1 ano e 6 meses juntos, separados, quase juntos, quase no fim, no meio termo, em cima do muro, na beira do abismo entre o não quero - querendo e o "tanto faz, mas se fizer tá bom demais". 1 ano e 6 meses lutando contra eles, contra nós, nossas vontades e um contra o outro. 1 ano e 6 meses longe, perto, longe querendo estar perto, perto querendo estar mais perto e às vezes perto correndo pra estar longe.
Há 1 ano atras você me decepcionou pela primeira vez, e me surpreendi... demorou até demais. Esperei que não fossemos aguentar um mês sequer juntos, e ficamos por seis longos meses, eu que eu dei a cara á tapa, me desdobrei e fiquei com você, eu fui sua e até senti que você era meu, eu nunca tinha sentido algo com tanta veracidade, eu sentia meu coração em chamas quando você chegava perto, tudo ardia na espera pra te ver, e tudo pegava fogo quando você chegava, éramos nós dois e que se danem as luzes, os postes, as paredes e os sussurros que nos denunciassem, que se danasse quem quisesse nos separar... ali? Éramos nós dois, o jogo não está completo até que o valete se junte a dama.
Me senti segura, protegida, amada. Você me desarmou, e eu fui indefesa deitar no teu ombro, dormi do teu lado e confiei a você meus perrengues, como você me confiou os teus... fomos casal, cúmplices, parceiros, eu fugia pra você como criança que corre pra mãe quando machuca o joelho, e você corria pra mim como rato que foge do gato e vai pra toca se esconder; tudo estava estável, nem uma pluma fora do lugar, sol em janeiro e chuva em junho... junho? Pesadelo.
Eu você e o padroeiro, você tropeçou, e eu tirei meu time de campo... "definitiva" você dizia que eu não dava segunda chance, e tentando se desculpar, me testar, me recuperar só desceu ladeira abaixo, peguei minhas coisas e sumi, voltei pro meu canto. Á cada quilômetro eu deixei um pouco de mim, chorei cada uma das 6 horas de viagem, jurei nunca mais voltar pra você, segui a vida... e em agosto você reacendeu meu coração, o que era faísca virou furacão, eu voltei correndo pra você, recolhi meus pedaços, me fiz inteira pra entregar pra você... entrei em ebulição! Cheguei de madrugada e aproveitei que na minha casa todos dormiam, você me esperou, e de mala e cuia me abraçou, foi o abraço que fez tudo se acalmar dentro de mim, não havia mais magoa, não havia mais nada além de você, eu, a madrugada, minhas malas no chão e seu cheiro de lar.
Passamos três meses juntos, sem promessa, sem pressa, reatados mas nem tanto, juntos mas nem tanto. Você com suas coisas e eu com as minhas formávamos nossas coisas, elas se completavam. Meu trabalho e o seu se batiam a nível de que por obrigação ficamos num quarto o dia inteiro juntos... e estávamos brigados, enquanto a impressora zoava, a água na banheira zoava junto, eram os papéis caindo no chão, e eu e você caindo um no outro.
Você novamente acabou com tudo o que tínhamos construído e eu voltei correndo, chorando, jurando de novo não voltar pra você "nunca mais". Você sempre me acusou por ser decidida, mas não imagina quantas vezes por você quebrei minhas promessas, juras, quebrei laços e objetivos. Você já pensou no meu lado ou ele sempre te foi invisível.
Voltei recuperada no fim do ano, dessa vez você não podia mais me atingir, eu era maior que você e suas garras... ou será que não? Eu não cai por ser fraca ou por ser sua armadilha muito forte, eu poderia desviar, você poderia dar com os burros n'água. Mas eu não quis, eu quis você, não o seu amor, pouco me importava... eu queria você. Porque não importava o mundo lá fora, importava você comigo quando eu quisesse.
Foi assim que eu levei esses seis meses até agora, brigando, reconciliando, te mandando ir embora, ignorando suas ligações, lendo seus textos e sabendo que era papo furado. Eu nunca disse que te amava, mas nunca te demonstrei menos que o maior amor do mundo, você ao contrário... á cada palavra saia uma declaração de amor, mas agia ileso, preso, duro. Quem assume o papel de rocha? Quem assume o papel de insensível? Não, nunca fui eu.
Essa culpa eu não levo. Eu te amei e cuidei pra que você fosse feliz ao meu lado, com os meus feitos, eu era café quando você dava "bom dia" e jantar quando você já ia dormir, eu acreditei na sua verdade, eu fui tudo, só não tinha sido ex, passado, não tinha sido ponto final, não tinha sido guerra, trovão, enchente. Pois agora eu sou.
1 ano e 6 meses depois do seu primeiro erro, coleciono comigo milhões deles, dos menores aos galáticos, você errou comigo pela última vez, e dessa vez não é papo furado. Eu já te ignorei, já te quis, te gostei e te amei, te amei muito e depois mais ainda, te desejei e senti saudades, senti magoa, e agora sinto ódio... não por mim, não se engane, ma baby. Sinto ódio do ser humano ridículo que você é, das atitudes infantis que o homem de 25 anos toma, sinto ódio por você ter me perdido tão fácil, sinto ódio do papel que você interpreta, sinto ódio do seu sorriso sínico, da sua risada forçada, do seu olhar mentiroso, do quão carente e inseguro você é, á nível que precisa ficar se reafirmando por aí, você quer que achem que você é o melhor, o maioral, mas todos eles sabem o quão infeliz, imaturo e broxa você é. Seus amigos falam mal de você pelas suas costas, suas amigas gostam do dinheiro que você joga na mesa pra elas, as mulheres que você fica gostam do status que você ainda tem (do resto dele, vale ressaltar), sua ex gosta do que ela inventou que você era, mas fica sussa... ela já sacou que foi coisa da cabeça dela. Seus filhos são o que você tem, mas eles crescerão e verão o bundão que os fez, tenha dinheiro e dê pensão, é a única coisa que vai segurar eles ao seu lado, e eu? Bom... eu gostava de quem você era, eu te via além de tudo, eu dava desculpas pros seus erros, eu acreditava em você, eu confiava no coração que achava que você tinha, eu era ingênua, já não sou. Boa sorte aí na frente, você vai precisar.
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Alma Solar
PoetryTextos escritos por minha amiga e divulgados por mim. Ela falou: "A sua sorte é que você mora longe". Insta da escritora: @adrielemercess (ela é incrivel) meu insta: @karenluana (aproveitando a deixa pra ganhar likes)