||Capítulo 05||

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"Me encha o saco quando quiser. Você está com o dedo no gatilho, mas o dedo que é o seu gatilho é meu" (Billie Eilish - Copycat)

Estou atrasada, ótimo. Como se isso não fosse suficiente, a moça do balcão de check in ainda fica um bom tempo olhando a foto do meu passaporte, eu sei que ela deve estar se perguntando por que o meu cabelo estava parecendo um arco íris em uma foto para documento, mas era essa ou uma minha com cara de ressaca. Batuco os dedos impacientemente no balcão tentando me convencer de que esganar ela não vai me fazer chegar menos atrasada.

— Aqui, senhorita — a mulher devolve meus documentos e eu respiro fundo e agradeço antes de seguir para o embarque.

Confiro todas as poltronas em busca da minha ignorando os resmungos dos passageiros mais apressados atrás de mim até que vejo Harry em seu assento com caras de poucos amigos.

— Você está atrasada — ele reclama quando me sento.

— O britânico aqui é você, não eu — desdenho com um sorrisinho cínico.

Acomodo-me e pego minha máscara de dormir, deixando-me confortável enquanto ponho os fones de ouvido. Acho que vou ficar com eles a maior parte da viagem já que não tenho assunto com a pessoa ao meu lado.

— Vou ao banheiro — digo depois de um tempo para Harry, que está absorto olhando pela janela. Ele não me olha, apenas assente para mostrar que me ouviu.

Ando direto até o final corredor para chegar ao banheiro que é um cubículo. Nem parece que estamos na primeira classe, quer dizer, temos tanto espaço aqui será que não dava pra fazer um banheiro maior? Suspiro resignada e entro.

Termino de fazer xixi e lavo minhas mãos me encarando no espelho pensando em minha situação, por um momento fecho os olhos e respiro fundo balançando a cabeça para deixar esses pensamentos de lado. Me assusto quando escuto a porta ser aberta. Óbvio que eu me esqueci de travar.

— Tem gente — aviso a pessoa e quando viro de frente dou de cara com Harry e seu sorrisinho traquina encostado à porta. O espaço fica ainda menor com ele aqui.

— O que você está fazendo?

— Pensei que poderíamos conversar, sei lá... Nos conhecer melhor, estabelecer alguma regra se for o caso. Vamos morar juntos por um tempo, pensei que seria legal — ele dá de ombros.

— Dentro do banheiro? — arqueio uma sobrancelha.

Ele sorri e passa a língua no lábio inferior. Impressão minha ou está muito quente aqui de repente?

— É que você estava muito não falativa ao meu lado.

Falativa? Essa palavra nem existe.

— Existe agora.

— Vamos voltar para os nossos assentos — murmuro me desencostando da pia só que isso me faz ficar cara a cara com o peitoral dele. Com toda a confiança que possui, ele se baixa minimamente aproximando o rosto do meu.

— Está com medo, Olívia? — me provoca.

— Até parece. Você pode me encher o saco o quanto quiser, mas eu já conheço esse jogo e sei como ele termina — ralho em resposta tentando desviar dele.

— Ah é? E como termina? — sua voz desce uma oitava enquanto ele se aproxima mais de mim, diminuindo o espaço que já é mínimo entre nós. Afasto meu corpo para trás e ergo minhas mãos para manter alguma distância.

— Tenho certeza que você não vai gostar — respondo firme olhando em seus olhos.

Ficamos em silêncio, muito próximos um ao outro, teimosos demais para sair. Eu não vou dar a ele o gostinho de achar que tem algum efeito sobre mim. A senhora da sorte caba por decidir por os dois. O avião sacoleja e desequilibro para frente, sendo amparada por braços fortes e macios que me seguram pela cintura enquanto apoio as mãos em seus ombros. Posso sentir sua respiração em minha bochecha e ergo os olhos para ver seus rosto que de repente, perde totalmente o ar brincalhão.

Jogada Irresistível {H.S}Onde histórias criam vida. Descubra agora