Quatervois

59 3 2
                                    


Charlie

Quando acordamos percebemos que estávamos em uma reserva, não parecia nada fora do normal mas eu sentia uma sensação de mau pressentimento, apesar disso, enrolamos um pouco por ali, porque o tempo estava muito agradável. Diana aproveitou para pegar alguns galhos pequenos e gravetos caso tenhamos que fazer uma fogueira para nos aquecer. Mesmo tendo dormido umas 12 horas eu me sentia exausta, caminhamos um pouco pela reserva e enquanto Di pegava lenha peguei algumas frutinhas que achei por ai e as guardei na mochila para comer mais tarde.

Seguimos por uma rodovia qualquer, dali em diante seriam apenas postos de gasolina pequenos e, ainda mais para frente, não muito longe, zonas rurais. Até parecia facilitar a reconhecer o acampamento. Quer dizer, um lugar quase público no meio de campos deve ser bem notável e ter no mínimo uma placa, certo?

A medida de cada passo, a sensação de mal estar ia aumentando, começara a sentir medo a cada segundo como se todas as células do meu corpo me dissessem "fuja".Minha irmã parecia tranquila, curiosa para saber aonde estávamos indo, mas tranquila. Ao cruzar uma placa de limite de velocidade meu corpo congelou.

-Hey, o que foi ?- Diana perguntou.

Não soube responder, apenas a fitei e respirei fundo.

-Vem, sua medrosa- Di brincou, pegou minha mão e me deu um beijo na bochecha. Sorri e virei para o lado para ela não me ver ruborizar. Estávamos meio perdidas, mas quase não ligávamos. Seguimos por ruas e ruas comendo as frutinhas no caminho, assim matamos o tempo e a fome. Notei que alguns carros (pouquíssimos na verdade) passavam às vezes e cheguei a comentar com a minha irmã. Meia hora depois Diana virou-se e segurou meu braço.

-E se pedíssemos carona?-ela disse.

-Você endoidou. Eu não sei quem está dirigindo o carro, se é um doido ou um maníaco, além disso, nem sabemos aonde esse tal lugar realmente está.

-De carro é mais rápido, é só pedir para ir mais devagar para procuramos- Diana virou meu rosto de frente para o seu, mas logo se afastou um pouco- Vai, por favor, eu sei que você está cansada de andar também.

Suspirei - Talvez sim, mas eu escolho com quem vamos pegar carona, sendo assim!

Di deu de ombros, indiferente. Me sentei na beira da estrada enquanto ela ficou de pé, depois de um tempo começamos a revezar. Em duas horas só passou um carro, e era de um homem que estava bêbado, tinha cheiro de maconha e esparadrapo. Eu nunca iria deixar minha irmã entrar.

Diana ficava mais impaciente a cada segundo e chegou a xingar alto em algum instante. Desistimos, por hora, e ambas sentaram no meio fio. Di deitou a cabeça na minha perna e virou seu rosto para mim, com a outra perna fiquei chutando as pedrinhas igualmente atoa que estavam no asfalto.

-Você acha que esse lugar vai valer a pena?- Diana indagou

-Eu espero, mas temos uma a outra, podemos dar um jeito.

Sorri carinhosamente e comecei a lhe fazer cafuné. Depois de uns 10 minutos, ela estava praticamente dormindo e foi aí que um Fiat Uno, vermelho muito velho, estacionou no outro lado da rua, no acostamento.

Duas mulheres saíram do carro e começaram a brigar, não conseguia entender direito o que elas falavam mas apontavam os dedos e balançavam os braços, irritadas. Diana levantou-se e sorriu, esperando que fosse uma oportunidade. Fui atrás dela.

-Boa tarde!- ela disse, amigavelmente- eu sou Diana e essa é minha irmã. Gostaríamos de saber se poderiam nos dar carona.

Nenhuma das duas lhe deu atenção e continuaram a sibilar palavras entre si. Diana olhou meio irritada, por ter sido ignorada.

Cinese | PJO•HDOOnde histórias criam vida. Descubra agora