" I'm loyal and worthy of you"

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Zayn andava pelo enorme apartamento em que vivia com o pai, entediado. Ficava na área nobre da cidade e tinha uma bela vista de sua sacada, mas não era o tipo de beleza a que o garoto prestava atenção.

Na verdade, nem gostava muito de ficar ali, era grande demais, vazio demais...seu pai estava sempre ausente, envolvido com trabalho e com as belas mulheres que tinha sempre aos seus pés.

Zayn era sempre esquecido...

Não lembrava muito da mãe, ela havia partido quando ele era ainda muito pequeno. A única companhia naquela sua fortaleza de solidão era Carmina Brown, a empregada negra, vinda de algum país africano onde passava fome.

Apesar de que a mulher fazia todas as suas vontades (e era bem paga pra isso!), Zayn não era grande fã dela. Talvez por saber que ela havia deixado filhos e marido para trás para vir aos Estados Unidos.

Nenhum filho devia ser abandonado pela mãe...

Abriu seu notebook e estava olhando as redes sociais quando seu pai chegou.

__ Como você está? – ele dizia.

__ Nada mal. – Zayn levantou o rosto e sorriu para o pai.

Yasser o olhou confuso e então apontou o telefone no ouvido. Estava falando com outra pessoa e não com o filho. O menino quase se encolheu por estar sendo ignorado novamente.

__ A eleição foi hoje... – Zayn disse como se não fosse nada importante.

__ Ótimo! – o pai respondeu e ele ainda não sabia se era com ele ou com o telefone. – não, não é com você! Estou falando com meu filho!

Isso esclareceu as coisas para Zayn.

__ Eu ganhei, pai! – disse orgulhoso de si mesmo.

__ Ótimo!

__ Experimentei heroína também! – disse debochado, sabendo que o pai não estava lhe dando atenção de verdade.

__ Fantástico! – o pai disse sem nem olhá-lo e ele bufou. – espere Jill, preciso desligar.

Zayn estava parado lá e olhava o pai inconformado. Yasser enfim desligou e o olhou com cara de culpado.

__ Me desculpe filho, mas Jill foi demitida. – tentou justificar – acho que foi por causa do aumento de peso durante a gravidez! Mas ela era uma garota de ossos grandes. As pessoas gostam de pessoas bonitas. E quem falar o contrário é burro ou feio...nunca se esqueça disso Zayn!

__ Não faço nem ideia de quem possa ser Jill! – o menino riu para esconder a mágoa em sua voz – a última vez em que conversamos por mais de cinco minutos, foi no meu segundo ano no colégio, quando eu disse que tinha câncer no cérebro.

Tinha perdido o pai novamente, porque Yasser estava concentrado em algo no celular. Zayn pegou seu próprio celular e mandou uma mensagem para o pai, mesmo que ele estivesse parado bem na sua frente.

Falou novamente da eleição e Yasser sorriu pra ele, como se aquilo fosse novidade. Quando o garoto achou que finalmente poderiam falar sobre aquilo, o telefone do pai tocou e ele se afastou para atender.

Sozinho e ignorado...novamente!!!

Carmina estava no topo da escada e observava a frustração inconfessada do menino que ela viu crescer. Zayn podia esconder muito bem, mas na verdade ele sempre foi muito solitário.

Vivia cercado de riqueza e suas vontades eram todas prontamente atendidas, mas lhe faltava o mais importante: amor, atenção, limites!

Isso a fez pensar em seus próprios filhos, que ela foi obrigada a deixar para trás para ter ao menos uma oportunidade de lhes dar uma vida digna. Se pudesse, os teria ali, junto dela.

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