IMORTAIS

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"Se não retornar para as Deusas, retornará em nós."

Imortal de Ak-ira


Aki-ra caminhava rapidamente pela rua de pedras vazia ao lado do edifício onde realizavam os testes de criação das imortais. A noite estava amena e as estrelas brilhavam em conjunto com as duas luas de Kera. O barulho das pisadas de sua bota misturava-se às poucas vozes que vinham das casas de escravos, que a esta hora eram alimentados para realizarem as rotinas de guerra noturnas.

A rainha andava com as duas mãos atrás do corpo e olhava fixamente à frente. Aquela rua daria na Praça das Flores, nome dado por ela ao grande espaço onde seriam realizadas as futuras cerimônias em comemoração às conquistas que estavam por vir. Conquistas estas, com sucesso garantido graças à ajuda que sua irmã havia oferecido na criação das Imortais.

Um bloco à frente, Ak-ira viu, sob as luzes das enormes tochas, uma fileira de guerreiras perfeitamente alinhadas. O edifício de esquina impedia que ela visse o espaço todo, mas sua respiração se acelerava a cada passo, sem saber o que esperar daquele momento. Foram anos de pesquisa e seu futuro se desenrolara de forma inusitada depois que teve a ideia de criar seu exército. Finalmente todos seus planos estavam prestes a ser postos em prática.

À medida que se aproximava da esquina, outras fileiras de guerreiras tornavam-se visíveis e o cheiro de óleo queimado inundou suas narinas. Não eram todos os dias que a Praça recebia tantos cidadãos. Foram utilizadas centenas de tochas e lamparinas para iluminar aquele ambiente feito com cuidado e dedicação.

As cidades do Reino Da'stis de Möureal eram as mais belas dos reinos do hemisfério sul, e agora, também tinham o mais belo exército de toda a história.

Antes de chegar à praça viu Ar'ginia descer a rua em sua direção. A comandante sorriu e cumprimentou a Rainha:

- Senhora, boa noite. Estão todas prontas.

Com um sorriso, Ak-ira continuou andando e passo reto ao lado da comandante, enquanto dizia:

- Pelo pouco que pude ver, elas são boas em seguir ordens.

Ar'ginia começou a caminhar ao lado da rainha e disse:

- Sim, senhora. São as melhores guerreiras que já treinei. Na verdade, são as primeiras guerreiras, já que trabalhei sempre com homens. É claro que poderíamos esperar mais de mulheres, mas nunca imaginei algo assim.

Ak-ira continuou em frente até que finalmente chegou à esquina da praça e ficou imóvel. Observou o gigantesco espaço a céu aberto, repleto com milhares de guerreiras, todas perfeitamente alinhadas e imóveis. Ar'ginia parou ao seu lado e aguardou.

A rainha respirou fundo e fechou os olhos. Assim que os abriu, disse:

- Consegue sentir isso, Ar'ginia?

A comandante fechou os olhos e moveu a cabeça como se olhasse ao redor em busca de algo, até que respondeu:

- Não sinto nada, senhora. O que seria?

Ak-ira sorriu.

- Poder. Consegue sentir o poder que está em nossas mãos?

Caminhou até a Imortal que estava no canto do batalhão e parou em sua frente. Levantou sua viseira e viu os olhos acinzentados imóveis e atentos de sua guerreira. A armadura era prateada com detalhes na cor roxa e cobria todo o seu corpo, sem deixar nenhuma parte exposta.

Ak-ira passou a mão nas luvas, cotoveleiras, ombreiras. Sentiu a textura do brasão de sua família centralizado no tórax e afastou-se caminhando de costas. Disse:

Rainha das Imortais - Livro 2Where stories live. Discover now