Cursed

I Already saw worse

Zayn estava sentado no parapeito de sua janela, observando as luzes de Nova York. Havia tanta beleza naquelas coisas tão simples. Olhou sua pele enrugada e marcada pelos sinais da maldição.

Onde estava sua pele jovem e vistosa?

Por que antes de tudo isso nunca havia prestado atenção de verdade a toda essa beleza ao seu redor?

Era irônico que em seu momento mais "feio" ele finalmente começar a enxergar a beleza que o cerca. A verdadeira beleza!

Coisas simples como a pele achocolatada de Carmina, seus cabelos crespos que são sua herança racial. Zayn sabia que muitos negros eram maltratados apenas por sua cor de pele, assim como ele próprio poderia ser tratado como terrorista nos Estados Unidos apenas por ter descendência mulçumana.

E isso é o tipo de coisa que ninguém escolhe, apenas nascem assim. Agora ele entendia que a aparência realmente não importa, porque ele havia se apegado a Carmina, ela havia se tornado a mulher mais importante em sua vida, confiava nela, a respeitava e recebia esse mesmo respeito em troca.

Não eram patrão e empregada. Eram amigos e ele sabia que o carinho nos olhos dela era verdadeiro. Carmina era linda aos seus olhos.

E tinha Harry. Havia ficado frustrado quando o tutor chegou ali. Era muita audácia de seu pai contratar um tutor cego. E quase uma ofensa que aquele homem fosse tão lindo.

Era como se estivesse esfregando na cara de Zayn o quanto ele era feio e assustador agora. Mas a convivência com o anjo encaracolado o fez enxergar as coisas sob outra perspectiva. A beleza física de Harry era inegável, mas ele se mostrou muito mais do que apenas um rosto bonito.

Harry era engraçado de um jeito peculiar. Algumas de suas piadas eram realmente ridículas, mas ele sabia como provocar risadas em Zayn, sabia como provocar sua capacidade de discernir as coisas. Zayn se viu sendo guiado pela vida por um homem cego e foi como se sua visão tivesse sido finalmente revelada.

Harry estava sempre dizendo que mesmo que Zayn tivesse a visão perfeita, as vezes, era ainda mais cego do que o tutor, porque parecia não enxergar o que estava diante de seus olhos.

Talvez ele tivesse razão... mas as coisas estavam mudando...

Principalmente depois que Liam veio para aquela casa. Zayn ainda não teve coragem de mostrar seu rosto ao garoto. Pelo contrário, estava sempre se esgueirando para não correr o risco de ser visto.

O que era ridículo, considerando que aquela era sua casa. Mas Liam parecia estar baixando as defesas e passando mais tempo com os outros. Zayn não queria estragar isso com sua presença assustadora. Naquele momento ele queria apenas que Liam se sentisse confortável e protegido em sua casa.

Ainda sentado no parapeito de sua janela, lembrou-se da festa de Haloween, quando Liam mencionou algo sobre a morte do romantismo, sobre sentir falta de cartas longas e apaixonadas...ninguém mais escrevia cartas nos dias de hoje. A modernidade e a tecnologia realmente havia matado boa parte do romantismo.

Zayn saltou de onde estava sentado e decidiu que escreveria uma carta longa e apaixonada para Liam...

Na teoria isso parecia algo fácil de fazer, mas na prática aquilo foi um desafio. Zayn não era muito bom com as palavras, quando o assunto era romantismo e essas coisas.

Sempre foi muito direto no que queria, mas quase nunca havia emoção envolvida. Liam despertava um lado dele que nem ele próprio conhecia. O moreno queria proteger o outro garoto, queria poder abraçar e sentir a temperatura do corpo alheio, desejava provar aqueles lábios...desejava ser a razão daquele seu lindo sorriso e o brilho apaixonante de seus olhos achocolatados.