- Ei, esse é seu papai, Matt.
Não era Sherlock. Não era John. Era um outro homem: Seu rosto coberto o impedia de sequer tentar reconhecê-lo. Porém, mesmo sem vê-lo, o garoto sabia que não o conhecia.
- Meu papai é Sherlock Holmes.
Risadas. Elas eram tão altas quanto a de alguém que está em um circo; Todavia, tão assustadoras quanto um filme de terror. O peito do menino encheu-se de medo, e isso era extremamente preocupante, porque ninguém conseguia colocar medo naquele Watson-Holmes.
- Onde estão meus pais? - Sua voz soava como se tivesse chorado durante horas.
O coração de Matt pareceu ser esmagado quando viu uma mulher sem rosto aparecer diante de si.
- Nós somos seus pais.
-5-
- Não, não! Vocês não são! Não são!
- Matthew? - Sherlock gritava, tentando despertar seu filho, que murmurava palavras durante seu sono. A maioria delas eram apenas "não". - Vamos, acorde!
Há duas semanas, Matthew tinha pesadelos. Não eram exatamente iguais, mas todos seguiam uma mesma linha: Basicamente pessoas sem rostos afastando-o de Sherlock e de John, alegando que eram seus pais verdadeiros. De principio, o garoto achou que apenas deveria deixar para lá, mas com o tempo temia dormir, o que acabou fazendo Holmes praticamente se mudar para seu quarto.
Desde que era bebê, o garoto se sentia em paz nos braços de seu pai Sherlock. E, com ele por perto, conseguia dormir, ainda que soubesse que pesadelos o esperavam.
Crianças da idade de Matt acreditavam em super heróis, e eram eles que suas mães diziam estar guardando-os para que conseguissem dormir em paz. O super herói de Matthew existia de verdade, porque seu super herói era seu pai. Era Sherlock Holmes. E sempre ficaria em paz enquanto seu super pai estivesse ao seu lado.
- Estou com medo, papai. - Alguns segundos após despertar, o filho abraçou o tronco magro do pai, inalando seu cheiro na tentativa de se acalmar. - Eles não passam. Não passam!
Sherlock sempre fora um pai preocupado. Talvez por isso que seu coração tenha ficado pequeno enquanto abraçava de volta seu mini eu.
- Vai passar, Matt. - Tentou-lhe transmitir conforto com aquelas palavras, mas não tinha certeza de ter alcançado seu objetivo. - Estou aqui com você. Não vou sair daqui nunca.
-+-
Na manhã do outro dia, Londres estava incrivelmente normal, mas, ao mesmo tempo, inigualavelmente estranha.
Era a neve que caía; Era o frio que fazia; Era o violino tocado: Isso tudo fazia o dia estar normal. Mas havia alguma coisa no branco gélido que cobria as ruas; Algo nos ventos que faziam as folhas dançarem; Algo na melancolia dos acordes. Algo que fazia daquilo tudo incomum. Daquilo tudo assustador.
Ao mesmo tempo que Watson-Holmes era tão inteligente, não conseguia abrir os olhos para perceber o motivo de tudo aquilo.
Do outro lado da janela havia uma cortina; Do outro lado do tecido havia um quarto; Do outro lado do quarto, estava um espelho; De frente ao espelho, havia um menino: O peito, tão branco quanto a neve, descoberto; Os olhos, tão azuis quanto o mar, atentos ao seu reflexo. Matthew estava diferente. Havia perguntas que estavam presas na sua cabeça. Sabia não poder respondê-las sozinho. Isso trazia a frustração, que vinha tão rápido quanto ele quando sabia que Mrs Hudson tinha o feito biscoitos; E, ao mesmo passo, impregnava-se e espalhava-se tal qual uma doença. E isso não era nada bom.
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Our Bond - Johnlock
Fiksi PenggemarJohn e Sherlock tiveram um belo e feliz casamento durante cinco anos, e no meio desse tempo, adotaram Matthew, o que foi mais como um presente para as suas vidas do que qualquer coisa. Dois anos passaram-se desde o divórcio, e o filho do ex-casal...