Guilherme narrando..:
Olhei preocupado para a Sophia que parecia ter visto um fantasma. Ela me abraçou do nada e começou a chorar, a apertei no meu peito e deitei com ela, fazendo carinho no seu cabelo para acalma-lá.
Depois de algum tempo ela foi parando de chorar e aquilo já havia me dado agonia.— Agora pode me contar?—-perguntei olhando para o teto do meu quarto. Eram duas e quarenta e cinco da manhã, lá fora estava ventando, o que não é comum no Rio. Ela coçou o nariz e fungou um pouco.
— Eu tive um pesadelo, muito ruim... Com minha mãe.
Não sabia o que dizer a Sophia então preferi ficar calado fazendo carinho no cabelo dela. Eu estava quase pegando no sono novamente, quando a Sophia me chamou.
— Biel, tá acordado ainda? — ela perguntou com uma voz fofa.
— Estou sim. — menti, pois não queria que ela pensasse que estava me incomodando.
— Pode ir comigo no banheiro? — ela pediu meio sem jeito.
— Claro, vamos lá.— me separei dela e levantei, coloquei uma bermuda para esconder o volume que subia toda vez que eu acordada. Passei a mão no cabelo e liguei o abajur da cama. Sophi se sentou e fez uma amarração estranha no cabelo, arrumou o pijama e levantou.
Eu levei ela até a porta do banheiro e fui pra janela da varanda enquanto ela fazia suas necessidades. Estava afim de fumar um Black, só que a Sophia iria sentir o cheiro, mesmo assim fui ao quarto e peguei um dos meus amigos, assim eu chamava os cigarros. Acendi e traguei, foi como a primeira vez a fumaça entrou queimando, mas com o tempo foi relaxando cada um dos meus músculos e o gosto amargo foi se adoçando até ficar um gosto de menta. Ouvir o barulho da porta do banheiro abrindo e me virei a Sophia ficou parada no corredor me olhando.— Vai vir aqui? — perguntei soltando a fumaça de leve. Ela deu uns passos lentos até chegar a mim.
— Você fuma desde quando? — ela perguntou, parando no parapeito da varanda e olhando para o céu.
— Desde o início do ano, mas ninguém aqui sabe a não ser meu irmão e agora você. — olhei pra ela enquanto falava a última parte.— Eu não sou viciado em nada...— me expliquei quando ela me lançou um olhar crítico. — ... Só fumo pra me acalmar e as vezes quando quero pensar. Relaxa os nervos sabe?!
Ela concordou com a cabeça e olhou para o céu. — Vou voltar a deitar na sua cama.
Acho que ela estava mais me avisando do que pedindo permissão, ela foi para o meu quarto assim como havia falado. Terminei de fumar e joguei a guimba no vaso de planta.
Sophia narrando..:
Não conhecia o Gabriel a muito tempo, mas ver ele fumando me deixou pensativa. Quando ele disse que não era um vício e sim pra acalmar, me relaxou um pouco. Mesmo assim ainda penso que talvez ele não tenha notado o seu próprio vício. Avisei a ele que estava voltando para o seu quarto e fui. Não passou nem cinco minutos que havia deitado na cama do Gabriel, quando ouvir a porta abrindo e ele entrando no quarto.
Deitou a cabeça na minha barriga e eu comecei a mexer no cabelo dele fazendo um cafuné, fui sentindo a respiração dele se acalmar e ele acabou dormindo.
Acho que também devo ter dormido porque não me lembro de nada depois disso, acordei as oito horas com um celular fazendo barulho. Gabriel ainda estava enrolado na minha cintura em um aperto forte.— Biel?! — o chamei tentando acordá-lo.
— Hum?!— resmungou.— Seu telefone não para de fazer zoeira.— ele deu uma levantada, pegou o telefone e o desligou deitou na minha barriga e ficou lá. — Sabe que a gente tem que levantar antes que o povo dessa casa chegue né?! — ele resmungou algo que não entendi e foi se levantando.
— Bom dia pra você também, Sophia! — arrumou o short e saiu do quarto sem dizer nada.
Gabriel é todo estranho, deve ter ficado chateado porque acordei ele, ajeitei a cama do Biel e fui no meu quarto arrumar uma roupa mais "comportada ". Acabei escolhendo uma calça mais soltinha e uma camiseta de alças finas, peguei meus produtos de higiene e resolvi ir tomar um banho.Quando sai do meu quarto, dei de cara com um Gabriel distraído e de toalha, acho que ele havia acabado de tomar banho, o que explica as gotas de água molhando o tapete que tinha no corredor. Passei por ele sem dizer nada e entrei no banheiro, tirei toda minha roupa e fui tomar um banho.
Como levei minhas roupas para o banheiro, foi fácil sair vestida e não simplesmente enrolada como o Gabriel, só voltei ao quarto para passar um perfume e pegar meu celular. Graças a Deus a energia tinha voltado de madrugada, por isso já havia várias mensagens do bife em meu celular.
Mensagem On.:
Bife.: Gata, cadê você?
Bife.: Eu decidir dá um passeio no RJ, talvez a gente possa se ver.
Bife.: Sophia já estou ficando preocupado! Se alguém fez algo com você, eu mato a pessoa.
Resolvi que a melhor coisa a se fazer era responder ele, me joguei no sofá e comecei a digitar.
Soph.: Bom dia kk, desculpa te deixar "tão" preocupado. É que a energia aqui caiu durante a noite e meu celular estava perdido por aí.
Tinha acabado de enviar a mensagem e meu celular começou a vibrar sem parar, indicando uma ligação, atendi.
Gabriel narrando.:
Acordei assustado com alguém me chamando, quando percebi era a Sophia pedindo pra desligar o despertador. Depois de desligar o maldito, voltei a dormir e assim que fechei o olho a Sophia fez questão de me lembrar que tínhamos que levantar.
Dei um bom dia com tom sarcástico para ela e saí do quadro, indo direto para o banheiro. Tomei um banho gelado fiz algumas coisas e saí com a toalha enrolada no corpo, parei no meio do caminho pensando no que fazer.
Fui acordado dos meus devaneios pela Sophia passando por mim e entrando no banheiro. Fui para o quarto e vesti uma bermuda, vi que ela havia arrumado minha cama. Coloquei a carteira no bolso e passei um perfume e fui para sala.
Estava descendo os degraus da escada quando escuto a Sophia chamar alguém de "amor", eu continuei espiando a conversa dela. Era o tal do bife, um amigo dela lá do RJ.
Me cansei de ouvi a conversa, então terminei de descer a escada e fui para a cozinha fazer algo pra comer, acabei pegando torradas e um suco natural. Tomei meu café ali mesmo, quando terminei fui no meu quarto pegar o celular e saí pela porta da sala sem ao menos olhar na cara da Sophia.
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Entre vidas
JugendliteraturEu sempre procuro lembrar dos momentos bons que existem aliás, bem vindo ao meu pequeno mundo, onde tudo tem cor de arco íris e o seu sorriso consegue fazer tudo se tornar uma coisa só... Meu querido irmão você mudou tudo apenas com um sorriso e fez...