Capítulo 1

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  • Dedicado a Denise Azevedo
                                    

Cinco anos depois

Respirei fundo antes me olhar no espelho, meus olhos verdes contrastavam com minha pele caramelo, e meus cabelos em um castanho claro, me davam uma aparência mais jovem. Dei um sorriso para o espelho” Menino bonito” disse para o reflexo, dando um leve tapinha em minha bochecha. “Com esse rosto não é atoa que você é considerado símbolo sexual há mais de uma década”, em seguida fiquei admirando meu corpo.  Eu tinha um porte físico invejável que sempre mantinha a custo de muita academia. Siim!! Olhei no espelho eu era realmente uma maravilha da natureza, o homem mais desejado do planeta.Aos 36 anos, eu Rafael Lacerda, ator, produtor, diretor e vencedor de dois Oscars. Realmente estava no auge. Fui até meu closet, peguei uma calça jeans comum e uma camisa preta, me vesti rapidamente, calcei os sapatos, peguei as chaves e corri em direção ao meu carro. Em breve eu teria um encontro com um de meus assessores, eu estava há algum tempo interessado em um novo Best Seller, e queria transformá-lo em filme o quanto antes, sabia que outras produtoras também estavam interessadas, mas tinha certeza que autor não recusaria uma proposta minha.

***

Deus por que estava sendo tão difícil adquirir os direitos do livro que dominava o mercado há quase um ano? O sonho de todo escritor era ver sua obra virando filme, mais ainda, ser dirigido por ninguém, além de mim.

A editora declarou que os direitos da obra não estavam incluídos no contrato. E meu assessor acabara de me informar que; de todos os e-mails enviados para o autor nem um foi respondido.

Thomas me olhou resignado. O último mês foi um total fracasso em descobrir o contato de T.B.Renner, ninguém nunca viu o autor pessoalmente e todos declaravam que ele era avesso a sociedade, vivendo recluso em uma fazenda e se recusando a dar entrevistas ou apresentar sequer uma foto. Thomas chegou a jantar com a agente que cuidava das obras de T.B Renner, a fim de obter mais informações, mas Alicia Paine foi totalmente obtusa em suas respostas, então fui obrigado à eu mesmo me encontrar com ela.  Depois de vários jantares e noites de mornas maratonas sexuais, ”afinal  eu não iria desperdiçar uma mulher bonita” Alicia declarou ser uma intermediaria, podendo me colocar em contato com o agente direto do autor. E que a única coisa que poderia revelar era que T.B.Renner era um pseudônimo usado pelo homem.

E agora estava eu sentado em minha mesa, inconformado com o e-mail que acabara de receber da agente de T.B Renner.

— Ele recusou sua proposta novamente — afirmou Thomas, soltando um suspiro.

— O que há de errado com ele? — Perguntei levantando-me impetuosamente.. — Ele quer mais dinheiro? É isso? — passeis as mãos nos cabelos, e dei um suspiro. — Eu pago o quanto for preciso, desde que seja justo.

Thomas suspirou. Era um homem pequeno, mas tinha uma boa aparência, e sua sagacidade superava qualquer problema de estatura— Precisa ver o e-mail anterior a esse... — Ele pegou seu ipad  acessou e em seguida estendeu em minha direção.

A resposta tinha apenas uma linha:

"Mesmo que Rafael Lacerda peça de joelhos a resposta é não!” V.Braga.

 Olhei para Thomas, e devolvi o ipad sem fazer nem um comentário. V. Braga, eu já  tinha ouvido falar desse nome em algum lugar, mas naquele instante minha mente não conseguia processar de onde eu conhecia.

— Você tentou conversar com ela pessoalmente? — ele balançou a cabeça, indignado — Não?

— Ninguém a conhece. — respondeu com um suspiro

— Não? — repeti incrédulo. Isso era ridículo. Um autor misterioso com uma agente misteriosa que negociava através de uma representante.

— Ninguém nunca a viu.— disse, irritado. — Ela sequer deu um número de telefone para Alicia, todos os contatos são através de e-mail ou correios.

— Mentira! —  me joguei na ca­deira, totalmente incrédulo pelo que acabara de des­cobrir. — Isso só pode ser uma jogada de marketing.

— Pode ser! — murmurou Thomas, frustrado. — A verdade é que várias editoras já tentaram  entrar em contato com o autor a fim de avaliar novos originais e nem uma conseguiu. Isso vale para as produtoras também a resposta da agente é sempre não.

— Quer dizer que ninguém na editora conhece o autor que rendeu milhões  pra eles?

— Exato. — Thomas endireitou-se na ca­deira de couro. — Certamente todos tentaram conhecer T.B. Renner em diversas ocasiões, mas ninguém conseguiu.

Balancei minha cabeça.  Como fechar um contrato com o autor se não conseguíamos falar sequer com o agente literário?!

Peguei meu telefone e disquei alguns números, logo ouvi a voz melosa de Alicia do outro lado.

— Alicia? Tudo bem? —

— Rafael? — perguntou com ansiedade?

— Sim linda sou eu. Preciso que me responda uma coisa —  disse carinhosamente, não poderia dispensá-la ainda Alicia estava sendo de grande ajuda para concluir meus planos.

— Como vocês fazem com as mensagens dos fãs de T.B? En­viam tudo  por e-mail também? —perguntei descaradamente.

Thomas balançou a cabeça inconformado, ele não aprovava o fato de eu dormir com tantas mulheres diferente. Thomas estava casado há mais de 20 anos e se considerava feliz ao lado de sua mulher e filhos. Eu embora viesse de uma família conservadora e muito conhecida no ramo artístico, não acreditava nisso. Para mim mulheres eram um prazer e sexo uma necessidade. Nunca me apeguei a nem uma e tinha motivos para isso. Voltei minha atenção para Alicia do outro lado da linha.

— Sim enviamos os melhores por e-mail, de vez em quando. Os outros descartamos.

— Outros? —   perguntei confuso.

— Com insultos. Ameaças de morte — esclare­ceu. — algumas pessoas não se conformaram com o final do livro.

Eu sabia como funcionava, nem sempre interpretei personagens bons em minha carreira e os fãs muitas vezes confundiam o ator com personagem.

— Obrigado Alicia, talvez eu te ligue essa semana, um jantar? — perguntei um pouco distante.

— Eu adoraria — ela respondeu empolgada do outro lado da linha. Então me dirigi a Thomas. Uma ideia estava se formando em minha cabeça.

— Thomas você tem duas horas para conseguir o contato de V.Braga, ligue para todas editoras, agentes, autores e descubra onde posso encontrá-la, a mulher não pode ter saído do nada.

Eu queria transformar o livro em filme antes dos meus concorrentes, Amor em pecado, era uma estória fantástica e com certeza seria um sucesso. Mas sem a autorização do autor nada seria possível. E eu definitivamente era o tipo que nunca aceitou um não ou negou um desafio.

Duas horas depois Thomas estava com a informação que eu precisava, eu sabia que ele conseguiria, assim como eu Thomas era extremamente competente.

— Rafael o que te faz pensar que eles irão ceder? Jornalistas, apresentadores, e até a editora nunca conseguiu um contato pessoal, eles perderam vários milhões de dólares pelo fato do autor não ter comparecido em feiras e eventos.

— Eu não sou eles, Thomas, não faço os mesmos caminhos. Se eu digo que Amor em Pecado vai virar filme acredite em mim. Peguei o papel que ele estendeu em minha direção, Li, dei um suspiro desanimado, reli novamente, e só então percebi que minha missão seria mais difícil do que eu pensava, não poderia ligar diretamente teria que ser um encontro casual. Tornei a olhar o nome ainda desacreditando. O destino estava realmente brincando comigo. Valentina Braga!

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