Capítulo 2

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Como aquele primeiro capítulo foi muito pequeno, postando mais um. ;)

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Capítulo 2

Quase dez anos depois

– Tem certeza que seus pais não permitirão que você me acompanhe para Londres para a próxima temporada? – Emily perguntou à amiga, cuja silhueta ela avistava apenas de lado, pois havia uma enorme tela, que Katherine pintava, atrapalhando a visão.

As duas amigas começaram a ter aulas de pintura juntas, por sugestão da mãe de Emily em um dos seus poucos momentos participativos na vida da filha. Mas foi Katherine quem se encantou pela atividade, vendo beleza na mistura das cores.

Hoje em dia, a menina de cabelos castanhos, que se tornara uma jovem encantadora aos 17 anos com feições delicadas e o rosto em formato de coração, fazia quadros de excelente qualidade. Inclusive, já houve quem se interessasse por comprá-los. Embora Katherine, sempre envaidecida quando recebida encomendas, acabasse dispensando o valor monetário.

Para ela o maior valor, e um motivo de imenso orgulho, era saber que seus quadros enfeitariam as residências de outras pessoas. E, quem sabe, alegrariam os novos donos como alegraram um dia a ela na hora de criá-los. Mas Katherine não era apegada a bens materiais, nem mesmo aos seus quadros. Por isso, não fazia questão de guardá-los para si.

– Meus pais não gostaram da ideia de eu acompanhá-la, Emily. – Katherine franziu o rosto, em uma careta. Ela adoraria ir com a amiga. Afinal, a vida no campo às vezes era tão monótona! – Minha mãe deseja que eu seja apresentada à sociedade apenas no ano que vem, aos dezoito anos. Já o meu pai discorda disso. Ele acha uma perda de tempo, e um grande desperdício de dinheiro, passar uma temporada em Londres quando eu já tenho um marido arranjado.

Katherine não pode evitar o desgosto em sua voz ao repetir as palavras de seu pai. Com Emily, sua amiga mais antiga e fiel, ela sentia liberdade de ser ela mesma e de dizer como se sentia.

Bem, não tudo. Ela ainda não tinha a coragem de contar o que realmente achava de James, o seu prometido e futuro conde de Altemberg, o primogênito de um dos melhores amigos do pai da jovem. Sim. Ele era bonito, como Emily mesmo constatara quando ele chegara com a família há alguns dias para uma hospedagem de uma quinzena na casa dela, e Katherine não pôde negar.

Era época de caçadas e os homens sempre costumavam se reunir por lá. Mas não James. Ele estudava, na faculdade de Oxford, e fazia mais de dois anos que Katherine não o via. Não que ela estivesse contando esse tempo. Ela não ligava tanto assim para o seu prometido, queria mesmo era aproveitar o resto da liberdade de que ainda dispunha.

Mas, quando a amiga disse que ela podia se considerar sortuda, pois o "seu" Sr. Altemberg era bonito, ela se limitou a acenar em concordância. Ele era alto, tinha um porte imponente e elegante, mas Katherine achou-o irritantemente garboso. Embora convencido fosse a palavra mais adequada. Mas talvez isso se devesse ao fato de ele não ter dado muita atenção a ela.

A jovem Katherine tinha a consciência de que não se tornara uma jovem desprovida de atrativos, e esperava ver nesse reencontro um pouco mais interesse da parte de seu futuro noivo. O que não aconteceu. Ele foi cortes e educado, mas não se dirigiu a ela de forma mais afetuosa do que fez com Emily, por exemplo. E Katherine considerou isso um despautério.

Por isso, ela não se sentia mais animada por rever o seu noivo, depois de tantos anos, de que se sentira aos oito anos, quando ele acompanhava sua mãe para o chá e ela tinha vontade de chutar suas canelas. Embora, é claro, ela não fizesse isso.

Sob a magia do luar (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora