Adeus Élfico

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Ela olhou o horizonte manchado de vermelho enquanto o sol se punha.

Há muito esteve presa á terras maravilhosas de seres tão longínquos e magníficos.

Em sua tão doce beleza pálida quase imortal, renegou sua raça, sua vida, seu poder, entregando-se a única coisa que de fato acreditava naqueles tempos de guerra e terror.

Viveu dias de glórias e alegrias, abraçou em seu próprio ventre a semente, mas sabia que mesmo saindo de seu refúgio mágico, os anos não a tocariam.

E sua beleza pálida quase imortal permaneceu.

Anos e anos se passaram, ao seu lado a única coisa que acreditou naqueles tempos de guerra e terror, envelhecia.

Ela poderia contar sua história através das marcas que o tempo gravava no rosto de seu amado.

Mesmo assim permaneceu.

Seu coração tão límpido e puro se angustiava e o passar de dias e anos se tornavam espinhos em sua alma.

Sentia que não poderia ajuda-lo e, de fato, não podia.

Amou-o como jamais outro humano poderia ter sido amado, deu-lhe tudo o que pode, mas não  pode dar mais tempo.

E então sua doce beleza pálida quase imortal permaneceu, enquanto a única coisa que realmente acreditou naqueles dias de guerra e terror repousou sobre o chão e sob o chão repousará para sempre.

Não chorou — não poderia — o havia amado com sua alma e sabia que a alma dele partia sentindo-se amada — ele estava em paz.

Então sentou-se no trono e olhou ao seu lado.

As lembranças, os ecos de sua voz e o calor sereno de seu toque.

Não, ela não suportaria.

Então, antes que sua doce beleza pálida quase imortal se perdesse, partiu e deixou o reino de seu amor por algum tempo.

Pôs-se a caminhar pelos caminhos não importando quais, somente subiu as colinas, deixar o vento conduzir as lágrimas e olhar o sol se pôr, a noite chegar e entender que era o que era, e ela mesma escolheu seu destino.

Sorriu, pois sua alma não poderia também entristecer, pois também se sentia amada, como elfa nenhuma fora amada anteriormente naquela terra de seres tão mágicos.

Então retornou, beijou seu pingente, o colocou sobre a lápide e seguiu... pois a única coisa em que acreditava naqueles tempos de guerra e terror não havia de fato morrido.

O que realmente acreditava não era no homem, mas no amor que ele carregava, e isso sim, era imortal como sua doce beleza pálida jamais seria.

Leandra Angel

21 de Abril de 2004 

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