Capítulo 3 - Superar Perdas Nunca Será Fácil.

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Naquela noite não voltei para o meu quarto, mamãe e eu dormimos abraçadas, consolando-nos em silêncio. Na manhã seguinte acordei com a presença do Shr Wills nos observando, ele informou que ambas estávamos bem, mas que minha mãe precisaria se ausentar uma semana do trabalho, isso de certa forma foi um alívio, pois consequentemente o acidente seria mais um motivo para que ela esgotasse suas forças na empresa.
No meio da conversa a enfermeira Shelley acompanhada por uma garota usando um macacão de voluntária entraram no quarto. Ela informou que tínhamos visitas, nas quais se tratava dos meus avós e meus dois melhores amigos.
Todos estavam esperando há horas na recepção pelo horário de visita, mamãe e eu caminhamos até o corredor principal onde os encontramos. Vovó estava aos prantos, parecia cansada e esgotada. Meu avô a abraçava forte e sussurava coisas na tentativa de acalma-la. Andrew estava sentado em uma poltrona, com o rosto entre as mãos, já Clear andava de um lado para o outro, o que era comum quando estava impaciente.
Ao nos avistar todos correram ao nosso encontro, Clear foi a primeira a me alcançar seus longos braços me envolveram, e ela suspirou profundo e pausadamente antes de falar:

- Minha nossa... fiquei tão preocupada. Garota você me deu um susto daqueles! - ela se afastou dando um daqueles sorrisos nervosos. - Não está faltando nenhum pedaço? Deixa eu ver- disse, me olhando dos pés a cabeça.

- Ah, Susan eu sinto muito pela sua perda.- falou Andrew se aproximando e me tomando em seus braços. Sentir sua respiração descontrolada em meu pescoço enquanto ele me apertava ainda mais.

- Oh garotão deixe-a respirar. - disse Clear enquanto me livrava do forte abraço.

Meus avós estavam abraçado em minha mãe.
Vovó se afastou e só então conseguiu falar:

- Querida eu sinto muito. Só ficamos sabendo do acidente ontem a noite, pegamos o carro e chegamos aqui meio dia. Os médicos agora que permitiram nossa visita.- ela me abraçou e beijou meu cabelo.

- Mamãe vocês se arriscaram muito viajando naquele carro velho até aqui. - disse minha mãe diz com tom de repreensão seu semblante estava sério, mas era a preocupação que assolava seus pensamentos.

Todos caminhamos até a sala de visitas e ficamos por horas conversando e esperando para que todas as coisas que encontraram conosco pudessem ser arrumado para enfim voltarmos para casa. Não se passando muito tempo a enfermeira Shelley retornou com a bolsa da minha mãe e alguns papéis que ela tinha assinado na noite anterior, quando já estava se sentindo melhor, meu avô conversou com o médico que estava acompanhando para saber se precisaríamos ficar atentos e se seria necessário comprar remédios, mas ele apenas receitou alguns analgésicos para o caso de mamãe voltasse a sentir dores de cabeça. Depois de encerrar e dá por fim as papeladas e cobrir o custo do hospital, voltamos para casa.

•••

Todos nós acabamos indo na mini van do vovô, Andrew e Clear tinham ido de táxi até o hospital, e eu me neguei a aceitar que eles enfrentasse o frio e as perigosas ruas de Atlanta enquanto esperavam por um carro disponível. Ao chegar em casa estávamos todos famintos, então pedimos uma pizza, a noite ao lado deles acabou me fazendo bem, demos algumas risadas com os questionamentos da vovó sobre aplicativos de comunicação e com as discussões de Andrew e o vovô enquanto jogavam xadrez.

Às 00:30hs um táxi estacionou na frente da minha casa, todos se despediram e eu acompanhei meus amigos até a porta. Clear me abraçou forte e ao me soltar disse carinhosamente:

- Eu Te Amo, estou tão aliviada por está bem, sei que está sofrendo com a perda, mas quero que saiba que eu estou aqui pra você. - então me abraçou outra vez.

- Eu tbm te amo amiga, e obrigada por ter ido me ver no hospital - falei pegando em sua mão com carinho.

- Eu iria até o himalaia pra te ver, você é minha irmã. - ela apertou minha mão e depois a soltou dizendo.- Vamos parar com essa melancolia, amanhã tenho aula e você, trate de descansar bem pra voltar logo, aquilo tá um inferno sem você.

Clear caminhou até o táxi, disse algo para o motorista, baixo o suficiente para que somente ele a ouvisse e depois desapareceu no interior do carro.
Andrew se aproximou com as mãos no bolso da calça, fitando o carro estacionado, seus movimentos denunciavam inquietação, pigarriou e disse:

- Então é isso, você já está em casa. Isso é um alívio - seus olhos castanhos me encararam.

- Sim. Obrigada por tudo, você e a Clear são os melhores amigos que eu poderia ter. - falei colocando a mão em seu ombro.

- Bem... Eu preciso falar uma coisa importante. Desde que você sofreu o acidente, eu.eu...fiquei pensando em como poderia te dizer...- ele passava a mão no cabelo, bagunçando-o. Sua expressão e seus movimentos denunciava um certo nervosismo.

- Andrew diga logo. Aconteceu algo na minha ausência? - falei impaciente com a pausa exagerada.

- Eu não sei como vou dizer, já ensaiei isso várias e várias vezes...- ele se aproximou e olhou fixamente em meus olhos.

Antes que ele pudesse continuar, Clear surgiu na janela do banco de trás.

- Qual é seu problema com encontros e despedidas garoto? Vamos logo, estou cansada quero ter um momento épico com meu travesseiro. -ela resmungou algumas outras coisas antes de voltar para o interior do carro e fechar a janela com impaciência.

- Clear sempre resmungona - falei rindo.

- É. Ela sempre estraga meus momentos...- ele disse diminuindo a distância entre nós.

- Bom. É melhor você ir, ela vai dá um ataque se precisar te chamar outra vez. - digo me aproximando para abraça-lo.

Andrew me beijou no topo da cabeça e ergueu meu rosto para depositar um beijo na bochecha. Seus olhos me encararam por frações de segundos, então ele se afastou e caminhou até o automóvel.
Acenei com mão e esperei que o carro sumisse nas curvas escuras do meu bairro.

Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora