Capítulo 2- As Notícias Nem Sempre São Boas.

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A grama verde reluzia aos raios de sol, o vento suave e fresco da manhã fazia com que os belos cabelos dourados de Seryna voassem, fazendo-a rir descontroladamente, mostrando assim suas covinhas as quais lhe dava um ar infantil. Passeavamos pelo campo de tulipas amarelas, há tempos não ficávamos a sós sem interrupções de amigos ou conhecidos. Seryna estava sempre ocupada com seus deveres de capitã de líder de torcida ou do comitê da escola, então mal nos falávamos durante o dia.
A verdade é que desde que perdemos o papai cada uma criou seu próprio mundo, mamãe se enfiou em vários casos da empresa, minha irmã se jogou em festas, namoros e amizades vazias. E eu escolhi me limitar em companhias, tendo somente dois melhores amigos: Andrew Summer e Clear Miles.
Naquele domingo prometemos desligar os celulares e só curtimos, foi o melhor final de semana que já passamos juntas .

•••

Acordei assustada com um toque, mas me tranquilizei ao ver que era a senhora Shelley medindo minha temperatura, ela estava acompanhada de um senhor de estatura mediana, cabelos e olhos negros que julguei ser o médico do qual ela falara mais cedo. Seus olhos atrás de um óculos transmitiam fadiga e cansaço.

- Está se sentindo bem Senhorita Asher? - ele se aproximou. -Sou o médico que atendeu sua mãe, meu nome é Bennett Willis.

- Sim. Só estou um pouco tonta.- tentei me sentar, mas ainda estava fraca. - Por favor. Me diga como minha mãe, o Shr Karl e a Seryna estão?

A enfermeira Shelley e o Médico se entreolharam e com uma expressão deixaram transparecer que ambos escondiam algo.

- Eles estão bem? Não estão?- Direcionei a pergunta aos dois, mas só o Shr Wills respondeu:

- Sua mãe receberá alta ainda hoje, mas lamento informar que sua irmã e o Shr que as acompanhava, faleceu antes mesmo de chegar aqui.

Simplesmente ignorei todo o resto, não consegui processar nenhuma frase de consolo, tomada por uma onda de pânico, levantei me apoiando na mesa que estava ao lado da cama, segui para o corredor, me desvencilhando de mãos que tentavam me acalmar, adentrei todos os quartos do corredor em busca do quarto onde minha mãe estava, e só então a vi, deitada, enrolada em um edredom, seus soluços eram audíveis então assim como eu, ela acabara de receber a notícia trágica.
Ao me avistar na porta, ela levantou e caminhou até mim. Nos abraçamos e sem dizer nada tentávamos nos consolar.
Sei que nenhuma conseguiria formular uma só frase. Pois a perda é a única coisa que cala os seres humanos, não conseguimos e nem tentamos explicar ou entender, só sentimos, mesmo sem querer, nós só sentimos.

Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora