinha a mínima ideia de como controlar sua força. Mas naquele dia, o armário foi o único que sofreu.
Com batidas agressivas dos garotos dos outros anos e as minhas, quando eu me assustava e batia a cabeça.
Jungkook foi rude por rir de mim daquele jeito.
E foi rude segundos depois, ao não se desculpar pelo selinho que me dera.
Eu estava a ponto de gritar, assumo, e nada poderia me fazer calar a boca.
Nada, mas um selinho de Jungkook.
Ele mordeu meus lábios entre os dentes até ouvir a porta do vestiário bater e suspirou, soltando todas as partes de me corpo que segurava para que aquilo desse certo.
Por culpa dele, a gola de minha blusa se esticou como elástico e mesmo depois de milhões de lavagens, não voltou ao normal.
Fora um dia estranho. Não fiz mais do que encará-lo enquanto ele ria, talvez de nervoso, e quando o sino tocou, não nos dissemos nada quando saímos um de cada vez do armário.
Descabelado, com os lábios inchados e um fugitivo Jungkook, peguei uma detenção de meu professor de físicas gerais.
Não fora justo, de qualquer jeito, eu nem ao menos tinha que estar ali naquele dia.