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Como de costume, poderia dizer que amanhã transcorreu normalmente, mas não. Hoje não.
Estávamos lendo textos na aula de português quando a pedagoga entrou na sala, conversou com a professora, baixinho, e se dirigiu para classe:
- bom dia crianças! Vim comunica-los que um novo aluno integrará a sala de vocês...
Ela mal acabou de falar e os cochichos já começaram. E meu coração errou uma batida e acelerou, o porque eu não sei. A professora gritou para ficarmos quietos e a pedagoga continuou:
- bem, vou manda-lo entrar. Então abriu a porta e chamou o tal aluno novo. E foi então que entendi o porque meu coração reagiu daquela forma. Quando o garoto sorridente, alto e desleixado, de um jeito incrível, cabelos e olhos castanhos-claro entrou, eu sorri, mas queria chorar. Um misto de felicidade e medo tomou conta de mim e eu me vi sem reação! O menino, o tal aluno novo, era Breno! O meu melhor amigo! E por quem eu sou platonicamente apaixonada.
O mundo pareceu parar no instante em que seus olhos encontram os meus. Tudo virou um borrão, parecia que éramos só nos dois ali naquela sala. E sibilou um "oi princesa". Estremeci e senti meus olhos marejarem.
A pedagoga voltou a falar:
- seja bem-vindo Breno! Espero que seja bem recebido. É uma ótima turma, só é um pouco agitada. Qualquer coisa pode vir falar comigo. Boa aula! Obrigada professora! Tchau crianças. Acenou e saiu fechando a porta.
- Bem, Breno. Deve ter visto que q sala é cheia e vai ter que se sentar aqui na frente. Pelo menos por enquanto. Tudo bem? Disse a professora.
- sem problemas! Rumou para a primeira carteira da minha fila, olhou para mim e deu uma piscadela, sorrindo. E se sentou.
A professora retomou a leitura, mas já não prestava atenção. O que eu vou fazer agora? Ele vai perceber que gosto dele! Se é que já não descobriu.
- Amiga! Chamou Alice
- hã? Ah... que foi? Perguntei desatenta.
- é o Breno não é?
- err... é. Sorri nervosamente.
- ele tá te querendo Gi! Disse Ivan, que prestava atenção na nossa conversa.
- ha-ha! Claro! Uhum. Disse com ar de ironia
- Gi! Você devia acreditar em mim! Tô falando ele gosta de você!. Teimou Ivan.
- tá! Vou fingir que acredito. E me virei, mas ouvi a risadinha de cumplicidade de Alice e Ivan.
Mas o que Ivan disse, me deu esperanças. Será que Breno gostava de mim? Isso seria possível? Ivan é um garoto, sabe como eles pensam. Estaria ele com a razão?.
A professora começou a chamada, o que me despertou do devaneio. Depois nos deixou conversar nos minutos que sobrara da aula.
Arabella veio até minha carteira e foi dizendo:
- Amiga! É a tua chance! Você tem que falar com ele! Agora!
- Amiga... eu não consigo! Com certeza vou gaguejar ou falar alguma besteira.
- Giovana Camargo! Você fala com ele há anos! Como pode falar alguma besteira? Ele te conhece! E gosta de você!
- ok! Na hora do recreio eu falo com ele! E não se fala mais nisso! Disse olhando para o meu trio de amigos, que concordaram meio relutantes. O sinal tocou e a professora de física entrou.
E aula transcorreu normalmente, assim como a terceira. Porém, quando o sinal para o intervalo tocou, o nervosismo se apoderou de mim.
Arabella, Alice e Ivan, desceriam na frente, para nos dar "privacidade". Disse que não era necessário, mas não adiantou.
Arrumei meu material e fui em direção à porta. Mas não fui muito longe. Pois, alguém me puxou pelo punho e me envolveu em um abraço. Um abraço tão carinhoso, saudoso, intenso. Eu me senti completa e logo soube quem me abraçara.
Me desvencilhei dos braços de Breno e tentei sorrir. Meu deus! Ele era ainda mais bonito pessoalmente, que em foto! Acho que percebeu alguma coisa e perguntou;
- eai princesa! Feliz em me ver? Sorriu.
- c-claro! Só não esperava por tudo isso. Sorri, baixando os olhos para minha mão. E então me lembrei: eu estava brava com ele. Quer dizer, não estava mais, mas ele não sabia, então disse:
- pera aí! Eu ainda tô brava com você! Fingi estar zangada.
- tá nada! Eu te conheço!... mas se tiver, me desculpa! Sabe que falo as coisas e me arrependo depois. Foi mal. Disse olhando diretamente nos meus olhos.
E de novo o mundo pareceu parar. Eu me perdi naquele olhar. Senti Breno se aproximar, mas não quis quebrar o encanto. Então ele ergueu a mão e a colocou atras da minha cabeça, me segurou pela cintura e... e a razão me acertou e eu disse:
- tu-tudo bem. E-eu te perdôo. Err... vamos descer? Disse desviando o olhar para p chão.
- c-claro. Vamos. Vamos descer.
E por um momento, pensei que ele fosse me beijar, de novo. Mas me abraçou pelo ombro e me acompanhou até o refeitório. Será que ele sentiu alguma coisa? Será que quis me beijar? Ou apenas me pregar uma peça? Incapaz de responder essas respostas, fui pegar meu lanche e me juntei com as meninas, enquanto Breno disse que iria até a diretoria, acertar o resto das coisas de sua transferência. E quando se afastou meu peito doeu.

E se fosse assim?Onde histórias criam vida. Descubra agora