[ Andy: Tô saindo de casa agora, daqui a pouco tô passando aí ]
[ Eu: tudo bem, estou esperando :3 ]
Jogo meu celular na cama e vou para de frente do espelho com um rímel em mãos para finalizar a minha make (que só pra constar consiste em lápis, rímel e um batom vermelho fraquinho). Assim que termino, paro de frente ao espelho e começo a me analisar de cima abaixo, até que não estou mal assim. Estou usando um vestido preto de renda, com uma blusa xadrez vermelhas, meia calça e meus velhos all stars de guerra vermelho, com meus agora cabelos recém pintados, avermelhados soltos.Confesso que eu estou um pouquinho nervosa e talvez ansiosa também não sei dizer como eu estou. Mas um pouco supresa por meu pai ter deixado eu sair com um cara, sem a supervisão dele e ainda sendo alguém que já foi motivo de discussão entre nos dois. Andy e eu já fomos namorados a um tempo atrás e bom um dia desses acabamos nos esbarrando na rua. Foi estranho confesso. Não nos falavamos desde a noite em que terminamos. Trocamos algumas palavras e ele me chama para sair, conversar e tals e eu aceitei. Imaginava que meu pai fosse dizer que não, mas até que ele disse que sim sem contestar. O que foi mais estranho ainda, e a minha sensação é que a qualquer momento ele irá aparecer dizendo que tudo isso não passou de uma pegadinha e que eu estou participando de um daqueles quadros idiotas que nós vemos na tv. Ou ele pode estar planejando assassinar o Andy? Hum. Quem sabe.
Mas eu acredito que seja normal, porque sempre fui criada com muitas restrições, e após a separação meu pai ficou mais protetor ainda. Então eu nunca tive muita liberdade para sair por aí até meus 16 anos. Sonhava acordada com o dia em que finalmente teria a minha tão esperada liberdade, criava planos para o futuro e ansiava pelo dia em que finalmente poderia sair com meus amigos, como uma adolescente comum. Aos poucos ele foi me soltando, e fiquei meio com receio, porque por ser algo que esperamos tanto, e na hora não parece verdade, e a verdade é que eu não sabia o que fazer e o que eu ansiava tanto virou meio que um tanto faz pra mim. Mas era bom saber que finalmente ele estava aprendendo a confiar em mim de novo.
Abro meu armário a procura de minha bolsa mas não a encontro. Ótimo! Era só o que me faltava agora. É engraçado como as coisas tem o poder de sumir quando nós mais precisamos delas, é como se houvesse um buraco negro que as sugasse para dentro dele no momento e quando você vai procurar, depois a encontra no lugar que você menos esperava.
Finalmente a encontro depois de muita procura, bem no fundo do armário. Percebo algo embaixo dela, uma caixa preta, com detalhes de caveira e corações em roxo e vermelho de folha EVA com glitter. A pego e me sento no chão frio do meu quarto. Não me lembrava mais dela, mas também de tão escondida que estava. Eu sei nos dias de hoje pode ser uma maneira meio...como posso dizer... Ah, não sei a palavra certa, então vou usar brega, para se guardar recordações em meio a tantos aparelhos digitais e tecnológicos que encontramos hoje em dia, mas sempre fui apegada a coisas físicas, materiais, sabe? E sempre cuidei delas como se fossem meus maiores tesouros.
A abro com cuidado, com medo de que com o tempo que ela ficou guardada, de repente começasse a se despedaçar aos poucos. Ali dentro dessa pequena caixinha estava guardando desde cartas, bilhetes, desenhos, diários antigos, recortes, até CD's, canetas, bottons, chaveiros, pingentes, pulseiras de shows, etc.
Começo a olhar o conteúdo dentro dela e sorrio ao ver algumas fotos minhas com minhas amigas. Em uma delas estávamos todas sujas de chocolate e farinha. Me lembro bem desse dia, estávamos na aula de culinária na qual havíamos nos inscrito e nossa primeira tarefa como iniciantes seria fazer um bolo, o bolo ao menos ficou comestível, mas nós? Ficamos todas sujas e levamos uma baita de uma bronca da Senhorita Morgan, nossa instrutora, e tivemos que limpar tudo.
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Águas Passadas
Fiksi Penggemar" Abro a caixa com cuidado. Meu medo é que com o tempo que ela ficou ali guardada a qualquer momento ela fosse se esfarelar toda. E em seu interior diversas coisas que me trazem boas recordações de coisas que vivi no passado. Havia desde cartas e de...